terça-feira, 30 de abril de 2019

LAMASCAST, NA NUVEM COM OS PÉS A UM PASSO DO CHÃO


Clique acima ou abaixo e vá direto ao que interessa. Agradeço desde já.



Descrição do LamasCast 1:
Programa de estréia, com "Vermelhas Nuvens", de e com Hugo Linns, na abertura; "Sequidão", de e com Eduardo Lamas, durante, e "Improviso", de Antonio José Madureira, com o Quinteto Armorial.
Texto, produção, concepção, criação, gravação, narração edição e tudo o mais: Eduardo Lamas.
Ilustração: Gilvan Samico.

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terça-feira, 16 de abril de 2019

O QUANTO DEVO AO CENTRO DE ARTES UFF


Em conseqüência dos inconseqüentes ataques e das primeiras ações do doutrinário desgoverno federal contra a Educação e a Cultura deste país, a Universidade Federal Fluminense (UFF) suspendeu as atividades deste início de temporada do Centro de Artes UFF por falta de dinheiro. Embora sejam públicas quase que a totalidade das 36 universidades brasileiras ranqueadas entre as 1.100 melhores do mundo, de acordo com a revista inglesa THE (Times Higher Education), é clara e evidente a intenção dos atuais donos do poder de (certamente sucateá-las para) privatizá-las pouco a pouco e restringi-las aos mais abastados. Particularmente, a notícia mexeu muito comigo e remexeu um baú de ótimas memórias.

Minha primeira visita ao Centro de Artes UFF ocorreu no fim dos anos 80, quando fui assistir à cerimônia de formatura como professora de minha então namorada, futura mulher e mãe de meus filhos. Nos últimos meses de 1990 lá estava eu a acompanhando nos seus primeiros passos como atriz, já grávida de meu primeiro filho, nos ensaios noturnos da peça "Coquetel Molotov", de Alvaro Ramos, que a diretora Alice Carvalho levaria ao palco nas primeiras semanas de janeiro de 1991 com os alunos do curso de teatro aberto mesmo para quem não era aluno da universidade. Fiquei tão íntimo daquela turma e da montagem que fui convidado pela diretora para ser um dos responsáveis pela operação de áudio da peça, algo que nunca havia feito, mas que aceitei com grande felicidade, embora não pudesse chegar a tempo para todas as apresentações por causa do meu trabalho no Jornal dos Sports. Foram naquelas noites que minha paixão pelo teatro nasceu e se tornou arrebatadora e definitiva.

Porém, em 1993, eu me mudei para São Gonçalo e, mesmo morando bem distante do Centro de Artes UFF, passei a freqüentar seu cinema com ingresso a preço simbólico e as apresentações gratuitas de música erudita e popular nas manhãs de domingo, muitas vezes com meus três filhos a tiracolo. Seis anos mais tarde fiz lá um dos melhores cursos de que pude participar: Introdução à Cultura Brasileira (Música, Teatro, Literatura, Cinema e Artes Plásticas). Entre outros, tive o imenso privilégio de assistir a palestras e verdadeiras aulas-espetáculos com Jairo Severiano, Marília Barbosa, Ricardo Cravo Alvin, Joel Rufino, Ruy Castro, Ziraldo, Leandro Konder, Gianfrancesco Guarnieri, Nelson Pereira dos Santos, Zelito Viana, Hamilton Vaz Pereira, Claudio Valério, Ithamara Koorax. Nem preciso dizer que saía de lá a cada fim de tarde muito melhor do que entrava.

 Hoje, meu filho mais novo está terminando a faculdade de Geografia na UFF, num campus próximo do Centro de Artes, e por tudo isso não posso deixar de destacar a imensa importância que aquela  universidade de Niterói, em especial seu teatro e seu cinema, ainda tem na minha vida. Portanto, desejo vida longa, eterna, ao centro de Artes UFF!

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domingo, 14 de abril de 2019

MINTO, LOGO MITO (UMA LAMENTÁVEL E FARSESCA TRAGICOMÉDIA)

Minto, logo tuíto
Deus, ainda não sei o que fiz
Pra tantos milhões
me elegerem o Mito

Mito, logo de novo tuíto
Eu avisei que de economia
Só sabia que nada sabia
Que culpa tenho eu
Se o IBGE também
Nada sabe de metodologia
Só o meu Posto Ipiranga
Ah, tá certa a ministra
Ninguém passa fome
Onde há tanta manga
Que nunca acaba
E aquela outra
Que viu Jesus num pé de goiaba?
Aquela que só veste menino de azul
E menina de rosa
Viste o "conje" de Sabugosa,
O meu juiz sabichão?
Eu o convoquei
Depois que me ajudou
a ganhar a eleição

Mito, logo de novo tuíto
Meu governo é frutífero
Veja que belo laranjal
A Amazônia tem que dar lucro
teremos shoppings de um lado
e de outro pasto, soja
e um grande matagal

Minto, logo tuíto
Índio não quer terra,
Não quer apito,
Índio quer iphone,
SmarTV, carro do ano,
Mansão na beira do rio,
Índio quer ser crente que
É gente como a gente.

Mito, logo outra vez tuíto
E se alguém me critica
É por ali que eu grito,
Se xingar minha mãe
Eu xingo a tua
Quem foi o filho da puta
Que chamou meu 02
De Tonho da Lua?
Quem inventou que o Queiroz
Trouxe a grana pra nós?
É tudo mimimi
Nada tenho com mimimilícia
Mimiminha famimimiglia
É honrada, sou honesto
E sou muito bem casado
Com a mimiminha Mimimichele
O que são 24 mimimil
e mais uns mimimilhõeszinhos,
Uma fantasmimiminha aqui
Um Gasparzinho acolá
Perto do que o PT roubou?
A embaixada vai pra Telaviv
Só pra mexer com os mustafá,
os ibrahim, aiatolá
Vamos importar terrorista
Pras armas poder usar
Sou um cara tão famimimília
que vamos instituir
a educação domimimiciliar
Todo mundo armado em casa
protegido de atentado escolar

Mimiminto, logo mimimito
Juntei um time de notório saber
A deforma da Previdência já entreguei
Não tenho mais o que fazer
Talquei?
Que culpa tenho eu
Se o Vélez não sabe navegar
Na educação
Pra consertar, coloquei
um doutor no seu lugar
Que não é doutor
Me enganei
Talquei?

Mito, logo mais uma vez tuíto
Eu adoro uma tortura
Mas neste país nunca houve ditadura
Ficam falando de 64, 64, 64
E que nunca mais me levanto
Se eu cair de quatro,
mas é tudo fakenews!
Tudo bem, não sou nenhum santo
O que importa um incidente qualquer
se depois de 80 tiros
morre um músico
e riem da sua mulher,
Quero ser gentil com o Danilo
Ai, não posso confessar
Mas sinto um negocinho
Quando toco os meus mamilo.
O nosso carnaval é chocante
É orgia atrás de orgia
e ainda me acusam de
divulgar cenas de escatologia

Minto, logo mito
Fui aos States dar um abração
No Trump, meu amigão
Um cara muito confiável
Super-educado, afável
Com ele tá sempre tudo suave
Por isso passei pra ele a nossa chave
Aqui pode entrar quando quiser
Não criaremos qualquer entrave
Mas não se iluda,
Ninguém manda no meu governo
Só o Olavo de Carvalho
Eu te amo, Tio Sam,
Eu te amo

Minto, logo na rede eu mito
De economia, "filolavosofia", agronomia
Nada entendo, sabia?
Mas em História sempre ganhei nota dez
Fui lá em Israel
e depois de me lamentar no Muro
Fui ao Museu do Holocausto
E fiquei muito puto com o que fizeram os nazista
Hitler foi mesmo um demônio
Aquele desgraçado comunista.
Na minha próxima viagem ao estrangeiro
Quero conhecer aqueles povos
Que vivem na parte debaixo do tabuleiro.

Mito, logo tuíto
Na verdade, nunca menti,
que culpa tenho se te iludi
ou desiludi, sou o que sou
Este é um país que vai pra frente
Ou, ou, ou, ou, ou...


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