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quinta-feira, 16 de julho de 2020

FLADEMIA

Com um pouco mais de dificuldade do que se supunha, o Flamengo cumpriu a sua obrigação de conquistar o campeonato carioca deste ano, infelizmente num momento em que o futebol não deveria se colocar indiferente à tragédia sanitária e humanitária que abate o país. Mas se o próprio desgoverno federal, comandado por seu chefete, dá de ombros, vê-se claramente que o mau exemplo vem de cima (na verdade vem de baixo, dado o patamar em que se coloca um presidente que sai infectando populares, ministros, secretários e assessores com a sua doença). Não é coincidência, portanto, que o irresponsável do Planalto tenha completo apoio da diretoria rubro-negra.

O poderia financeiro e técnico do Flamengo se impõe no Rio de Janeiro e não há adversários à altura. Na lógica dos fanáticos (e dos devotos do dinheiro) é isto mesmo, não basta suplantar os rivais, é preciso acabar com eles. Seguindo este rumo, o seu próprio fim fica bem mais próximo também, mas fanatizados não enxergam, não ouvem, só falam, gritam. Muito.

Nunca escondi que torço para o Flamengo e não vou ser hipócrita de dizer que não desejava vê-lo novamente campeão. Porém, dadas as circunstâncias (mais de 75 mil mortos pela Covid-19 até ontem, fora as evidentes subnotificações), não tenho como ficar feliz. Desde que o Campeonato Carioca retornou em meio à pandemia, devido à fortíssima pressão dos devotos do dinheiro que comandam o clube da Gávea, não assisti a um jogo sequer, nem à final de ontem à noite, algo que não perderia de jeito algum em outro momento.

Não se iludam, o próximo objetivo rubro-negro será a hegemonia nacional, o que é uma tarefa muito mais difícil, claro. Porém, com apoio de podres poderes público e privado, o clube se tornará ainda mais forte. E o futebol brasileiro continuará seguindo para o ralo. Sem adversários fortes, o Flamengo pode conquistar tudo no país, mas pouco a pouco verá seu império ruir. A não ser que se mude para a Europa. Mas lá o patamar é bem outro, assim como as regras do jogo econômico.

Supremacia muda de lado

Isto posto, recordei-me ontem que quando comecei a acompanhar futebol, o Fluminense era o time com mais títulos cariocas, bem à frente do Flamengo. Em 1973, com 7 anos de idade, ouvi pelo rádio com tristeza a final do Carioca, vencida pelo Tricolor após vitória sobre o meu time, por 4 a 2. Fui às contas e constatei que aquela foi a 21ª conquista do clube das Laranjeiras, contra então 15 do seu maior rival (o Botafogo tinha 12 na época, porque o título de 1907 ainda não havia sido reconhecido, mesmo número do Vasco). Agora, a diferença de 5 taças está a favor do Flamengo (36 a 31), lembrando que quando o time rubro-negro começou a disputar a competição, em 1912, o Tricolor já contava quatro títulos cariocas.

Foto de André Casado
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