sábado, 7 de outubro de 2017

MÚSICA E FUTEBOL, O BRASIL NO PRIMEIRO MUNDO

Lima e Denílson, em pé. Garrincha, Pelé
e Ivair. Foto retirada do site Terceiro Tempo.
Muitas e muitas e muitas vezes, no auge da revolta e da indignação com a bandidagem e o baixíssimo nível de nossos políticos, responsabilizei o povo brasileiro por este mal que não cessa. Não totalmente desprovido de razão, ainda penso assim. Afinal, os que estão no poder não caíram do céu, vieram desta sociedade cada vez mais doente em que (sobre)vivemos. Porém, também infinitas vezes brequei tão usais frases - mesmo que só em pensamento - como "temos um povinho de merda" e suas muitas variações. 

Abre parênteses: curioso e sintomático falarmos ou escrevermos sempre na terceira pessoa, nunca na primeira. "O inferno são os outros", já bem dizia Sartre. Fecha. 

Sempre que me confrontei para estancar a minha ira, o que trazia ao meu pensamento era o tanto de maravilhoso que emerge deste mesmo povo sofrido, mas não coitado, responsável também por tudo o que de ruim ocorre. Deixemos de paternalismos, de uma vez por todas. Abre e fecha parênteses novamente.

O flamenguista João Nogueira e o tricolor Cartola,
no projeto Pixinguinha, em 1977
Entre o melhor que temos, a nossa música e o nosso futebol são certamente o que de mais lindo oferecemos ao mundo, além das inegáveis e tão decantadas belezas naturais, algo que nunca nos competiu construir, mas destruir, sem dúvida, infelizmente. Claro que não me refiro a quase tudo o que tem feito sucesso nas mídias, nem ao que tem sido apresentado em nossos gramados nos últimos anos. Mas é indiscutível que a música brasileira, com toda a sua variedade de estilos e ritmos, neste misto de simplicidade com sofisticação e de inventividade com técnica, adjetivos que bem podem se juntar ao nosso futebol, está no topo do que de melhor já se fez - e se faz ainda - no Universo. Nos campos, fomos - e espero ainda sermos - responsáveis, especialmente em 1958 e 70, por elevar o futebol ao patamar de Arte, como bem definiu o historiador britânico Eric Hobsbawn ao escrever sobre a seleção do tri.


Mesmo o espírito destrutivo de alguns compatriotas, os 7 a 1 para a Alemanha e o sucesso internacional dos ruídos mais submersos feitos por aqui ultimamente não serão capazes de rebaixar a nossa verdadeira Música e o nosso mais genuíno Futebol. Nestes dois temas - e mais em uns dois ou três, não mais - o Brasil pertence ao Primeiro Mundo. E foi da tabelinha preciosa destes dois riquíssimos aspectos de nossa vida cultural que surgiu Jogada de Música, projeto que hoje está no rádio, mas que em breve estará em outros campos.

Acredito que valorizar o que temos de melhor é a única forma de tirarmos este país do atoleiro em que todos nós o pusemos. Portanto, mãos à obra!



Vídeos: "Só se não for brasileiro nessa hora" (Galvão/Moraes Moreira), com Novos Baianos, e "Aqui é o país do futebol" (Milton Nascimento/Fernando Brant), com Wilson Simonal.

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