Páginas

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

GERALDO, UM ASSOVIO QUE AINDA SE OUVE

Geraldo assoviava para a bola. Foto: Placar
A morte de Geraldo, há exatos 40 anos, marcou profundamente a minha infância. Era ele, ao lado de Zico e Doval, o craque do meu time que mais gostava de ver jogar. Os dois eram amigos e se entendiam em campo maravilhosamente bem. Tanto, que ambos foram logo convocados para a seleção brasileira, pelo então técnico Osvaldo Brandão, que substituiu Zagallo após a campanha apenas regular na Copa de 1974.

Tinha eu apenas 10 anos, completados pouco mais de um mês antes, quando recebi a triste notícia, acho que pela minha mãe, que teria ouvido no rádio. Geraldo, o Assoviador, tinha apenas 22 anos de idade e morreu na mesa de cirurgia para extração das amígdalas.

Na minha memória sempre ficou a corrida cadenciada pelo gingado natural e a cabeça em pé, por pouco precisar olhar para a obediente bola, grudada aos seus pés, especialmente o direito, que invariavelmente só o largava quando ele a mandava com perfeição a um companheiro ou ao gol adversário. O amigo Pintinho, que jogava no Fluminense, tinha um estilo bastante semelhante. Geraldo tinha a elegância de um mestre-sala com a bola a lhe acariciar as chuteiras toda vez que assoviava para ela.

Em pé: Valdir Perez (São Paulo), Chicão (São Paulo), Nelinho (Cruzeiro), Miguel (Fluminense), Amaral (Guarani) e Marinho (Botafogo). Agachados: Flecha (América-RJ), Geraldo (Flamengo), Palhinha (Cruzeiro), Rivelino (Fluminense) e Lula (Internacional). Foto do arquivo da CBF. 
Vejo em pesquisa que ele atuou em sete jogos na seleção, entre 75 e 76, com seis vitórias e apenas uma derrota. Participou das conquistas da Taça Atlântico, Copa Rocca e Taça Oswaldo Cruz, todas em 76. No Flamengo, foram 169 partidas, com 96 vitórias, 40 empates e 33 derrotas. Marcou 13 gols no time rubro-negro, fora os inúmeros passes perfeitos para os companheiros marcarem. No Rubro-Negro, conquistou entre muitos troféus, a Taça Guanabara de 73 e o Campeonato Carioca de 74. Ele estreou em 25 de junho de 1973, na vitória de 1 a 0 sobre o Goiás, em amistoso na Gávea, e se despediu involuntariamente em 4 de agosto de 1976, na derrota de 3 a 0 para o Americano, no Estádio Godofredo Cruz, em Campos, pelo Campeonato Carioca.

Pesquisando um pouco mais, fiquei sabendo que naquele último ano de vida, apesar das grandes atuações, dos muitos elogios feitos pelo técnico da seleção e das seguidas convocações, Geraldo vinha tendo constantes problemas com dirigentes rubro-negros, que já começavam a cogitar, mesmo que sem alarde, a negociá-lo. O que seria uma verdadeira estupidez. Ele já tinha até sido punido por um problema na Bahia, para onde teria sido obrigado a viajar, mesmo machucado. O seu procurador já falava em Olympique de Marselha e Real Madrid, e o Botafogo também teria demonstrado interesse.

Geraldo, Doval (7) e Zico em um jogo no Maracanã. Foto: Sport/MB Media
Essas divergências já faziam parte da torcida contestá-lo, ainda mais depois da perda da Taça Guanabara para o Vasco, nos pênaltis (Geraldo fez o belo gol de empate no tempo normal, mas assim como Zico, que daria a vitória ao Flamengo se marcasse, desperdiçou a sua cobrança). Isso só comprova que desde aquela época a diretoria conseguia manipular alguns integrantes da massa. Na verdade, Geraldo teve algumas dificuldades desde que chegou ao Flamengo, vindo de sua terra natal, a mineira Barão de Cocais, com 16 anos.

Ele teve uma grave doença logo no início, e o clube o ajudou a curá-la. Isso, segundo Geraldo, foi usado várias vezes para tentar enquadrá-lo. Ao mesmo tempo em que se destacava em campo, acumulava problemas com treinadores e dirigentes, fora dele. Por outro lado, era muito querido por companheiros, funcionários do clube e até adversários, como seus amigos Pintinho e Paulo Cézar Caju. Geraldo era irmão de Washington, zagueiro que também jogou no time da Gávea e que é pai do zagueiro português Bruno Alves, um dos integrantes do time campeão da última Eurocopa.

Foi em memória de Geraldo e para arrecadar fundos para ajudar a sua família que o Flamengo enfrentou a seleção brasileira, formada basicamente por jogadores que haviam sido campeões no México, em 70. O jogo foi realizado no dia 6 de outubro de 76, e o time rubro-negro venceu por 2 a 0, gols de Paulinho e Luiz Paulo. Foi a primeira vez que vi meu time jogar de luto. Uma vitória triste. Como bem disse Zico, era uma partida que - apesar do imenso prazer que ele e seus jovens companheiros tiveram de enfrentar Pelé, Jairzinho, Rivelino, Carlos Alberto Torres e companhia - jamais gostaríamos que fosse realizada.



Vídeo: TheBigzaum
Veja também:
Futebol-arte: os maiores jogos de todos os tempos 11
Alguns jogos que faço questão de recordar

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

"O NEGRO CREPÚSCULO" PELO MUNDO

Muitos já sabem, alguns até já compraram nos Estados Unidos e na Inglaterra, mas é sempre bom que mais gente saiba: não é só no Brasil que se pode adquirir "O negro crepúsculo", que está à venda aqui, é só clicar. Nos EUA e diversos outros países, por exemplo, há a opção da Loja Kindle da Amazon.com. Se é o seu caso, clique aqui para comprar o seu.
"O negro crepúsculo" à venda no Japão

Abaixo, passo uma lista de outros países em que você pode comprar o livro, publicado em versão digital para ser lido em qualquer dispositivo (smartphones, tablets e computadores pessoais). É só clicar no país em que você está neste momento que você estará a dois passos de "O negro crepúsculo": 


Avise aos seus amigos que moram no exterior.

Veja também: