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quinta-feira, 25 de julho de 2013

FILIPE CATTO ENTRE CABELOS, OLHOS, FURACÕES

Pode a máfia internacional do jabá estender seus tentáculos de polvo faminto e impor nas rádios e TVs seus ídolos fabricados para durar pouco mais de algumas quinzenas. Pode os tecnocratas da indústria do entretenimento, em parceria com essa máfia, continuarem a pôr o lucro à frente da criatividade, como bem conta André Midani em seu livro "Música, ídolos e poder. Do vinil ao download". Pode o mercado ser hostil e estrebuchar furioso, pois nem assim vai conseguir impedir que o verdadeiro artista chegue ao seu público e dure na sua memória e em seu coração, passando de geração em geração. Mas para isso, ensina o mesmo Midani na autobiografia, o ser criativo terá de pôr as mãos na criatura ao mesmo tempo fascinante e amedrontadora aos seus olhos: a grana. E, assim, reverter a ordem das prioridades: criatividade primeiro, lucro depois.

Creio plenamente que Filipe Catto esteja fazendo seu dever de casa direitinho. Um imenso talento para cantar e compor ele tem de sobra e tem tudo para eternizar seu nome na História da música brasileira. E, mesmo sem ser tão badalado como alguns apadrinhados (ou, principalmente, algumas apadrinhadas) dos velhos coronéis da nossa música, está conquistando o seu merecido espaço, que - queiram ou não - será ilimitado.



A primeira vez que soube dele foi por intermédio de um grande amigo, e quando ouvi "Roupa do Corpo" achei que se tratasse de um samba antigo, embora a letra fale na primeira pessoa de uma mulher que foge de casa. Fiquei extremamente surpreso e feliz quando pesquisei e soube que Filipe Catto era o autor. Agora, no meu aniversário, ganhei o DVD "Entre Cabelos, Olhos & Furacões" de uma pessoa muitíssimo especial para mim e pude atestar o que já vinha pescando em alguns vídeos no youtube: interpretações inteligentíssimas, com uma sensibilidade diferenciada para tornar sua uma música de outro brilhante compositor, como é o caso de "Ave de Prata", de Zé Ramalho, e que deu nome ao primeiro disco de Elba Ramalho (1979). Para completar, uma banda muito bem entrosada e arranjos muito inspirados e inspiradores.

Vida longa a este grande artista!



Foto de Ricky Scaff.
Vídeos: "Roupa do corpo", de e com Felipe Catto; e "Ave de prata" (Zé Ramalho), com Felipe Catto no programa Ensaio, da TV Cultura.
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8 comentários:

  1. Respostas
    1. Muito obrigado, Yaskara! Aguardo outras visitas e comentários. Volte sempre.

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  2. só o Filipe catto pra cantar com tanto amor e o melhor conseguir nos transmitir toda a emoção que ele sente e que cada frase mostra em cada canção.

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  3. Muito obrigado por sua visita e seu comentário, Filipe, xará do grande cantor e compositor, infelizmente ainda pouco valorizado pela mídia do Rio de Janeiro. Volte sempre!

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  4. Filipe Catto... Até nas palavras "faladas" soam bem nos meus ouvidos...
    Eu particularmente, sou apaixonado por esse gênio da Musica popular Brasileira!
    Um poeta incomparável, comparável talvez... mas que o único na melodia que embala os corações e nas sublimes palavras que me faz viajar... (como se estivesse dentro da canção!) Parabéns pelo texto!

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    1. Muito obrigado, Bruno pela visita e o comentário. Volte sempre!

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