segunda-feira, 11 de novembro de 2024

E NEM ERA CARNAVAL...

Ilustração criada com auxílio de IA
Quando ele chegou do asfalto, falando uma língua diferente, repleta de palavras em inglês, trouxe consigo enormes caixas de som. Quando ligou aquela barulheira, era impossível não ficar incomodado, mas não dei muita importância. Juntou gente, mas eu era o rei do pedaço, ali era o meu lugar, ninguém me tiraria o cetro e a coroa.

Pouco a pouco, porém, senti que o espaço que ocupava ia cada vez se estreitando mais. Havia já um rival, que ia conquistando jovens, e os pais já não conseguiam convencer os filhos que a tradição era mais importante que a inovação. Inovação representada por aquele forasteiro de óculos escuros, boné, bermudas e camisas coloridas, parecendo um turista a princípio, mas já àquela altura um vizinho insistente e barulhento, seduzia a garotada com discurso apelativo.

Eu já não encantava tanto meus vizinhos, muitos foram embora e me deixaram aos cuidados de poucos que resistiram, mas não por muito tempo. E se despediram em meio à barulheira, à fúria daquele som, um ruído difícil de afastar dos ouvidos e da cabeça. Vi da minha janela que a tênue linha que separava a sensualidade da vulgaridade havia se transformado num grosso e altíssimo muro que só me isolava cada vez mais. Já não via o horizonte, só muro, infelizmente sem isolamento acústico.

A cadência se foi e a poesia foi pisoteada para dar lugar a ferocidade, vulgaridade e palavrões. A devoção e os rituais foram esquecidos, profanaram os santuários, sem qualquer resquício de respeito. E com o volume cada vez mais alto, gritos ensandecidos de uma cega e surda adoração por mais e mais gente, uma batida de fazer o chão e as paredes racharem, fui expulso de casa. Quase rolei morro abaixo.

Veja também:

No asfalto já me conheciam, claro, e me acolheram. Não eram tantos quanto existiam  antigamente na minha vizinhança, mas eram reverentes. Sabendo de minha nova morada, alguns ex-vizinhos retornaram, vieram me visitar. Mas já não eram tantos. Meus anfitriões foram respeitosos, afetuosos, houve devoção e ritual. Aqui sou muito bem tratado, apesar de uns e outros tentarem me desvirtuar e me difamar. Mas não é minha casa.

Posso ter vivido muito de ilusão, mas foi lá no morro que nasci, me desenvolvi, cresci e me fiz conhecido no mundo. Era lá que me sentia em casa e vivi os melhores dias da minha vida. Saudades da “alvorada, lá no morro, que beleza”. Hoje, quando olho pra lá daqui debaixo, choro, "me dá tristeza, sinto um grande dissabor". Porém, como bem se sabe, embora nunca mais no morro, agonizo, mas não morro. Prazer, meu nome é Samba.

Clique aqui para ouvir o episódio #44 do Lamascast "E nem era carnaval...", publicado pelo jornal Portal, em 21 de setembro de 2020.

Veja também:
A questão do fânqui e o velho Angenor
Música pra viagem: É Hoje!

Mensagem publicitária

Clique na imagem acima para receber
mais sugestões de leitura.
Quem lê recomenda!

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

"CONTOS DA BOLA", UM PRESENTÃO DE NATAL

Já pensou no presente que você vai dar ou se dar neste Natal? 

O livro "Contos da Bola" começa a rolar com "O torcedor de videoteipe". Às vésperas da Copa de 1994, Didi, um fanático torcedor da seleção brasileira, volta no tempo por intermédio da sua antena parabólica e vibra muito com a conquista do tricampeonato mundial, no México, em 1970, que ele não pôde assistir na época. 

Pacato e trabalhador, porém amante das rodas de samba, o personagem acaba surpreendendo seus amigos quando a Copa dos Estados Unidos finalmente começa.

Ilustração criada por Inteligência Artificial

Dê este gol de presente no Natal, depois é só partir pro abraço.

Um time tão bom no papel como no ebook, à venda nas melhores lojas online do Brasil e do mundo.

Veja também:
 A Copa é um mundo à parte
Futebol brasileiro x seleção brasileira

Sobre o livro

"Contos da Bola", de Eduardo Lamas Neiva, traz 19 histórias abordando as mais reles peladas e encarniçados campeonatos de várzea aos grandes clássicos do futebol brasileiro e históricas partidas de Copa do Mundo. Pra quem não gosta de perder nenhum jogo, um livro de tirar o chapéu, ou melhor, pra se tirar da Cartola.

Veja também:
Futebol-arte: os maiores jogos de todos os tempos 11
Música e futebol, o Brasil no Primeiro Mundo


Veja também:

Clique na imagem acima para receber
mais sugestões de leitura.
Quem lê recomenda!

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

OLHARES ALHURES - FOTOS #126: PONTA DE BAIXO




Veja também:
Olhares Alhures - Fotos #90: Mirante do Morro da Cruz
Olhares Alhures - Fotos #83: Chuva noir






Veja também:
Olhares Alhures - Fotos #73: Arco-íris
Olhares Alhures: Fotos #54: Canto do Noel




Fotos feitas por Eduardo Lamas Neiva, com seu velho celular, no dia 27 de setembro de 2024, no bairro da Ponta de Baixo, em São José (SC). 
Olhares Alhures é uma série com registros de imagens do belo, do cotidiano, do curioso, do inusitado, do coincidente, do poético, enfim, de tudo aquilo que, de alguma forma, chama a atenção do autor deste blog em suas andanças e viagens.

Mensagem publicitária

Clique na imagem acima para receber
mais sugestões de leitura.
Quem lê recomenda!

Veja também:
Música pra viagem: She sells sanctuary
Justiça e vingança
Nau poesia: Lágrimas de sangue
Os 20 anos do melhor Rock in Rio de todos os tempos

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

OLHARES ALHURES - FOTOS #125: PONTAL DO GALO 2




Veja também:
Olhares Alhures - Fotos #88: Sol de outono
Olhares Alhures - Fotos #76: Lua, lua, luou





Veja também:
Olhares Alhures - Fotos #68: Raios
Olhares Alhures - Fotos #29: O ipê amarelo




Fotos feitas por Eduardo Lamas Neiva, com seu velho celular, no dia 31 de agosto de 2024, no Pontal do Galo, em Garopaba (SC). Olhares Alhures é uma série com registros de imagens do belo, do cotidiano, do curioso, do inusitado, do coincidente, do poético, enfim, de tudo aquilo que, de alguma forma, chama a atenção do autor deste blog em suas andanças e viagens.

Mensagem publicitária

Clique na imagem acima para receber
mais sugestões de leitura.
Quem lê recomenda!

Veja também:
Olhares Alhures - Fotos #27: Pilares
Olhares Alhures - Fotos #22: Ibitipoca
Olhares Alhures - Fotos #13: Atom heart mother
Olhares Alhures - Fotos #4: O céu sangra

terça-feira, 17 de setembro de 2024

OLHARES ALHURES - FOTOS #124: PONTAL DO GALO 1




Veja também:
Música pra viagem: Awaken
Olhares Alhures - Fotos #107: Pôr do sol em Sambaqui





Veja também:
Outras considerações sobre o escrever
A brutal delicadeza de Kieslowski


Fotos feitas por Eduardo Lamas Neiva, com seu velho celular, no dia 31 de agosto de 2024, no Pontal do Galo, em Garopaba (SC). Olhares Alhures é uma série com registros de imagens do belo, do cotidiano, do curioso, do inusitado, do coincidente, do poético, enfim, de tudo aquilo que, de alguma forma, chama a atenção do autor deste blog em suas andanças e viagens.

Mensagem publicitária

Clique na imagem acima para receber
mais sugestões de leitura.
Quem lê recomenda!

Veja também:
Poesia cantada: "O rio" entrelaçado à "Sequidão"
Lucidez e loucura no Lamascast 
"5h37, a poesia desperta" no Lamascast
"Sutilezas", amor, paixão e surpresas 

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

OLHARES ALHURES - FOTOS #123: BARRINHA





Veja também:
Olhares Alhures - Fotos #52: Crepúsculo em Itaguaçu
Olhares Alhures - Fotos #56: Floripa-Rio







Veja também:
Olhares Alhures - Fotos #30: Planeta dos Macacos
Olhares Alhures - Fotos #28: O nevoeiro


Fotos feitas por Eduardo Lamas Neiva, com seu velho celular, no dia 31 de agosto de 2024, na Praia da Barra ou Barrinha, em Garopaba (SC). Olhares Alhures é uma série com registros de imagens do belo, do cotidiano, do curioso, do inusitado, do coincidente, do poético, enfim, de tudo aquilo que, de alguma forma, chama a atenção do autor deste blog em suas andanças e viagens.

Mensagem publicitária

Clique na imagem acima para receber
mais sugestões de leitura.
Quem lê recomenda!

Veja também:
Olhares Alhures - Fotos #22: Ibitipoca
Olhares Alhures - Fotos #3: Laguna
"Velhos conhecidos", uma peça em ebook