Leônidas da Silva é carregado por uma multidão ao chegar a São Paulo, em 1942 |
Carmen Miranda deixou o palco mais uma vez muito aplaudida, Leônidas se despediu do Além da Imaginação à francesa e os 4 amigos retornaram à resenha, mantendo o Diamante Negro no comando do ataque.
João Sem Medo: - Meus amigos, mesmo campeão em 35
pelo Botafogo, depois de ter jogado no Vasco, Leônidas deixou o clube por causa
do racismo. E foi parar no Flamengo, onde foi campeão carioca em 39.
Garçom: - É verdade que o Flamengo começou
a ganhar mais torcida por causa dele? É o que ouvi falar.
João Sem Medo: - Depois da Copa de 38,
principalmente, Leônidas virou até garoto-propaganda de chocolate, cigarro...
Idiota da Objetividade: - Leônidas foi um dos homens mais
populares do Brasil na década de 40, dividindo as honras com Orlando Silva, o
Cantor das Multidões, e o presidente Getúlio Vargas, conhecido como o Pai dos
Pobres.
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Sobrenatural de Almeida: - É, Leônidas ajudou o Flamengo a
se tornar popular, mas quando o São Paulo veio ao Rio com um caminhão de
dinheiro para contratá-lo, nenhuma viva alma rubro-negra foi se despedir do
ídolo na Central do Brasil. Isso foi assombroso.
Ceguinho Torcedor: - Mas na capital paulista foi
recebido por uma multidão de filme épico. Até o prefeito o carregou nos ombros.
Foi uma festa que parou a cidade.
Idiota da Objetividade: - Leônidas fez o São Paulo
conquistar cinco títulos paulistas na década de 40 e começar a rivalizar com
Palmeiras e Corinthians, formando o grande Trio de Ferro da Terra da Garoa. O
Homem-Borracha, como Leônidas era conhecido também, levou o São Paulo aos títulos
paulistas de 43, 45, 46, 48 e 49.
Garçom: - Tem uma música aqui que é perfeita pra ilustrar isso aí.
Zé Ary vai ao notebook do bar, ajeita as caixinhas e seleciona a faixa 5 do álbum "Coração de Cinco Pontas", de Hélio Ziskind.
Todos ouvem com atenção, muitos até aplaudem ao fim da
execução da música, apesar de o artista não estar presente ao local.
Ceguinho Torcedor: - Leônidas da Silva foi um gigante
do nosso futebol!
Garçom: - Fico curioso pra saber por que ele não defendeu a seleção brasileira
na Copa de 50?
João Sem Medo: - O técnico Flavio Costa tinha uns
problemas com ele, Zé Ary.
Idiota da Objetividade: - Leônidas da Silva acabou não sendo
convocado para a Copa do Mundo de 1950 pelo técnico Flavio Costa, porque
ambos tinham desavenças desde os tempos
de Flamengo. Muitos anos mais tarde, Flavio Costa admitiu ao jornalista Andre
Ribeiro, que escreveu uma biografia de Leônidas, ter errado ao não convocar o
Diamante Negro para o primeiro Mundial de Futebol realizado no Brasil. No ano
seguinte, em 1951, encerrou a carreira e foi treinador do São Paulo em 73
jogos.
Sobrenatural de Almeida: - É, mas ele mesmo disse que não se
deu bem como treinador, porque tinha um temperamento muito difícil.
Ceguinho Torcedor: - Isso é típico dos gigantes, daqueles que se entregam de
alma. E o que me importa são os atos, os sentimentos. É a alma que está em
questão.
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Idiota da Objetividade: - Posteriormente foi o primeiro
jogador a se tornar comentarista de futebol. O Diamante Negro foi um
comentarista de rádio dos mais laureados.
Os outros três: - Laureados, Idiota?
João Sem Medo: - Ele quis dizer premiados, um dos
comentaristas mais premiados.
Idiota da Objetividade: - Exatamente. E o hino do São Paulo,
embora composto por Porfírio da Paz em 1935, só foi oficializado em 42. Justo
quando Leônidas estava chegando por lá.
Esta série é uma homenagem especial a João Saldanha e Nelson Rodrigues e também a Mario Filho e muitos dos artistas da música, da literatura, do futebol e de outras áreas da Cultura do nosso tão maltratado país.
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