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quarta-feira, 11 de maio de 2022

UMA COISA JOGADA COM MÚSICA - CAPÍTULO #15

O goleiro Ramallets olha a bola no fundo das redes num dos dois gols de Ademir Menezes na vitória
de 6 a 1 do Brasil sobre a Espanha, na Copa de 50. Bigode (6) e Friaça (7) também aparecem na foto

Com o fim da música “Pacaembu” nas caixinhas de som, muitos aplausos. Antes que cessassem, Idiota da Objetividade é ligeiro e retoma a pelota.

Idiota da Objetividade: - Além do Pacaembu, também houve partidas no Estádio dos Eucaliptos, em Porto Alegre; no Durival de Brito, em Curitiba; na Ilha do Retiro, no Recife; no Independência, de Belo Horizonte, e, claro, no Maracanã, construído especialmente para aquela Copa, a primeira depois da Segunda Guerra Mundial.

Sobrenatural de Almeida: - Ah, lá no Independência eu aprontei a maior zebra da História: Estados Unidos um, Inglaterra zero.

Idiota da Objetividade: - Mas nenhum dos dois times se classificou para a fase final. A classificada no Grupo 2 foi a Espanha.

Todos (de pé, alegremente, brindando): - “Eeeeeeeeu fui às touradas de Madri, pararatibum-bum-bum, pararatim-bum-bum-bum”!!!

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Enquanto a turma toda canta, dança e batuca a marchinha gravada 12 anos antes por Almirante e a Orquestra Odeon, e que fez muito sucesso em 1949, com Carmen Miranda, a Pequena Notável voltava ao palco, desta vez com João de Barro, o Braguinha, e ambos são muito aplaudidos. O público não para de cantar o refrão de “Touradas em Madri”, até que Braguinha pega o microfone para se dirigir aos presentes.

Braguinha: - Muito obrigado, minha gente. Naquele dia eu chorei na arquibancada do Maracanã. Chorei de emoção. E se vocês não pararem eu vou chorar novamente.

Todos riem e o aplaudem. A música começa e todo mundo em pé canta e dança junto com Carmen Miranda e Braguinha. Uma festa completa.

Ao fim, a ovação é enorme. Carmen Miranda e Braguinha deixam o palco, sendo cumprimentados e cumprimentando quem estivesse pela frente. Zé Ary se apressa e anuncia.

Garçom: - Vou localizar aqui no nosso rádio do tempo a narração do Antônio Cordeiro, da Rádio Nacional, justamente naqueles minutos finais de Brasil e Espanha. Dá pra ouvir um pouco o público cantando ao fundo.

Ceguinho Torcedor: - Agora o Braguinha vai chorar lágrimas de esguicho!

Garçom: - Achei! Aqui está!

 

Todos ficam emocionados, o público aplaude, volta a cantar, e Braguinha chora copiosamente de novo, como se estivesse outra vez na arquibancada do Maracanã. É abraçado por amigos e louvado por todos:

“Braguinha, Braguinha, Braguinha...”

Ceguinho Torcedor: - Que dia, que espetáculo, que goleada, que maravilha aquele povo todo no Maracanã cantando e a seleção dando um baile na Espanha...

João Sem Medo: - Um dia muito especial pro nosso futebol, sem dúvida alguma.

Músico (no palco): - E pra nossa música também, seu João.

João Sem Medo e os demais concordam. Após a euforia, alguns devem ter se lembrado do que ocorreu no jogo seguinte e se aquietaram. Zé Ary não deixou a bola cair e pediu que os amigos seguissem em frente no bate-papo.

Veja também:
Memórias da geral do Maracanã
Maracanã, um personagem de "Contos da Bola"

Idiota da Objetividade: - Esse jogo contra a Espanha foi o segundo da seleção brasileira na fase final da Copa do Mundo de 1950. No primeiro jogo, uma goleada ainda maior: 7 a 1 sobre a Suécia.

Sobrenatural de Almeida: - No dia em que a seleção brasileira derrotou a Espanha por 6 a 1, tinha de 152 mil pagantes no Maracanã. Pagantes e delirantes. Assombroso! (dá sua risada medonha)

João Sem Medo: - Tinha muito mais gente. Umas duzentas mil. Tinha gente saindo pelo ladrão.

Todos concordam. Houve quem dissesse: “Muito mais até!”

Modificado e republicado em 11 de setembro de 2024.

Fim do Capítulo #15

Esta série é uma homenagem especial a João Saldanha e Nelson Rodrigues e também a Mario Filho e muitos dos artistas da música, da literatura, do futebol e de outras áreas da Cultura do nosso tão maltratado país.
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2 comentários:

  1. Entre ficção e realidade, belas reminiscências...

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    1. Além de música e futebol, esta é outra tabelinha que também gosto muito, meu amigo. E foi uma descoberta natural, que só depois percebi. Obrigado mais uma vez pelo apoio, volte sempre. Abração

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