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quarta-feira, 5 de julho de 2023

LEIS DO RELATIVISMO

E cá estamos nós mudando pouco para nada mudar. No fim e no fundo de tudo dessa diária e insana guerrilha político-social, oportunistas e fanatizados de direita relativizam as tiranias mais sangrentas de direita, e oportunistas e fanatizados de esquerda relativizam as tiranias mais sangrentas de esquerda. Todos, repletos de emoções, a querer deter a razão, porque ela só pertence a eles, os do lado de lá estão no reflexo do espelho, embora ninguém perceba ou vire a cara para não ver. Eis as leis do relativismo.

Olhar-se, perceber-se, sentir-se, questionar-se? Jamais, em tempo algum. Sartre já dizia, virou até clichê, muito mais por ser tão pouco ou mal praticado: "O inferno são os outros".

E seguimos rastejando como sociedade, moribunda, malfazeja e andrajosa, com a gritaria na ordem do dia, da tarde, da noite e da madrugada, quando o quase silêncio permite que se propaguem com mais facilidade as suas mini e maxi certezas embriagadamente (não necessariamente de entorpecentes ou álcool, há drogas de todos os tipos para mentes e corações fragilizados e ingênuos, mesmo que travestidos de fortes e antenados). 

O mundo, em particular aqui mesmo onde vivemos, vai assim se tornando uma incomensurável rede social emaranhada de gente cega, surda e tagarela. Uma lástima completa. 

"A spider wanders aimlessly within the warmth of a shadow
Not the regal creature of border caves
But the poor, misguided, directionless familiar
Of some obscure Scottish poet"
(Bitter suite, de Derek William Dick, mais conhecido como Fish)

"Que grande sombra
nos impede de ver,
Que grande força
nos impele a obedecer,
Que gigantesca teia
nos aprisiona
sem que se possa perceber?"
(A teia, de Eduardo Lamas Neiva)


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