Paulinho da Viola, com toda a sua elegância e humildade, jamais daria e dará um passo em direção ao estrelato. Mas que ele merecia um lugar ainda mais alto entre os gigantes da História da Música brasileira, não tenho a menor dúvida quanto a isso. Entre tantas e tantas extraordinárias composições, também por motivos particulares, os que na verdade sempre nos fazem sentir algo mais por uma obra artística, seja de que gênero for, "Onde a dor não tem razão" é a minha favorita. E está entre as minhas prediletas considerando-se tudo o que já ouvi.
Curioso que, mais uma vez, escolho uma que não está entre as mais famosas. Não tenho aversão pré-concebida contra os sucessos de qualquer artista, verdadeiro artista é bom que se frise. Porém, há sempre uma pérola meio escondida na obra de cada um. E parece que sempre vou em busca dela, talvez tenha algo a ver com solidariedade ao - não rejeitado - mas ao que é dado pouca atenção. Ou menos atenção que eu considero merecer.
Enfim, para encurtar o papo e irmos direto à música, ela está aqui abaixo com o mestre em ação, acompanhado sempre por músicos da mais alta qualidade, em conformidade com a sua simplicidade refinada, sofisticada. "Canto pra dizer que no meu coração já não mais se agitam as ondas de uma paixão, ele não é mais abrigo de amores perdidos, é um lago mais tranquilo, onde a dor não tem razão..." Isto é plenitude. Sublime. Sublime mestre Paulinho da Viola!