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quinta-feira, 22 de junho de 2023

SELEÇÃO BRASILEIRA, A BAGUNÇA COMO MÉTODO

Por melhor que seja, e é o caso de Carlo Ancelotti, é um absurdo esperar tanto tempo por um treinador para assumir o comando da seleção brasileira. Pelo exposto, além de seis jogos das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, a Copa América inteira de 24 (competição cada vez mais desvalorizada, agora - ao que parece - até pela própria CBF), fora os amistosos, muitos de utilidade próxima a zero, com um interino que, com todo respeito que o Ramon merece, em condições normais de temperatura e pressão precisaria de muitos e muitos anos e muitos e muitos importantes títulos para alcançar tão alto cargo.

Carlo Ancelotti, ainda técnico do Real Madrid
Como bem disse Zico em entrevista a José Carlos Araújo, a CBF já deveria ter começado a se movimentar em busca de um novo técnico assim que Tite anunciou que com qualquer resultado sairia após a Copa do Mundo do Catar. E, assim que a competição se encerrasse, já anunciaria o novo contratado. 

Entretanto, prevaleceu mais uma vez o improviso, o jeitinho, marca registrada - para o bem e para o mal - da nossa cultura, fruto muitas e muitas vezes da nossa eterna desorganização ("a incompetência da América católica" já denunciada musicalmente por Caetano Veloso em "Podres poderes"). Vi e li muitos respeitados comentaristas elogiando a atitude da CBF, argumentando que a entidade está pensando grande ao contratar tão prestigiado e vencedor treinador, que seleção não trabalha com tanta constância e que se pode esperar sem problemas, afinal o Brasil não ganhou Copa do Mundo com o mesmo técnico em todo ciclo após a edição anterior. Discordo veementemente. 

Afinal, é tornar método o que tanto se critica em nosso futebol, desde o início do século passado. Do meu modo de ver é transformar em regra o que circunstancialmente deu resultado (graças principalmente ao imenso talento de nossos jogadores), seja por maus resultados e ou pressão dos mais variados setores. A bagunça como norma parece ser a diretriz de nossos dias nas mais diversas áreas, começando pela politica, claro, sempre ela. Pior, alguns dos muito críticos a tudo isso estão se habituando a ela.

Porém, pensando bem, paradoxalmente a seleção ano após ano tem sido cada vez menos brasileira, com apenas um craque de cabeça fraca desde a década passada. Além de tudo, muito pouco joga por aqui. Então, que se mude de mala e cuia para a Europa de uma vez por todas. Talvez assim aprenda a se organizar um pouco.
  


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