Páginas

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A CONVERSA CONTINUA...

Outro dia, tive o prazer de me encontrar por acaso com meu amigo Ecio, um cinéfilo apaixonado por trilhas sonoras para filmes, e na conversa no ônibus, em dado momento, ele disse que concordava com a tese de que tudo o que havia de ser criado (ele se referia a cinema e a música, mas creio que estenderia a outras formas de arte) já foi feito e que nos últimos tempos só há repetições, adaptações, recriações. Na hora assenti, e citamos Shakespeare, Beethoven, Victor Hugo e Chacrinha, o autor da célebre frase “nada se cria, tudo se copia”.

Mas uma conversa nunca termina quando me despeço, ela segue em minha cabeça. Rememoro falas, idéias e pensamentos, angustio-me com algo que poderia ter dito e deixei passar, histórias que comecei ou o interlocutor iniciou e ficou parada no ar, e crio diálogos que não aconteceram, mas que bem poderiam. E o papo só acaba mesmo quando me esqueço dele. Como se vê, ele ainda não acabou.

É que, mesmo já tendo questionado várias vezes o que seria espontâneo hoje nas manifestações artísticas – e esse hoje abrange um período que vai além da metade que conto de vida – não posso, simplesmente não posso e não quero crer que nada mais possa ser efetivamente novo, surpreendente, espontâneo. Porque o dia que eu acreditar nisso, eu paro. E não quero, simplesmente não posso parar. Continuo a busca e enquanto isso vou me salvando de mim mesmo.


Vídeo: Sinfonia número 3 (A Heróica) - Movimentos 3 e 4 - de Beethoven (regida pelo maestro Gustavo Dudamel), com a Orquestra Sinfônica Simon Bolívar.
Veja também:
Para Milton e Nossos Amigos
Antulio Madureira, Mestre de Obras-Primas
Há 40 Anos, o Adeus de Jimi Hendrix

2 comentários:

  1. Edu, é verdade, aquela conversa poderia render muito mais se tivéssemos tempo. E concordo com você. Embora eu suspeite que realmente todas as "grandes obras" artísticas já tenham sido produzidas no passado, e me refiro especialmente ao cinema e à música, não posso e não devo me render às "evidências". Seria melhor a morte a acreditar nisso. E está aí "A Árvore da Vida", de Terrence Malick, para provar que o cinema ainda pode me surpreender. Um filme belíssimo que ressalta a necessidade do amor e do afeto na vida de cada um de nós. Na verdade, não há nada que dê mais sentido à vida do que isso.

    ResponderExcluir
  2. Caro Duda, esse papo rende pelo menis uma "caixa"... Na verdade, conversando com um amigo e assistindo uma partida de futsal, onde comentávamos sobre a vitoriosa carreira de um dos maiores atletas de futsal brasileiro, ofuscado pela mídia, que coloca o Falcão em patamares estratosféricos, com razão. Porém, esquecem de um goleiraço supercampeão que atuou pelo Somov, Vasco, Carlos Barbosa... Falava que esse goleiro era fantástico, apontando para TV, meu amigo então fez um seguinte comentário: "Nada se cria, tudo se copia". Fazendo um trocadilho com o nome do goleiraço em questão, Lavoisier. Célebre químico francês responsável pela divulgação da "Lei de Conservação de Massas" ou "Lei Lavoisier", onde diz: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma".... Sugiro chopp!

    ResponderExcluir