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quinta-feira, 16 de março de 2023

MÚSICA PRA VIAGEM: ESTRELADA

Até bem poucos sábados atrás, não havia prestado a devida atenção ao trabalho que Milton Nascimento e Jon Anderson fizeram juntos no início dos anos 90. Como? Não sei. Coisas da vida. Adoro os dois, e juntos, com suas vozes de deuses, eu não deveria ter perdido por tanto tempo. Porém - há sempre um porém que nos põe no rumo certo - assisti a um documentário no YouTube sobre o disco "Relayer", do Yes (eu ainda tenho o LP, acredite!), e sei lá eu por qual motivo, recordei-me deste período em que Milton gravou com Anderson. Talvez a morte de Wayne Shorter, na véspera, e a bela homenagem que vi de Milton lhe prestar no Instagram tenha influenciado. Talvez. Talvez muito.

Então, achei uns vídeos do show que ambos fizeram no icônico Palácio das Artes, em Belo Horizonte, em 1993, que teve, soube só agora, transmissão ao vivo da TV Bandeirantes, mas o som está muito ruim. Então, busquei este vídeo abaixo, que é de arrepiar do início ao fim. A poesia de Marcio Borges é simplesmente um primor ("Os teus homens não têm juízo/ Esqueceram tão grande amor/ Ofereces os teus tesouros/ Mas ninguém dá o teu valor// Terra, Terra, eu sou teu filho/ Como as plantas e os animais/ Só ao teu chão eu me entrego/ Com amor, firmo tua paz") e o arranjo, sublime. Das vozes, já falei e poderia repetir mil vezes. Um milhão de vezes.
  
Como uma coisa puxa a outra, pesquisei a ficha técnica do disco "Angelus", onde foi gravada "Estrelada", em 1993, e vi que Shorter participou com seu sax. E outra voz que procuro sempre ter bem perto do ouvido, Peter Gabriel, também está lá, em "Qualquer coisa haver com o paraíso". Lindo, lindo, lindo! Bom, fiquem com "Estrelada", que vou lá ouvir o disco inteiro, que agora lembro, um amigão, recentemente falecido, um dia teve a generosidade de gravar junto com mais outros muitos de Milton e me dar de presente. Nunca o ouvi inteiro. Como? Não sei. Coisas da vida. Falhas que vamos corrigindo ao longo da vida, porque depois, nem sei. Só vislumbro.

Fica aqui esta homenagem a você Marcito, meu amigo, e estendo a dois outros grandes amigos que também perdi entre setembro e fevereiro, Fernando e Dirley. Fiquem aí ouvindo os anjos no Céu, que ouço os que ainda moram por aqui. É tudo uma coisa só, né? É. É o que pensinto, meus caros amigos. Vocês sabem melhor do que eu. Um dia saberei. Mas quero que demore. Não o nosso reencontro, pois ele se dá - e se dará - toda vez que nos lembrarmos do quanto vivemos juntos, mas de partir daqui. Ainda estou apegado e gosto muito das belezas daqui, como sei que vocês também gostavam. Aliás, gostam ainda, só veem de outro ângulo, outro plano, outras formas. Abração, meus amigos. 

E termino assim, por ora, com a palavra predileta de Milton, no plural.


2 comentários:

  1. Não conhecia esse trabalho de Milton Nascimento com Jon Anderson. Muito bom!!

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    1. É, meu amigo, tenho o CD há anos e nunca parei pra ouvir. Como escrevi no texto, um amigo falecido no fim do ano passado, havia me presenteado. Estou arrumando livros, cds e dvds aqui no escritório nesta semana e este CD vai passar pelas minhas mãos em muito breve novamente e aí vou ouvi-lo com a máxima atenção. Obrigado mais uma vez pela visita e o comentário. Abração.

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