sábado, 20 de setembro de 2008

NAU POESIA: TECELÃ NATUREZA

Ilustração do quadro "Lírios",
de Vicent Van Gogh
À memória de Vincent Van Gogh

Sobre verdes tons
e sobretons variados
- quase novas cores,
inomináveis matizes –
dispersam, tecendo de renda
o céu cinza choroso
pontilhado de folhas suspensas
e nervuras verde musgo
esgarçadas, harmônicas, delicadas, sutis,
prolongamentos de veias e artérias pardas.

Esse véu delicado,
obra de talentosa tecelã,
levita no ar,
como se lhe cobrisse
os longos e invisíveis cabelos.

"Tecelã natureza" é uma das poesias publicadas no livro "Profano Coração", o de estreia do escritor e jornalista Eduardo Lamas Neiva, com ilustrações belíssimas de Sóter França Júnior. 

Caso queira ler a obra completa, ela está à venda somente na versão digital (ebook) na Amazon do Brasil e de mais 12 países. Clique aqui para saber mais.


Obs.: Esta poesia, publicada originalmente neste blog no dia 20 de setembro de 2008, foi republicada no dia 1º de agosto de 2023

Veja também: 

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

NAU POESIA: NADA MAIS

A rua com suas imensas cicatrizes
O mar com suas estranhas estrias
O céu e suas ranhuras de nuvens
A letra mal rabiscada num papel amassado
O olhar assustado de um rosto feminino, porém selvagem
O arrepio que faz o corpo tremer
O cheiro da chuva no asfalto escaldante
O resvalar de pele num encontro incomum
O rasgo criativo em meio ao lugar comum
O estímulo que vem do cansaço
A revelação involuntária como se fosse oração
Uma fita ao léu em laço
A luz que não pede licença e doura a poeira no chão
O som fluido que levanta pêlos, cabelos
A planta que nasce na brecha do concreto
As curvas do rumo reto
A obsessão por tudo isso, ademais:
Poesia, nada mais.

Esta poesia abre o livro "Profano Coração", de Eduardo Lamas, que está à venda na versão digital. Para adquirir o seu, clique na capa ao lado.