Em meus tempos de torcedor, que durou uns 15 anos entre os anos 70 e 80, cheguei ao exagero de dizer que o Maracanã era a minha segunda casa. Se na frequência eu faltava muito mais do que pretendia, talvez em termos afetivos eu não estivesse tão distante de ter certa razão. Comentei já sobre isso numa outra postagem em que o comparei ao Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB-RJ). Mas voltando ao velho Maraca, aquele que era o maior do mundo, não é, portanto, por acaso que ele tem presença marcante no livro "Contos da Bola". Posso considerá-lo como um personagem em alguns dos 19 contos.
O estádio é apenas citado em "O torcedor de videoteipe", "Um Fla-Flu esquecido no tempo" e "Um torcedor volúvel e azarado" (neste, o Morumbi é que tem a presença mais forte), porém é a locação pulsante, vívida, de "O doido Cornoió", "Outra bolada certeira", "Picolé" e "Paixão de extremos". Nestes quatro contos, que se passam nas arquibancadas do antigo estádio durante jogos que realmente aconteceram, alguns detalhes do próprio Maracanã e das torcidas naqueles tempos em que você poderia ter a companhia de mais de 150 mil, 160 mil pessoas comprimidas e vibrantes, ele se torna mais que um simples local onde se desenrolam as histórias dos respectivos personagens, alguns presentes em mais de um conto.
Em "O doido Cornoió", o jogo retratado é a final do Campeonato Brasileiro de 1980, entre Flamengo e Atlético-MG, e praticamente toda a ação se passa antes da partida começar. O mesmo ocorre em "Outra bolada certeira", ou seja, antes de Brasil 3 x 1 Bolívia, partida realizada em 1981, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 1982, e que garantiu a classificação da seleção de Telê Santana para o Mundial da Espanha.
Dinamite comemora seu gol sobre o Santos em 74 |
Em "Picolé", além do jogo já citado, quando parece que a história já terminou, alguns dos personagens ainda voltam ao Maraca para as decisões do Brasileiro de 74, vencido pelo Vasco, em vitória pra lá de polêmica sobre o Cruzeiro, por 2 a 1, e do Carioca do mesmo ano, em que o empate sem gols deu ao Flamengo o título sobre o time cruz-maltino.
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