Acho que já disse isso em outra postagem, mas não custa repetir, até porque a sensação só vem se renovando com o passar do tempo. Tenho tido contato direto com trabalhos e artistas maravilhosos das mais diversas áreas (Cinema, Teatro, Música, Artes Plásticas, Literatura, História, Educação, Moda...). Ontem foi mais um dia de viver um momento sublime proporcionado por este trabalho e, melhor, ao lado de minha mulher e dos companheiros e amigos da empresa do bonequinho laranja, que chamo de Xará. E outra vez isso ocorreu num espetáculo da Artesanal Cia. de Teatro.
Márcio Nascimento e o boneco, pai e filho |
Depois de ter visto no ano passado O Gigante Egoísta (baseado em texto de Oscar Wilde), que rendeu posteriormente à companhia oito indicações para o Prêmio Zilka Sallaberry e três conquistas (melhor espetáculo; melhor ator, com Márcio Nascimento, e melhor figurino, de Henrique Gonçalves e Fernanda Sabino), ontem foi a vez de O Homem que Amava Caixas. Ambas abordam o universo infantil, com os habituais e belíssimos cenário e figurinos, incluindo máscaras e bonecos, mas notei uma sutil diferença que pode servir para um ótimo debate.
Enquanto O Gigante toca diretamente as crianças e a criança que existe em cada adulto, creio que O Homem das Caixas, baseado no livro de Stephen Michael King, faz os pais e os filhos que foram ou ainda são se reconhecerem e se transportarem para a delicada história que é contada no palco quase sem palavras. As crianças se encantam, claro, mas são os adultos que mais se emocionam com aquele pai generoso, mas pouco carinhoso, com seu filho tão desejoso desse afago, aconchego de braços e abraços, que demora a vir. Ninguém deve perder este espetáculo, que vai até 22 de junho, sempre aos sábados e domingos, às 17h, no Teatro Glaucio Gill, que fica bem ao lado da estação Cardeal Arcoverde do metrô, em Copacabana.
Bruno Oliveira e Marise Nogueira manuseando os bonecos |
Conexões
Curiosamente na semana passada, mas não tanto por acaso, assisti ao filme "Wilde, o primeiro homem moderno", de Brian Gilbert, com primorosa atuação de Stephen Fry no papel principal. O Gigante Egoísta perpassa todo o filme, com a voz de Wilde (Fry) - ora em off, ora em on - contando a história que criou para os seus dois filhos. História esta que ele, um pai ausente, mas carinhoso, só passa para o papel quando está preso, condenado por atentado ao pudor, já nos últimos anos de vida. E como as conexões não são poucas, o ator me transportou a Zeca Baleiro, que compôs e gravou "Por onde andará Stephen Fry?", que me levou a uma entrevista de 1997 (mesmo ano do filme) entre ambos, que quem se interessar pode ler aqui: http://conteudo.potterish.com/entrevistas-stephen-fry-brazilian-music-uptodate/.
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