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quinta-feira, 27 de maio de 2021

CONTOS DA BOLA: O TORCEDOR DE VIDEOTEIPE


Com humor e amor, O Torcedor de Videoteipe abre o livro Contos da Bola e, para uma pequena degustação, publico abaixo o início da história deste personagem que foi inspirado num simpático contínuo do Jornal dos Sports, onde o conheci, bem no iniciozinho dos anos 90.

Sujeito pacato e trabalhador, o Djalma. Adorava uma roda de samba, participava de todas, mas sempre discretamente. Era muito querido em todos os lugares por onde passava: na rua em que morava, nos pagodes e no trabalho. Além do samba, Didi, como era carinhosamente chamado pelos amigos e colegas de trabalho, tinha outra paixão: a seleção brasileira. Era um verdadeiro torcedor, mas diferente. Não era daqueles que ficam discutindo escalação, pedindo Fulano, Beltrano e Sicrano no ataque do escrete canarinho, como ele ainda se referia à seleção. Didi era avesso a discussões sobre futebol e, por isso, poucos se davam conta do quanto ele amava a seleção brasileira, muito mais do que o famoso esporte bretão, como os antigos cronistas e narradores se referiam ao futebol. Um caso ainda mais raro, não tinha clube do coração.

Às vésperas da Copa do Mundo de 1994, porém, a sua fama de torcedor fanático se espalhou. A história começou quando ele resolveu comprar uma antena parabólica com o 13º ganho no fim de 1993 para instalar na sua casinha lá em Vila Kennedy. Com muita dificuldade, ele fez a alegria de dona Guiomar, sua esposa, e dos filhos, que tiveram assim mais opções de divertimento. Didi, porém, só ligava a televisão para ver jogos da seleção brasileira, que então se preparava para o Mundial de futebol que se realizaria nos Estados Unidos. Ele pouco sabia dos campeonatos disputados no Brasil, pois, como já dito, não torcia para time algum, muito menos se interessava em ir ao estádio, a não ser que a seleção jogasse. Como jogo do Brasil no Maracanã passou a ser raro naqueles tempos, é fácil deduzir que Didi não ia mais ao Mario Filho com a frequência dos anos 60 e 70, quando quase sempre o escrete se apresentava no então maior estádio do mundo.

A televisão com a antena nova tinha ficado praticamente esquecida por Didi, até que numa noite ele perdeu o sono e resolveu ir à sala para arriscar um canal e ver se passava algo chato que o fizesse perder a insônia. Muda daqui, muda dali, até que ele se deparou com algo muito familiar. Em um canal que ele guardou o número, mas que jamais saberá de que país pertencia a tal emissora, ele viu a seleção canarinho toda perfilada, cantando o Hino Nacional, momentos antes da estreia na Copa do Mundo de 1970, contra a Tchecoslováquia. A partir daí ele não conseguiu mais dormir. Vibrou, chorou, torceu, esperneou, socou o chão e o ar e xingou, tudo isso aos sussurros, gemidos e grunhidos, com o máximo cuidado para não acordar a sua família e a vizinhança.

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