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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O ADEUS DE EUSÉBIO, O PRÍNCIPE NEGRO DO FUTEBOL

Vi na TV na noite desta segunda-feira a emocionante despedida que os torcedores portugueses prepararam para Eusébio, que faleceu ontem, dia 5, e lembrei logo de um texto que escrevi em 2002, poucos dias antes daquela Copa do Mundo na Ásia vencida pela seleção brasileira. Foi um frila que fiz pra um site esportivo sobre alguns dos maiores craques das Copas do Mundo e reproduzo abaixo as linhas que tracei imaginando o craque com a bola nos pés partindo de sua defesa em direção ao ataque com toda a sua força, agilidade e imaginação.

Eusébio, o Príncipe Negro do Futebol

A seleção portuguesa de futebol tem uma história curta em Copas do Mundo. Antes desta que se inicia no próximo dia 31, os portugueses só tiveram duas participações em Mundiais, em 1966 e 1986, esta quando não passou da primeira fase (também não passaria desta etapa em 2002, ficaria em quarto lugar em 2006 e quatro anos atrás, quando reencontraria o Brasil na primeira fase, caiu nas oitavas-de-final diante da Espanha. Este ano irá para a sua sexta Copa). Na primeira vez que foi a um Mundial, porém, deixou uma marca que para sempre será lembrada. E o maior responsável por isso foi um centroavante que conseguia aliar força, agilidade, rapidez e um faro de gol incomum: Eusébio.

Com os nove gols que marcou na surpreendente campanha dos portugueses em 1966, esse moçambicano levou Portugal ao terceiro lugar (melhor posição até hoje), tendo passado entre outras potências pelo Brasil de Pelé, o Rei do Futebol. Depois da Copa da Inglaterra passou a ser chamado de Príncipe, exatamente em alusão ao posto ocupado pelo brasileiro na hierarquia futebolística mundial da época. Ambos, inclusive, foram homenageados antes do início do recente amistoso entre Brasil e Portugal, em Lisboa, que terminou empatado em 1 a 1, entrando em campo abraçados.

Na vitória de 3 a 1 sobre o Brasil, em Liverpool, enquanto Pelé era caçado sem piedade pelos zagueiros Morais e Vicente, que contavam com a complacência do árbitro inglês McCabe, Eusébio decidia a partida com dois gols. Ele ainda comandaria a incrível reação de Portugal na partida contra a Coréia do Norte, que havia despachado a Itália na primeira fase. Naquele jogo, válido pelas quartas-de-final, também disputado na terra dos Beatles, os portugueses chegaram a estar perdendo por 3 a 0, mas o Pantera fez quatro gols, sendo dois de pênalti, e Portugal virou para 5 a 3, classificando-se assim para a semifinal contra os ingleses, que acabariam vencendo por 2 a 1 (gol de Eusébio). Na disputa do terceiro lugar, contra a União Soviética, ele fez mais um de pênalti, e Portugal conquistou a terceira colocação com a vitória de 2 a 1.

O Pantera, como também era chamado, foi descoberto por um brasileiro: Bauer, que atuou no São Paulo e que disputou a Copa do Mundo de 1950 pela seleção brasileira. Foi por indicação do brasileiro que Eusébio foi para o Benfica, após jogar contra ele em um amistoso em Moçambique. Sábio Bauer. Hoje Eusébio, que conquistou nada menos do que dez títulos nacionais pelo time encarnado de Portugal, no qual chegou em 1961, tem uma estátua em sua homenagem em frente ao Estádio da Luz, em Lisboa.

Com a mesma velocidade que imprimia em campo, Eusébio conseguiu escrever seu nome na história das Copas. Pois mesmo com apenas uma participação, conseguiu ser o artilheiro daquele Mundial, e foi eleito pela Fifa um dos dez melhores jogadores de todos os tempos. Ele ganhou a Bola de Ouro de melhor jogador da Europa e foi vice em duas ocasiões.

Eusébio, que começou a jogar aos 15 anos na filial do Sporting de Lisboa, o Sporting de Lourenço Marques, em Moçambique, ainda foi campeão mexicano pelo Monterrey, em 1976, e no fim da carreira atuou em times canadenses e americanos, mas um problema de joelho encerrou sua carreira em 1980 no Beira-Mar, de Portugal.

FICHA DO JOGADOR
Nome: Eusébio da Silva Ferreira
Nascimento: 5/1/1943 em Manfala, Moçambique
Clubes: Sporting de Lourenço Marques (de 1957 a 1961), Benfica (de 1961 a 1975), Toronto Stars (1975), Monterrey (1976), Minuteman (1977), Americans  (1978), Las Vegas Quicksilvers (1979) e Beira Mar (1980).
Títulos: campeão da Copa de Portugal em 1962, 1964, 1968 e 1970, campeão da Copa dos Campeões da Europa em 1962, e campeão português em 1963, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969, 1971, 1972, 1973 e 1975, todos pelo Benfica; e campeão mexicano pelo Monterrey em 1976.
Jogos pela seleção:  64
Gols pela seleção:  41 (nove na Copa do Mundo de 1966)

"Eusébio tinha a força de 20 toneladas. Foi o jogador mais forte que eu já vi jogar", Bobby Robson, ex-jogador e técnico inglês falecido em 2009.



Foto da Federação Portuguesa de Futebol
Vídeo publicado no Youtube por Leonardo David Iriarte.
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