E cá estamos nós mudando pouco para nada mudar. No fim e no fundo de tudo dessa diária e insana guerrilha político-social, oportunistas e fanatizados de direita relativizam as tiranias mais sangrentas de direita, e oportunistas e fanatizados de esquerda relativizam as tiranias mais sangrentas de esquerda. Todos, repletos de emoções, a querer deter a razão, porque ela só pertence a eles, os do lado de lá estão no reflexo do espelho, embora ninguém perceba ou vire a cara para não ver. Eis as leis do relativismo.
Olhar-se, perceber-se, sentir-se, questionar-se? Jamais, em tempo algum. Sartre já dizia, virou até clichê, muito mais por ser tão pouco ou mal praticado: "O inferno são os outros".
E seguimos rastejando como sociedade, moribunda, malfazeja e andrajosa, com a gritaria na ordem do dia, da tarde, da noite e da madrugada, quando o quase silêncio permite que se propaguem com mais facilidade as suas mini e maxi certezas embriagadamente (não necessariamente de entorpecentes ou álcool, há drogas de todos os tipos para mentes e corações fragilizados e ingênuos, mesmo que travestidos de fortes e antenados).
O mundo, em particular aqui mesmo onde vivemos, vai assim se tornando uma incomensurável rede social emaranhada de gente cega, surda e tagarela. Uma lástima completa.
nos impede de ver,
Que grande força
nos impele a obedecer,
Que gigantesca teia
nos aprisiona
sem que se possa perceber?"
(A teia, de Eduardo Lamas Neiva)
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