sábado, 19 de novembro de 2016

POESIA CANTADA: CHORO REPRESADO É SINAL DE CHUVA

Ao começar essa série de vídeos com "Que me diz você?" - e depois com ""O rio" entrelaçado à "Sequidão"" - tive o cuidado de explicar os meus objetivos e deixar claro que não sou músico, cantor, nem ator, diretor, muito menos videomaker. Mas talvez tenha deixado escapar algo que, por me incomodar, vou corrigir aqui, antes de apresentar "Choro represado é sinal de chuva". Disse que criei melodias para as poesias que já tinha escrito e em determinados momentos chamei de música. Creio que na verdade não, ainda não são, se é que um dia serão. São na verdade poesias cantadas, que entendi ficarem melhores do que declamadas, algo que nunca soube bem fazer, mas que mesmo assim me arrisquei com "O Rio", fabulosa poesia de João Cabral de Melo Neto que ainda ousei editar e misturar aos versos "melodiados" de "Sequidão".

Não vou editar os vídeos em que chamei de música o que fiz - talvez nem os que já estão gravados e ainda não postei em lugar algum -, mas fica aqui registrado então o que creio ter feito. Mal ou bem cabe a você; a mim, continuar com as poesias cantadas. Acredito que, como já escrevi anteriormente, as palavras, os versos e a própria poesia ganharam novas cores, sentidos, força, entonações e entoações com a melodia que cada uma recebeu. O que você acha?

Aí abaixo vai uma poesia que abre um dos capítulos do romance "O negro crepúsculo" e que já havia publicado aqui (retirada posteriormente) e no Jornal Portal, e que para minha surpresa renasceu com um ritmo de samba. Vamos lá, em breve vem mais.


CHORO REPRESADO É SINAL DE CHUVA
(Eduardo Lamas)

Lágrimas represadas
choro que não vem
horizonte que se aproxima
pingos d’água pisoteiam o chão

Lava terra, lava alma
ar em rebuliço
corpo em polvorosa
um sem espaço
que se ocupa
imensidão que se reduz

Um oceano inteiro
no brilho de uma gota
que me afoga pela boca
um mundo inteiro
no esfarelar de uma pedra
que me enterra pelo peito


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