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quarta-feira, 27 de abril de 2022

UMA COISA JOGADA COM MÚSICA - CAPÍTULO #13

Leônidas da Silva é carregado por uma multidão ao chegar a São Paulo, em 1942

Carmen Miranda deixou o palco mais uma vez muito aplaudida, Leônidas se despediu do Além da Imaginação à francesa e os 4 amigos retornaram à resenha, mantendo o Diamante Negro no comando do ataque.

João Sem Medo: - Meus amigos, mesmo campeão em 35 pelo Botafogo, depois de ter jogado no Vasco, Leônidas deixou o clube por causa do racismo. E foi parar no Flamengo, onde foi campeão carioca em 39.

Garçom: - É verdade que o Flamengo começou a ganhar mais torcida por causa dele? É o que ouvi falar.

João Sem Medo: - Depois da Copa de 38, principalmente, Leônidas virou até garoto-propaganda de chocolate, cigarro...

Idiota da Objetividade: - Leônidas foi um dos homens mais populares do Brasil na década de 40, dividindo as honras com Orlando Silva, o Cantor das Multidões, e o presidente Getúlio Vargas, conhecido como o Pai dos Pobres.

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Sobrenatural de Almeida: - É, Leônidas ajudou o Flamengo a se tornar popular, mas quando o São Paulo veio ao Rio com um caminhão de dinheiro para contratá-lo, nenhuma viva alma rubro-negra foi se despedir do ídolo na Central do Brasil. Isso foi assombroso.

Ceguinho Torcedor: - Mas na capital paulista foi recebido por uma multidão de filme épico. Até o prefeito o carregou nos ombros. Foi uma festa que parou a cidade.

Idiota da Objetividade: - Leônidas fez o São Paulo conquistar cinco títulos paulistas na década de 40 e começar a rivalizar com Palmeiras e Corinthians, formando o grande Trio de Ferro da Terra da Garoa. O Homem-Borracha, como Leônidas era conhecido também, levou o São Paulo aos títulos paulistas de 43, 45, 46, 48 e 49.

Garçom: - Tem uma música aqui que é perfeita pra ilustrar isso aí.

Zé Ary vai ao notebook do bar, ajeita as caixinhas e seleciona a faixa 5 do álbum "Coração de Cinco Pontas", de Hélio Ziskind.

Todos ouvem com atenção, muitos até aplaudem ao fim da execução da música, apesar de o artista não estar presente ao local.

Ceguinho Torcedor: - Leônidas da Silva foi um gigante do nosso futebol!

Garçom: - Fico curioso pra saber por que ele não defendeu a seleção brasileira na Copa de 50?

João Sem Medo: - O técnico Flavio Costa tinha uns problemas com ele, Zé Ary.

Idiota da Objetividade: - Leônidas da Silva acabou não sendo convocado para a Copa do Mundo de 1950 pelo técnico Flavio Costa, porque ambos  tinham desavenças desde os tempos de Flamengo. Muitos anos mais tarde, Flavio Costa admitiu ao jornalista Andre Ribeiro, que escreveu uma biografia de Leônidas, ter errado ao não convocar o Diamante Negro para o primeiro Mundial de Futebol realizado no Brasil. No ano seguinte, em 1951, encerrou a carreira e foi treinador do São Paulo em 73 jogos.

Sobrenatural de Almeida: - É, mas ele mesmo disse que não se deu bem como treinador, porque tinha um temperamento muito difícil.

Ceguinho Torcedor: - Isso é típico dos gigantes, daqueles que se entregam de alma. E o que me importa são os atos, os sentimentos. É a alma que está em questão.

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Idiota da Objetividade: - Posteriormente foi o primeiro jogador a se tornar comentarista de futebol. O Diamante Negro foi um comentarista de rádio dos mais laureados.

Os outros três: - Laureados, Idiota?

João Sem Medo: - Ele quis dizer premiados, um dos comentaristas mais premiados.

Idiota da Objetividade: - Exatamente. E o hino do São Paulo, embora composto por Porfírio da Paz em 1935, só foi oficializado em 42. Justo quando Leônidas estava chegando por lá.

Músico (do palco): - Tinha uma estrofe que falava do Palmeiras, mas não era o Palestra Itália, e sim a Associação Atlética Palmeiras, que se fundiu ao Paulistano para dar origem ao São Paulo. Pra evitar confusões, Porfírio trocou na última estrofe Palmeiras por Floresta, local onde ficava o clube tricolor, e a letra ficou “Do Floresta também trazes um brilho tradicional” em vez de “Do Palmeiras também trazes um brilho tradicional”. Vamos tocar aqui pra vocês.


Os são-paulinos presentes, muito entusiasmados, cantaram junto com o grupo e fizeram uma grande algazarra no fim da execução do Hino tricolor. Respeitosamente, os demais aplaudem.

Modificado e republicado em 10 de setembro de 2024

Fim do capítulo #13

Esta série é uma homenagem especial a João Saldanha e Nelson Rodrigues e também a Mario Filho e muitos dos artistas da música, da literatura, do futebol e de outras áreas da Cultura do nosso tão maltratado país.
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