terça-feira, 16 de abril de 2019

O QUANTO DEVO AO CENTRO DE ARTES UFF


Em conseqüência dos inconseqüentes ataques e das primeiras ações do doutrinário desgoverno federal contra a Educação e a Cultura deste país, a Universidade Federal Fluminense (UFF) suspendeu as atividades deste início de temporada do Centro de Artes UFF por falta de dinheiro. Embora sejam públicas quase que a totalidade das 36 universidades brasileiras ranqueadas entre as 1.100 melhores do mundo, de acordo com a revista inglesa THE (Times Higher Education), é clara e evidente a intenção dos atuais donos do poder de (certamente sucateá-las para) privatizá-las pouco a pouco e restringi-las aos mais abastados. Particularmente, a notícia mexeu muito comigo e remexeu um baú de ótimas memórias.

Minha primeira visita ao Centro de Artes UFF ocorreu no fim dos anos 80, quando fui assistir à cerimônia de formatura como professora de minha então namorada, futura mulher e mãe de meus filhos. Nos últimos meses de 1990 lá estava eu a acompanhando nos seus primeiros passos como atriz, já grávida de meu primeiro filho, nos ensaios noturnos da peça "Coquetel Molotov", de Alvaro Ramos, que a diretora Alice Carvalho levaria ao palco nas primeiras semanas de janeiro de 1991 com os alunos do curso de teatro aberto mesmo para quem não era aluno da universidade. Fiquei tão íntimo daquela turma e da montagem que fui convidado pela diretora para ser um dos responsáveis pela operação de áudio da peça, algo que nunca havia feito, mas que aceitei com grande felicidade, embora não pudesse chegar a tempo para todas as apresentações por causa do meu trabalho no Jornal dos Sports. Foram naquelas noites que minha paixão pelo teatro nasceu e se tornou arrebatadora e definitiva.

Porém, em 1993, eu me mudei para São Gonçalo e, mesmo morando bem distante do Centro de Artes UFF, passei a freqüentar seu cinema com ingresso a preço simbólico e as apresentações gratuitas de música erudita e popular nas manhãs de domingo, muitas vezes com meus três filhos a tiracolo. Seis anos mais tarde fiz lá um dos melhores cursos de que pude participar: Introdução à Cultura Brasileira (Música, Teatro, Literatura, Cinema e Artes Plásticas). Entre outros, tive o imenso privilégio de assistir a palestras e verdadeiras aulas-espetáculos com Jairo Severiano, Marília Barbosa, Ricardo Cravo Alvin, Joel Rufino, Ruy Castro, Ziraldo, Leandro Konder, Gianfrancesco Guarnieri, Nelson Pereira dos Santos, Zelito Viana, Hamilton Vaz Pereira, Claudio Valério, Ithamara Koorax. Nem preciso dizer que saía de lá a cada fim de tarde muito melhor do que entrava.

 Hoje, meu filho mais novo está terminando a faculdade de Geografia na UFF, num campus próximo do Centro de Artes, e por tudo isso não posso deixar de destacar a imensa importância que aquela  universidade de Niterói, em especial seu teatro e seu cinema, ainda tem na minha vida. Portanto, desejo vida longa, eterna, ao centro de Artes UFF!

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2 comentários:

  1. Ótima história! Momentos como esses se eternizam naturalmente em nossa memória. Ali, no cinema da UFF, durante o curso, assisti a aulas inesquecíveis de Cinema Brasileiro. Saudade, muita saudade...

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    1. O Centro de Artes UFF tem uma importância incomensurável para a Cultura do Rio de Janeiro e do Brasil. Espero que se mantenha em atividade com a mesma força de antes, mesmo com todos os ataques, boicotes, sabotagens e outras sacanagens do atual desgoverno federal. Abração, meu amigo, volte sempre.

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