A notícia do falecimento de
Mário Jorge Lobo Zagallo é o assunto deste sábado. E, apesar de gigantesca concorrência na mídia e nas redes sociais, não posso deixar de fazer um texto em homenagem ao maior vencedor de Copas do Mundo da História do futebol e publicá-lo aqui. Embora tenha diversas divergências com a forma como ele conduziu a seleção em 1974, principalmente, e 1998, é preciso ressaltar sempre o
trabalho de 1970, iniciado sim por João Saldanha, mas aperfeiçoado com maestria pelo já bicampeão mundial como jogador, em 1958 e 1962.
Zagallo, que comandava o grande Botafogo do fim dos anos 60, teve sensibilidade e sabedoria para colocar em campo aquela seleção que sacramentou o símbolo do futebol-arte e que é e será lembrado eternamente como um dos maiores de todos os tempos. Para mim, o de 1958 é ainda melhor, simplesmente por ter reunido Didi, Garrincha e Pelé, mas lá estava ele na ponta-esquerda, auxiliando o meio e marcando um dos gols na final contra a Suécia. É impossível não enaltecê-lo.
Os méritos de escalar juntos Jairzinho, Pelé, Tostão e Rivellino são dele, pois com João quem atuava na ponta-esquerda era o meu xará, Edu, um craque, sem dúvida, mas com Riva a composição tática e técnica da equipe ficou ainda melhor. E não ficou nisso, Zagallo ainda recuou o volante Piazza para a zaga e escalou o jovem Clodoaldo para atuar ao lado de Gerson na armação e na marcação no meio-campo.
Quase chovo no molhado, mas é sempre bom destacar momentos gloriosos não só do nosso futebol, mas do esporte como um todo. Como bem escreveu o historiador egípcio naturalizado inglês Eric Hobsbawm em seu excelente livro "A era dos extremos - o breve século XX" sobre aquele timaço de 70: "Quem, tendo visto a seleção brasileira jogar em seus dias de glória, negará sua pretensão à condição de arte?”.
Tive a oportunidade de conhecer pessoalmente Zagallo, em 1990. Foi por um breve período, quando eu iniciava a cobertura diária do Vasco da Gama pelo Jornal dos Sports. Ele era o treinador da equipe e foi demitido após a eliminação da Taça Libertadores da América para o Atlético Nacional, da Colômbia. No pouco tempo, porém, ficou na memória o tratamento cordial.
O gol do Pet
Porém, a maior alegria que tive com Zagallo como torcedor (embora estivesse trabalhando na redação da Agência Lancepress naquele jogo) foi a conquista do tri estadual do Flamengo em 2001. Isso porque quando a seleção conquistou o tri no México eu ainda tinha 3 anos de idade (faria 4 29 dias após a final).
Aquele golaço de falta de Petkovic, aos 43 minutos do segundo tempo da final contra o Vasco, a comemoração alucinada do craque sérvio e o choro de Zagallo ao fim da partida ficarão guardados nos corações e nas mentes dos rubro-negros que viveram aquele dia. "Foi uma verdadeira Copa do Mundo", definiu o Velho Lobo em entrevista ao repórter Janir Júnior, do ge.com, 10 anos depois.
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Zagallo no comando do Flamengo na final do Carioca de 2001 (Foto: Hipólito Pereira/Ag. O Globo) |
A Zagallo, o futebol e quem ama
este esporte que quase sempre resume nossas vidas em campos de grandes estádios ou mesmo em reles peladas em terrenos baldios desde que foi inventado só podem dizer uma palavra: obrigado!