Senhores medonhos
da rés púbica
das reses vacuum,
das rezas berradas às trevas
reis das mamatas
destruidores das matas
réus acumuladores
vermes, roedores
de riquezas alheias
Senhores das armas
e das armações
amantes da morte
Senhores medonhos
que tomam de assalto
a República
de veias entupidas
de vãos estúpidos
por vias democráticas
Senhores medonhos
que roubaram
o nosso sorriso
parem de rir
de nossas caras
pois sabemos bem
quais são
os seus medos,
que o esfregar
de seus dedos
e os esgares maliciosos
não lhes trarão
mais benefícios
nossos malefícios
são seus orifícios repletos
de prazeres, privilégios
Senhores medonhos
sabe-se muito bem
qual a medida
de suas estaturas
de seus acro negócios
e todo e qual estrago
se faz a nossas estruturas
do alto de suas baixezas
suas miudezas
e vilezas
Senhores medonhos
sem caráter
é duro, mas indispensável
vencermos o cansaço
de vê-los se apoderar
do poder
e exercer
da forma mais vil
do que já se supôs
alcançar as suas vilanias
Senhores medonhos
queiram ou não
voltaremos a sorrir
mesmo que seja só rir
de suas caras de pau
caras lavadas
de verbas lavadas
Senhores medonhos
não há qualquer novidade
no que nos trazem agora
lá de um passado remoto
a este roto presente
o que espanta é ver
é sofrer de ouvir e ver
um povo ao seu lado
com banzo da escravidão
com saudade ancestral do
chicote no lombo
da chibata e do tronco
Senhores medonhos
tão ardilosos
vós sois tão medrosos
de perder a bocada
de ter de descer a escada
pra ver que a lua
vai nascer quadrada
no obscuro céu
de seus infernos.
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