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domingo, 28 de fevereiro de 2021

É COMPLEXO SER VIRA-LATA

Caro Nelson, muito o admiro, mas preciso discordar e, neste caso pior para os fatos, pois são verdadeiros, basta não taparmos os olhos: nós brasileiros não temos complexo de vira-latas, somos vira-latas, para o bem e para o mal. Para desespero dos puristas, neonazistas e patridiotas, não temos raça pura, somos plena mistura. E, prezado Mario, a quem também muito respeito, muitos de nós temos caráter, mas não somos heróis, ao contrário dos macunaímas e de falsos mitos, desculpem a redundância.

Somos brasileiros e não aprendemos nunca. Mesmo com todas as evidências e avisos, só agimos com a casa arrombada ou o barco furado. Em muitos casos, nem assim. Afinal, é mais fácil se recusar a enxergar a realidade quando não nos é favorável. Escolhemos o imediato e o mais fácil, rejeitamos precaução, planejamento, organização e o necessário, ainda mais se for dar muito trabalho ou o incerto resultado ficar muito longe do palmo à frente do nariz. 

Os canalhas que elegemos a cada eleição estão aí mesmo para nos mostrar quanto de afinidade temos com eles. Uns mais, outros menos, mas não adianta gritar, espernear, estrebuchar, fazer beicinho, estamos todos no mesmo barco furado, onde também está aquela minoria (cada vez menor) que rema e ao mesmo tempo tira água de dentro da embarcação, enquanto outros fingem que nada acontece, comendo sardinha e arrotando caviar, e mais alguns tantos que só fazem alargar os rombos para seu o sádico e bel-prazer.
 
E, enquanto vamos remando e tapando os buracos deste barquinho, pessoas do mais baixo nível vão se reelegendo para tomar e tornar o comando à deriva, aumentando suas rendas, suas aposentadorias especiais, nefandas pensões para mulheres e filhos etc com verbas públicas (vulgo, nosso dinheiro) dentro de leis imorais e a costumeira imoralidade dos fora da lei. Para piorar, há uma renovação caudalosa e escandalosa para suprir a cada safra os velhacos que se vão.

É verdade que ser vira-lata tem lá algumas vantagens, uma delas é aquela que apelidamos de jeitinho ou jogo de cintura para lidar com as imensas dificuldades com muita criatividade. Somos craques nisso, é só se interessar pela História e as histórias de nosso povo e, principalmente, por nossa vasta e riquíssima Cultura. A grande questão, porém, é que em 99% das vezes os problemas políticos e sociais são criados por nós mesmos, por ação ou inação. E o esforço fica muito maior do que deveria ser.

Não, não adianta dizer que não tem nada com isso, que não se mistura com gentalha ou com essa elite exploradora e soberba, porque todos, sem exceção, temos afinidades com este mau (e, por outro lado, em muitos casos, bom) jeito de ser. Mesmo os que tentam escapar ou agir diferente. Não adianta nem ir para o outro lado do mundo, tentar se aculturar, porque você vai carregar todo este peso (e também nossas ótimas e péssimas levezas consigo, é inevitável). 

Você aí que gritou o nome de um salvador da pátria qualquer, seja um que já nos arruinou ou aquele outro que nos arruína ou arruinará, é o mais próximo desta má vira-latice toda. Não se iluda. Nem tente, nem tentemos mais, nos iludir.

Ah, caro Nelson, para terminar, mais uma divergência profunda, que vai muito, muito além das finas canelinhas das formigas: as mulheres não gostam de apanhar, nem as normais. No entanto, muitas estão começando a pegar o gosto pela agressão e a achar que se não sabem porque estão batendo, quem está apanhando sabe muito bem o motivo. E, pior, tem homens gostando.


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terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

MÚSICA PRA VIAGEM: ROUPA DO CORPO

Já ouvi pelo menos três versões com arranjos diferentes desta música com o próprio Filipe Catto e, embora minha vontade fosse publicar um vídeo com ele no palco, esta abaixo é para mim a melhor, a original, gravada em seu excelente EP de estreia, Saga, como um samba mais genuíno. Nada de pureza, que isso só existe na cabeça dos hipócritas. 

A primeira vez que a ouvi, e lá se vão já uns oito anos, pensei que fosse uma composição de um daqueles mestres da Velha Guarda carioca. Mas logo me dei conta, prestando atenção na letra, que a narrativa era de uma mulher, então só se fosse do Chico, que é mangueirense, mas não da Velha Guarda de compositores da escola, e do Chico não era. 

A composição é dele mesmo, Filipe Catto, que além de cantar muito bem com uma voz que já fez gente compará-lo a Elis e Ney (tudo e todos têm de ter um espelho ou rótulo?), cria ótimas músicas, como já comentei aqui, há uns anos, sobre o excelente DVD "Entre cabelos, olhos e furacões"

Sem mais delongas, vamos ao que interessa, a música. "Deixei meus trapinhos em cima da cama, fiz tudo ligeiro...".


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

REPARE BEM, MUITO BEM

Quando se deparar com alguém indignado com determinado preconceito ou, pior, discriminação, repare bem se ele quer justiça ou vingança, se deseja equilíbrio nas relações ou que a discriminação troque de lado. 

Preste sempre muita atenção! 

Isso vale pros que se revoltam com a corrupção também. Não são poucos os que reclamam apenas por não estarem sendo beneficiados. Por não fazerem parte da boquinha.

Veja também:
Nina Simone, a Sacerdotisa do Jazz 
Toda solidariedade a Fabiana Cozza
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Do caos só virá o caos

domingo, 21 de fevereiro de 2021

A INVOLUÇÃO DA ESPÉCIE BRASILEIRA. DARWIN EXPLICA?

E lá vem o Brasil 
descendo a ladeira...

Depois de comandados 
pelo Coroné do Maranhão 
que se refugiou no Amapá; 
pelo Playboy Marajá 
que se travestiu 
de caçador da própria espécie; 
da privataria sócio-masturbatória 
de FHC e seu tucanato; 
do Sapo Barbudo 
e toda maracutaia dos aloprados; 
da Ofélia do Planalto, 
a da TV, não a de Shakespeare, 
e do Vampiro do Porto de Santos...

Liderados pelo Capitão Zero, com
suas rachadinhas, seus milicianos, 
bispos, pastores e ovelhas do mal,
entramos em contagem regressiva:
03, 02, 01... Fire!!! (In the forest)
Regressamos no Túnel do Tempo
à sombria, à tenebrosa Era dos 
Abomináveis Homens da Caserna.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

MÚSICA PRA VIAGEM: MORRO VELHO

Fácil, muito fácil seria colocar Milton ou Elis cantando esta belíssima música aqui. Mas preferi fugir do óbvio mais uma vez, e não por "calculamento", mas por "emocionação", se é que o moço ou a moça me entendem por escrever assim desse "jei". Pois então, Mônica Salmaso. Mônica Salmaso e André Mehmari. Quantos brasileiros e brasileiras os conhecem? Seja lá que número venha, certeiro ou chutado, é pouco, muito pouco, pode ter certeza absoluta disso. Não vou citar ninguém nem fazer qualquer comparação, pois isso só jogaria uma tão grande cantora e tão importante instrumentista na mediocridade do comum, o que seria uma heresia de minha parte.

Morro Velho é canção do disco de estreia de Milton Nascimento, em 1967, ano em que Bituca começou a trilhar seu rumo ao merecidíssimo estrelato. No entanto, a primeira vez que a ouvi foi com Elis Regina, só não me recordo se num CD ao vivo ou no DVD da histórica entrevista, entremeada a outras canções ladeada por Cesar Camargo Mariano (piano), Luizão Maia (baixo) e Paulinho Braga (bateria), que ela concedeu ao icônico programa Ensaio da TV Cultura, em 1973. 

Porém, aqui abaixo esta canção que me remete aos meus ancestrais mineiros, muitos deles músicos, vem com uma arrepiante interpretação desta cantora que merece ter um reconhecimento muito, muito, muito maior em nosso país. Com vocês, Mônica Salmaso e André Mehmari, subindo e cantando Morro Velho, de Milton Nascimento.  


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

TEM "DIÁRIOS MARGINAIS" TAMBÉM NO CARNAVAL


Nas comemorações do seu 25º aniversário, a Oráculo Cia de Teatro resolveu dar mais um presente ao público. Como não haverá carnaval de rua neste ano, devido à pandemia do Covid-19, e o primeiro fim de semana teve ótima repercussão, a companhia decidiu que a peça "Diários Marginais: um encontro com Lima Barreto e João do Rio" também será apresentada neste próximo fim de semana, entre os dias 12 e 14. 

Portanto, o espetáculo será exibido em todo o mês de fevereiro, de sexta a domingo, sempre às 16hgratuitamente no YouTube (https://linktr.ee/oraculocia), com live aos domingos logo após a apresentação para um bate-papo com o público. O texto de Wagner Brandi, que interpreta João do Rio, e Gilson Gomes, que faz Lima Barreto, é inspirado na vida e obra dos dois grandes escritores e cronistas do Rio de Janeiro do início do século XX. A direção é de Luiz Furlanetto.

No primeiro fim de semana, aplausos e elogios não faltaram. O crítico Gilberto Bartholo publicou no Facebook: "Desde o início da pandemia, tenho assistido a trocentas experiências desse tipo, que não devem ser chamadas de TEATRO. Não gostei da grande maioria e poucas coisas me agradaram. Esse "DIÁRIOS MARGINAIS" foi uma delas. Excelente trabalho! Nota-se apuro em tudo. Parabéns a todos os envolvidos no projeto! Estou divulgando para amanhã, com muito prazer e consciência. RECOMENDO MUUUUUUUUUUUITO!!!"

Já Patrícia Lopes, escreveu no grupo do Whatsapp da ONG Rede para Atores: "Uma cia que completa vinte e cinco anos nos presenteou com essa maravilha! Figurino e cenário de uma competência irrepreensível, principalmente para o online. A mimica foi bem empregada em alguns momentos da narrativa pelos atores. A Clara dos Anjos, moça periférica do Rio de Janeiro visita também a dramaturgia. Um devaneio de Lima. As influências literárias do Lima são bem trazidas ao áudio visual. O cenário ficou perfeito na plataforma. Estamos na casa de Lima, suponho, com livros e mais livros. A menção ao isolamento foi incrível. De alguma maneiro ou momento voltamos ao que hoje tornou-se preciso. Ambos nascidos no Rio de janeiro, ambos nascidos em 1881, ambos carregam em si a necessidade de ser e reverberar emoções. A composição dos personagens, foi dos figurinos a excelência dos atores Wagner Brandi e Gilson Gomes. De zero a cem, nota mil! Diários Marginais, obra que recomendo com louvor!"


Com a promessa de uma resenha completa para breve, a página Artéria Arte Circulação no Instagram, publicou o seguinte: "Uma aula literária através do teatro. O progresso é para todos, inclusive para gente pobre... Uma das frases as quais não devemos esquecer desse espetáculo, isso é simplesmente magnânimo! Espetáculo gratuito, basta entrar na página @oraculociadeteatro . Não dá para perder!" 

Portanto, o grande programa para este carnaval é teatro em casa. Aliás, o título deste texto poderia ser "Tem carnaval também em "Diários Marginais"", pois o tema, além de estar em debate neste inusitado e encantado encontro entre Lima Barreto e João do Rio, serve para marcar bem no espetáculo como cada um encarava a festa popular e também definir bem as características pessoais bem distintas. Para quem ama Arte, o Teatro em especial, o espetáculo é mesmo imperdível. Confira só neste aperitivo abaixo.


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

MÚSICA PRA VIAGEM: FLIGHT OF ICARUS

O Vôo de Ícaro é uma das histórias que mais me intrigaram e assustaram desde que a ouvi ou li pela primeira vez, ainda bem garoto. Entre as muitas interpretações, dependendo muito da versão, podem estar a lição da ganância, a imprudência, a desobediência e ou até blasfêmia do personagem que quis ganhar os céus em sua frágil asa de cera. "Flight of Icarus" sempre foi uma das minhas músicas favoritas do Iron Maiden e, depois de um longo tempo sem ouvi-la, voltei a ela no ano passado ao estudar o conto no curso de inglês que venho fazendo.

As duas versões, porém, são bem diferentes. Na letra, do extraordinário cantor Bruce Dickinson, que ainda participou da composição da música com o guitarrista Adrian Smith, Ícaro faz um vôo solitário, em nome de Deus (provavelmente o cristão), e se sente traído pouco antes de perceber que despencaria para sempre. Como se vê, o uso em vão do nome de Deus, mesmo que ingenuamente, é tema atual para toda eternidade, pelo menos enquanto houver humanos no Universo. 

A versão que aprendi no curso é certamente a original da mitologia grega, com Dédalo criando as asas e orientando o filho, Ícaro, a como fugirem juntos da ilha de Creta pelo alto da torre do castelo onde estavam confinados pelo Rei Minos. Só que o jovem Ícaro desobedece as ordens do pai, de não voar nem muito baixo para não molhar as asas no mar, nem muito alto para que elas não derretessem. E, como se sabe, foi o que o garoto fez ao se empolgar ganhando os céus.

Mas o papo aqui é "Flight of Icarus", que foi gravada no LP "Piece of mind", do já longínquo ano de 1983. Na hora de escolher, pensei também em "Children of the damned", do mesmo álbum, e da qual gosto muito também, mas ela e outras do Maiden ficarão para outra oportunidade. Fique aqui com a tragédia de Ícaro no vídeo-clipe original e, logo depois, com a mais recente e pirotécnica, da Legacy Of The Beast Tour, de 2019, que passou pelo Brasil (Rock in Rio) e após muitos anos trouxe de volta esta música aos shows da banda inglesa. 


Veja também:

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

MÚSICA PRA VIAGEM: TENTE OUTRA VEZ

Falar de Raul Seixas é falar da minha infância, que teve sim em sua trilha sonora dois grandes sucessos do roqueiro baiano: "Gita" e "Eu nasci há dez mil anos atrás", duas que vão pintar por aqui em algum momento. Ouvi sem parar, ainda pequeno, um compacto que tinha estas duas músicas na vitrola que era um armário na sala do apartamento dos meus pais. 

Mas hoje é dia da inspiradíssima e inspiradora "Tente outra vez". Vendo este vídeo que está lá embaixo, com essa que é das melhores músicas que Raul compôs (juntamente com Paulo Coelho e Marcelo Motta) e gravou, viajo aos tempos em que assistia ao Fantástico no domingo à noite só para ver os desenhos de Juarez Machado e os gols da rodada. 

Neste clipe, criado muitos anos antes da era dos vídeo-clipes, Raul se apresenta no meio de um cenário composto pela arte do grande Juarez, já citado no blog algumas vezes ao longo destes já quase 13 anos. Um casamento perfeito, podem conferir.   


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

ORÁCULO CIA DE TEATRO INICIA A CELEBRAÇÃO DE SEUS 25 ANOS

Se em 2020 as apresentações teatrais ficaram escassas, por causa da pandemia, a Oráculo Cia de Teatro, fundada pelos atores Gilson Gomes, Wagner Brandi e Neila Tavares, em 1996, não deixou de se preparar para as comemorações dos seus 25 anos. E será com a reencenação de um grande sucesso da companhia, “Diários Marginais: um encontro com Lima Barreto e João do Rio”, que os festejos terão início em fevereiro, como parte da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc.

Na impossibilidade de se fazer o espetáculo numa sala de teatro com público, a Oráculo recorreu a uma de suas marcas registradas: a criatividade. Assim, a peça com o encontro fictício de Lima Barreto e João do Rio, dois dos grandes cronistas do Rio de Janeiro do início do século XX, será apresentada gratuitamente no YouTube, de sexta a domingo, às 16h, nos dias 5 a 7, 19 a 21 e 26 a 28 de fevereiro.

- O espetáculo mostra os últimos dias de delírio de Lima Barreto, confinado em sua biblioteca para terminar o seu “Cemitério dos vivos”, sua obra inacabada. Durante seus delírios, Lima tem um encontro com João do Rio, e a partir daí travam um verdadeiro duelo em defesa de suas ideias – relata Gilson Gomes, que representa Lima Barreto e assina o texto junto com Wagner Brandi, que interpreta o João do Rio na peça e, paralelamente, trabalha na novela “Gênesis”, da TV Record, fazendo o papel do médico Sagai.

Gilson Gomes interpreta Lima Barreto e Wagner Brandi, João do Rio. Foto: Ianara Elisa

A montagem, que tem a direção de Luiz Furlanetto (Prêmio Shell de Melhor Direção por Transpotting, em 2011), fez a sua estreia em 2015, no Sesc Tijuca. Em 2016 foi selecionada no Edital da Funarj para circulação nos seus equipamentos culturais e se apresentou nos teatros Armando Gonzaga e Arthur Azevedo. Participou ainda do projeto Paixão de Ler, realizado pela Secretaria Municipal de Cultura e a Prefeitura do Rio de Janeiro, e também foi convidada para integrar a programação do Salão Carioca do Livro, no Pier Mauá, Armazém 3, na Zona Portuária do Rio de Janeiro. O espetáculo esteve ainda no 3º Festival de Teatro do Centro Cultural Midrash, e se apresentou na Flip 2017, a convite do Coletivo João do Rio, numa mostra paralela. Além disso, participou do Circuito Sesi Cultural e fechou a agenda de 2017 no Centro Cultural Parque das Ruínas.

Recentemente o grupo foi convidado pelo cineasta Oswaldo Lioi, para adaptar o espetáculo em longa-metragem. O espetáculo e o trabalho do grupo serão publicados no livro “Bastidores: a história do teatro brasileiro”, de autoria do jornalista e pesquisador teatral Simon Khoury.

- Um de nossos maiores objetivos com este texto foi preservar e resgatar a vida e a obra desses grandes escritores brasileiros. Ao juntar os dois, propomos algo inédito e inovador nos palcos brasileiros, pois apesar de terem vivido a mesma época, nascidos no mesmo ano (1881) e morrido um ano após o outro (João do Rio, em 1921, e Lima Barreto, em 22), nunca se encontraram, apenas trocavam “farpas” literárias através de suas obras – explica Wagner Brandi.

Ainda dentro das comemorações do seu 25º aniversário, a Oráculo montará este ano mais duas peças inéditas: “A confissão” e “Diário da Lua”, segundo texto da trilogia “Diários”.

O espetáculo “Diários Marginais: um encontro com Lima Barreto e João do Rio” tem o patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo e do Governo Federal através do Fomento a todas as Artes (Lei de Emergência Cultura Aldir Blanc).

Gilson e Wagner em "Diários Marginais". Foto: Bianca Souza

Um pouco da história

Após a sua fundação, a Oráculo mergulhou num trabalho de pesquisa até se decidir por sua primeira montagem. Então, em 1996, estreou com O Assalto, de José Vicente, participando do VI Festival Carioca de Novos Talentos, realizado pelo RIOARTE, da qual recebeu a indicação de Melhor Ator (para Gilson Gomes), também concorrendo à categoria Melhor Espetáculo. O grupo ao longo de sua existência vem desenvolvendo o projeto A Literatura sob o Olhar Teatral, que tem como objetivo levar para o palco obras literárias de grande valor, tendo como principal proposta tratar o homem em relação ao mundo em que vive.

A companhia já adaptou para o teatro a peça América, de Franz Kafka (adaptação, concepção e direção de Paulo Afonso de Lima, 1998), com temporada no antigo Museu do Telephone, hoje OI Futuro, e participando do V Festival Veiga de Almeida, no qual recebeu 7 indicações a prêmio. Durante aquele período recebeu convites para o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (Porto) em Portugal.

A Oráculo ainda montou “O Capote”, de Gogol (adaptação, concepção e direção de Paulo Afonso de Lima, 1999); “O Mandarim”, de Eça de Queirós (adaptação de Gilson Gomes e direção de Wagner Brandi, 2001), apresentado no evento internacional Eça entre milênios: pontos de olhar, realizado pelo Instituto Camões de Portugal; “Uma Lenda Quixotesca”, adaptação de “Dom Quixote” (feita por Gilson Gomes); “Oh, Nelson Rodrigues, Que Adoráveis Criaturas!”, adaptação para o teatro da vida e obra literária de Nelson Rodrigues, realizado no centenário do autor, por Neila Tavares (com direção de Wagner Brandi, 2012); “Riso Invisível” (2013), de Francisco Alves PH, texto escrito para os atores Gilson Gomes e Wanderlei Nascimento, com direção de Wagner Brandi; “Amor por anexins ou Uma Consulta”, adaptação da obra de Artur Azevedo (2015/2016), por Gilson Gomes, com direção de Wagner Brandi, com apresentações pela Secretaria Municipal de Cultura, Bibliotecas Parques, Circuito Sesc e Casa da Gávea. Entre outras.

Depois de “Diários Marginais”, na década passada, a companhia montou “Torturas de um coração”, de Ariano Suassuna (2018/2019), circulando por vários equipamentos culturais do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, com sucesso de crítica e público.

Ficha técnica de “Diários Marginais: um encontro com Lima Barreto e João do Rio”

Local: transmissão online no canal da peça no YouTube (linktr.ee/oraculocia)
Datas: sexta a domingo, nos dias 5 a 7, 19 a 21 e 26 a 28 de fevereiro
Horário: 16h
Ingresso: gratuito
Classificação: 12 anos
Duração: 60 min
Texto e atuação: Gilson Gomes e Wagner Brandi
Direção: Luiz Furlanetto
Direção de arte: Oswaldo Eduardo Lioi
Cenografia: Ianara Elisa
Criação de vídeo-cenário e operação: Mayara Ferreira
Fotografia: Leonardo Pergaminho
Design gráfico: Alexandre Muner
Iluminação: Djalma Amaral
Operador de luz: Geilson Silva
Direção Musical: Charles Kahn
Direção de palco e Contra-regra: Ana Paula Casares
Assessoria de imprensa: Eduardo Lamas
Filmagem do espetáculo: Ton de Melo
Produção executiva: Gilson Gomes
Coordenação do projeto: Oráculo Cia de Teatro
Realização: WGL Produções e Eventos & Kadiwéu Projetos Artísticos.
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