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quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

MINHA PRIMEIRA COPA DO MUNDO

A primeira Copa nenhum fã de futebol esquece. Parodiando o bordão de uma velha propaganda de sutiã, um clichê surrado, dou o início a esta peleja (que espero seja) amistosa para falar daquela que foi a Copa do Mundo que assisti quase integralmente pela primeira vez, a de 1974. Quatro anos antes, quando a seleção brasileira apresentou um exuberante futebol e conquistou o tricampeonato mundial, tinha eu de 3 para 4 anos e pouco entendi do que se passava na TV com imagens em preto e branco que tínhamos em casa, embora tenha me metido a fazer comentários na sala para convidados dos meus pais em jogo que não faço a menor idéia de qual foi.

E foi mesmo inesquecível aquele Mundial realizado na Alemanha Ocidental, por diversos motivos, e - ressalte-se - não só para mim, claro. Eu começara a esboçar minha ligação íntima com o futebol em 1973, não só acompanhando meu time do coração, o Flamengo, como já a seleção. Lembro-me bem de ter assistido na casa de um amigo que faria aniversário no dia seguinte ao amistoso em que o Brasil venceu a anfitriã da Copa do ano seguinte, por 1 a 0, em 16 de junho de 1973, com um gol de Dirceu, então ponta-esquerda do Botafogo.

Mas o que me maravilhou mesmo naquela Copa foi um time de laranja, já que Seu Zagallo pôs o Brasil numa retranca tão ferrenha que quase tira a seleção na primeira fase. Não fosse um chute improvável de Valdomiro e o goleirão frangueiro do Zaire... Mas foi Cruyff, Kroll, Neeskens, Rep e cia que fizeram minha cabeça e ajudaram muito a moldar o meu gosto pelo futebol bem jogado, o futebol-arte, aquele que existe porque a vitória não basta. Foi a última revolução do futebol, veja só, há 46 anos, e ela é muito utilizada nos campos de hoje com a tal intensidade de jogo tão repetida pelos professores, masters ou simplesmente técnicos de futebol. Uma pena ter perdido a final, embora os alemães tivessem também grandes craques, como Beckenbauer, Maier, Breitner, Overath e o artilheiro Gerd Müller.

Gerd Muller se prepara para chutar cruzado e fazer o gol que daria o título de 74 à Alemanha Ocidental
Gerd Müller se prepara para bater cruzado e marcar o gol que daria o título de 74 à Alemanha Oc.

Por falar neles, o primeiro jogo daquela Copa que assisti em casa, já em outro bairro da zona norte do Rio, foi a vitória dos donos da casa sobre o Chile, por 1 a 0, num golaço do Breitner. A estreia do Brasil, no dia anterior, contra a Iugoslávia (assim como o segundo, contra a Escócia) vi no colégio ao lado dos meus colegas de turma e de todas as outras do turno vespertino. 

Mas não foram só holandeses e alemães ocidentais que fizeram bonito naquele Mundial. Se a então tricampeã mundial decepcionou muito, apesar de grandes jogadores na equipe (Leão, Luís Pereira, Marinho Chagas, Carpegiani, Paulo César Caju, Jairzinho, com o luxo de ter no banco Nelinho, Ademir da Guia e Leivinha), o mesmo não se pode dizer da Polônia, por exemplo. Lato, autor do gol da vitória na disputa do terceiro lugar contra os brasileiros, Szarmach, Tomasevski, Deyna, Zmuda e outros apresentaram um grande futebol. Suecos e iugoslavos não foram tão mal para suas possibilidades, e os alemães orientais surpreenderam, vencendo os irmãos ocidentais. Aquele Mundial teve um ótimo nível e foi um dos melhores que acompanhei.

A média de gols por jogo foi de 2,55, com o Brasil contribuindo muito para baixar a média, pois fez apenas seis (metade no Zaire) em 7 partidas (média de 0,86). O quarto lugar acabou sendo lucro. Quem  fez pior, entre as seleções mais tradicionais, foram a Itália e o Uruguai, que ficaram na primeira fase.

Aí abaixo selecionei um vídeo entre alguns que existem no YouTube, com todos os gols daquela Copa memorável (observe que a seleção brasileira só aparece marcando em três jogos, pois ficou no 0 a 0 com Iugoslávia e Escócia, nos dois primeiros jogos, e perdeu de 2 a 0 para a Holanda e de 1 a 0 para a Polônia, nos dois últimos). Foi uma Copa com muitos gols bonitos e duas goleadas escandalosas: Iugoslávia 9 x 0 Zaire e Polônia 7 x 0 Haiti. Divirta-se!  


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