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domingo, 28 de agosto de 2022

MÚSICA PRA VIAGEM: LAMENTO SERTANEJO

Talvez a característica mais marcante da Música Popular Brasileira seja a capacidade de seus maiores artistas unir a simplicidade com a sofisticação. E creio que, dentre tantas e tantas e tantas, "Lamento Sertanejo", composição de dois grandes representantes da nossa Arte, Gilberto Gil e o saudoso Dominguinhos, seja uma das mais significativas, embora não esteja no hall dos grandes sucessos, das músicas mais tocadas e pedidas nas rádios de antigamente e, muito menos, nas de hoje.

A linha melódica deste lamento é de uma beleza arrepiante, daquelas que são perfeitamente adornadas pela poesia. E fazem os olhos se encherem d'água. Essa saudade de um sertão, que é o silêncio, a timidez, o interior, o voltar a si mesmo, este sertão que existe em quem mesmo nunca o visitou no Brasil - meu caso -, mas o carrega dentro de si, pois que de securas e inundações vivemos todos nós, encerra muitas filosofias, quiçá todas e seja única.

Na gravação abaixo, com os dois autores desta obra-prima, Dominguinhos demonstra toda a sua habilidade para ser virtuose e popular. O convite ao forró na parte final, com o auxílio luxuoso dos demais músicos, nos mostra que este retorno ao sertão, à casa, pode - e deve - ser feita com muita festa, dança, alegria, plenitude. Afinal, os verdadeiros deuses são os que dançam. 

Curta abaixo esta beleza, do DVD apropriadamente chamado de Fé na Festa.


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sexta-feira, 26 de agosto de 2022

LAMASCAST NO YOUTUBE E A POSSIBILIDADE DE MAIS NOVIDADES

A partir de hoje vou, pouco a pouco, publicar no meu canal do YouTube, todos os episódios do LamasCast, que primeiramente fiz sozinho no Soundcloud, posteriormente no Anchor, onde pude contar em vários deles com a edição, arte e publicação no jornal Portal do meu amigo Ricardo Malize. Minha intenção é começar um novo movimento no canal e com mais gente inscrita, trazer algumas novidades, uma delas pode ser a volta do Lamas na Área, que surgiu na Copa do Mundo de 2018, mas não só. Tudo vai depender da adesão ao canal e aproveito para fazer este convite a você: inscreva-se no canal Eduardo Lamas Neiva, ative o sininho para saber das novidades que agradecerei muito. Para isso, clique aqui.

O primeiro episódio do LamasCast foi ao ar no dia 30 de abril de 2019, quando ainda morava no Rio de Janeiro. Teve como tema Sequidão, nome de uma poesia para a qual criei uma melodia. Clique aqui para ouvir. Espero que você goste, possa chamar mais gente para este episódio e também se inscrever no canal. Agradeço desde já a sua atenção e o apoio ao meu trabalho.


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domingo, 21 de agosto de 2022

MÚSICA PRA VIAGEM: O CAÇADOR DE ESMERALDAS

Esta música foi paixão à primeira audição. Sou fã de longa data de João Bosco, assisti a um show dele no Canecão, no Rio de Janeiro, nos anos 90, mas confesso que não sou muito assíduo na sua obra - ou não tanto quanto eu acredito que deveria toda vez que o ouço. Creio que isso se deva ao fato de ele ter sido muito gravado por outros grandes artistas, como Elis Regina, por exemplo, e era por intermédio deles que mais frequentava suas músicas, principalmente as composições extraordinárias com Aldir Blanc. E "O Caçador de esmeraldas", obra-prima desta dupla genial da História da Música brasileira, me veio por intermédio de uma coletânea que ainda tenho em CD, a mesma cuja capa ilustra o vídeo abaixo, e chapei. Ouvi a versão com Elis e considero esta, com João, bem superior.

E por quê, pode estar se perguntando você agora que me lê e me acusando de heresia musical? O violão hipnotizante de João e o arranjo. Senhoras e senhores, que arranjo excepcional! Ouvindo a música com atenção, se puder com um bom fone de ouvido melhor ainda, eu me sinto dentro da mata acompanhando os passos do bandeirante Fernão Dias Pais Leme, o Caçador de Esmeraldas. A maestria de Aldir ao juntar poesia e História (escondida) do Brasil é por demais conhecida e aqui ela também se destaca, embora não tenha a mesma fama do Navegante Negro, o Mestre-Sala dos Mares João Cândido, líder da Revolta da Chibata. 

Em algum momento "O Mestre-Sala dos Mares" aparecerá por aqui também, mas agora viaje pelas matas ancestrais deste país, com "O caçador de esmeraldas".


domingo, 14 de agosto de 2022

MÚSICA PRA VIAGEM: INDIAN ROPE MAN

Volta e meia enalteço o YouTube por proporcionar a mim e a qualquer pessoa que tenha interesse, momentos espetaculares da TV e do cinema que não pudemos assistir na época em que foram veiculados ou para rever o que já tínhamos visto. Isso nas mais variadas áreas de atuação do ser humano, seja na Arte, na Cultura, no Esporte, na Ciência, Política etc. Pois bem, há bem pouco tempo o YouTube me revelou uma novidade do início dos anos 70, o grupo alemão Frumpy, que nunca tinha ouvido falar, cantar, tocar. E foi só botar os fones no ouvido e apertar o play para perceber toda a qualidade da banda, em especial a cantora Inga Rumpf, que ainda está em plena e maravilhosa atividade, aos 76 anos de idade (veja aqui e aqui).

A banda nasceu em Hamburgo e é um dos representantes do krautrock alemão dos anos 70. Durou pouco tempo, de 1970 a 72, e depois teve um retorno entre 1990 e 95, mas a fase que me despertou o maior interesse foi o primeiro, com hard rock, rock progressivo e um vocal de arrepiar. A formação inicial tinha, além de Inga, o baterista Caster Bohn, o baixista Karl-Heinz Schott, o tecladista francês Jean-Jacques Kravetz e o guitarrista Rainer Baumann.

"Indian Rope Man", de Richie Havens (a versão dele também merece ser ouvida, clique aqui), J. Price e M. Roth, é apenas uma das muitas músicas gravadas pelo grupo que eu poderia escolher para fazer parte desta série, mas é ela que vai abaixo, com a banda em ação para que você concorde ou não comigo. Para mim foi uma espetacular revelação. Antes tarde do que nunca. 

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domingo, 7 de agosto de 2022

MÚSICA PRA VIAGEM: CROSS-EYED MARY

Embora seja muito fã do Jethro Tull e "Cross-Eyed Mary" tenha sido gravada no disco mais conhecido deste grupo inglês, "Aqualung", de 1971, eu a ouvi pela primeira vez com outra banda inglesa, o Iron Maiden, gravada num compacto que tinha "The Trooper" no lado A. Não sei bem a razão (Freud explica?), mas ela voltou à minha memória há poucos dias e resolvi incluir aqui com os dois grupos.

A letra, de Ian Anderson, cantor, flautista e violonista do Jethro Tull, conta a história de Maria Caolha (ou vesga), uma colegial prostituta que prefere a companhia de grisalhos tarados ("leching greys") e ricos do que a de seus colegas de escola. Bruce Dickinson, cantor do Iron Maiden, diversas vezes se declarou fã do Jethro Tull, e já fez um concerto com Ian em 2011, na Catedral de Canterbury, na Inglaterra. E prometem outro encontro num projeto proposto por Bruce no fim do ano passado. Tomara que dê certo e pinte por aqui.

Bom, vamos então ouvir as duas versões da Maria Caolha? Na verdade três, pois decidi incluir uma ao vivo também do Jethro Tull. Espero que curtam!