terça-feira, 8 de julho de 2014

FUTEBOL BRASILEIRO X SELEÇÃO BRASILEIRA

Tostão e Pelé em 1970
O óbvio, Nelson já dizia, é muito difícil de ser enxergado. E demorei mesmo bastante tempo para ver que gosto muito mais do futebol do que da seleção brasileira. Acrescento e explico: do futebol brasileiro que aprendi a admirar muito novo e que me fez querer assistir qualquer partida na TV ou no estádio sempre que possível. E me fez sonhar um dia me tornar um craque da bola - mas só tive alguns bons momentos em asfaltos e calçadas, campinhos de terra batida, quadras de cimento ou taco corrido, gramados mal-tratados e até em poucos "tapetinhos verdes".

Garrincha, Pelé e Djalma Santos em 1958
Antes os sentimentos se confundiam, porque na seleção jogavam os jogadores que mais admirava, tanto no meu time como no de alguns dos meus amigos e de outros que nunca conheci por morarem em outros estados. E eu os via quarta e domingo, no Maracanã ou em casa, sempre com prazer renovado. Talvez hoje goste até mais desse jeito de jogar do que do meu time, que cada vez mais se afasta de tudo que gosto de ver em campo. E por isso tenho visto cada vez menos jogos de nossas competições. Exatamente por causa deste imenso afeto que tenho por este futebol de ginga e elegância, dribles, troca de passes rápidos e lançamentos perfeitos e com efeito, inventividade, agilidade, habilidade que foram rechaçados pro mato, porque o jogo é de campeonato. Não é uma questão de jogar bem ou mal, mas de estilo, filosofia de jogo, característica, cor própria.

O time brasileiro nesta Copa, com raríssimas exceções (Neymar, já fora, e os zagueiros como as principais delas), segue esta linha da botinada na bola e no adversário e da correria desenfreada, com  um meio-de-campo duro e sem imaginação. Por isso não posso torcer por ele, como não torci em 1990, 1994 e 2010. Torcer por equipes como essas seria, guardadas as devidas proporções, como torcer para um fânque, axé, gospel, sertanejo universitário num concurso internacional de "música" só por ser defendido por alguém que nasceu no Brasil. Seria como assistir a uma briga do MMA ou UFC. Seria trair essa minha imensa afeição pelo futebol do meu país, que para mim é uma identidade, como a nossa verdadeira música, a nossa arte.

Falcão, Júnior, Sócrates e Zico em 1982
Torcer para a equipe amarela que joga feio e faz questão de achar isso bonito é torcer contra o que creio e admiro. Não é saudosismo, apenas o desejo que renasça aqui o que muitos países já estão fazendo - mesmo ainda sem grandes gênios da bola - como foi possível ver durante a Copa que acabará no próximo domingo.

No vídeo acima desconsidere a parte inicial, muito ufanista para o meu gosto, e parta direto para alguns dos mais belos gols da seleção brasileira.

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