sexta-feira, 28 de maio de 2021

CONTOS DA BOLA: O QUE É QUE SÓ VOCÊ VIU?


Nezinho contava 21 anos de idade quando marcou o mais belo e importante gol de sua curtíssima carreira de jogador de futebol. Foi numa tarde chuvosa de sábado, de um janeiro esquecido e hoje triste, até mesmo para o protagonista desta história que tinha tudo para ser feliz. Naquele dia ele deixou o campo do pequeno estádio da Rua Conselheiro Jariri num misto de euforia e frustração.

Assim começa "O que é que só você viu?" (bordão do locutor Silvio Luiz), um dos "Contos da Bola", livro que você vê e pode adquirir nas estantes virtuais da Livraria da CartolaAmazonAmericanasSubmarinoShoptimeMercado LivreMagazine Luiza e Casas Bahia

Marque um golaço igual ao do Nezinho e tenha uma feliz leitura.

Em breve também em ebook.

Vídeo com foto de KoolShooters no Pexels

quinta-feira, 27 de maio de 2021

CONTOS DA BOLA: O TORCEDOR DE VIDEOTEIPE


Com humor e amor, O Torcedor de Videoteipe abre o livro Contos da Bola e, para uma pequena degustação, publico abaixo o início da história deste personagem que foi inspirado num simpático contínuo do Jornal dos Sports, onde o conheci, bem no iniciozinho dos anos 90.

Sujeito pacato e trabalhador, o Djalma. Adorava uma roda de samba, participava de todas, mas sempre discretamente. Era muito querido em todos os lugares por onde passava: na rua em que morava, nos pagodes e no trabalho. Além do samba, Didi, como era carinhosamente chamado pelos amigos e colegas de trabalho, tinha outra paixão: a seleção brasileira. Era um verdadeiro torcedor, mas diferente. Não era daqueles que ficam discutindo escalação, pedindo Fulano, Beltrano e Sicrano no ataque do escrete canarinho, como ele ainda se referia à seleção. Didi era avesso a discussões sobre futebol e, por isso, poucos se davam conta do quanto ele amava a seleção brasileira, muito mais do que o famoso esporte bretão, como os antigos cronistas e narradores se referiam ao futebol. Um caso ainda mais raro, não tinha clube do coração.

Às vésperas da Copa do Mundo de 1994, porém, a sua fama de torcedor fanático se espalhou. A história começou quando ele resolveu comprar uma antena parabólica com o 13º ganho no fim de 1993 para instalar na sua casinha lá em Vila Kennedy. Com muita dificuldade, ele fez a alegria de dona Guiomar, sua esposa, e dos filhos, que tiveram assim mais opções de divertimento. Didi, porém, só ligava a televisão para ver jogos da seleção brasileira, que então se preparava para o Mundial de futebol que se realizaria nos Estados Unidos. Ele pouco sabia dos campeonatos disputados no Brasil, pois, como já dito, não torcia para time algum, muito menos se interessava em ir ao estádio, a não ser que a seleção jogasse. Como jogo do Brasil no Maracanã passou a ser raro naqueles tempos, é fácil deduzir que Didi não ia mais ao Mario Filho com a frequência dos anos 60 e 70, quando quase sempre o escrete se apresentava no então maior estádio do mundo.

A televisão com a antena nova tinha ficado praticamente esquecida por Didi, até que numa noite ele perdeu o sono e resolveu ir à sala para arriscar um canal e ver se passava algo chato que o fizesse perder a insônia. Muda daqui, muda dali, até que ele se deparou com algo muito familiar. Em um canal que ele guardou o número, mas que jamais saberá de que país pertencia a tal emissora, ele viu a seleção canarinho toda perfilada, cantando o Hino Nacional, momentos antes da estreia na Copa do Mundo de 1970, contra a Tchecoslováquia. A partir daí ele não conseguiu mais dormir. Vibrou, chorou, torceu, esperneou, socou o chão e o ar e xingou, tudo isso aos sussurros, gemidos e grunhidos, com o máximo cuidado para não acordar a sua família e a vizinhança.

Quer ler este conto inteiro e os outros 18 do livro? Ele está à venda em papel na Livraria da Cartola, na Amazon.com.br (também em ebook nos mais diversos países), AmericanasSubmarinoShoptimeMercado LivreMagazine Luiza, UmLivro, Mercado Editorial e Casas Bahia. Na versão digital, você também encontra Contos da Bola no Google Play, no Scribd e, no exterior, na Barnes & Noble

Este gol é imperdível!

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segunda-feira, 24 de maio de 2021

"CONTOS DA BOLA" NÃO PODE FALTAR EM SUA ESTANTE, DIZ SITE DE SC

Como muitos que estão acostumados a vir a este blog devem saber, não nasci no belíssimo estado de Santa Catarina, só moro aqui vai fazer ainda dois anos no fim do próximo mês - o que só me faz agradecer muito por isso. E mais grato, além de surpreso, fiquei ao saber que o site "Orgulho Catarina", por intermédio da jornalista Amelia Schimt, incluiu "Contos da Bola" entre os "12 livros de escritores catarinenses que não podem faltar na sua estante". Clique e leia aqui. 

Recebi esta indicação elogiosa com tanta satisfação que não me permiti sentir um intruso na lista, mas um privilegiado muito bem acolhido. Mais uma vez, é bom que eu ressalte, pois desde que aqui cheguei só recebi carinho e atenção dos mais variados tipos de pessoas. Muito obrigado "Orgulho Catarina", muito obrigado povo catarinense e aos cidadãos que vieram de outros estados e países para viver aqui há mais tempo que eu e minha mulher e que também nos dão boas-vindas o tempo inteiro.

Além da Livraria da Cartola, "Contos da Bola" também pode ser encontrado na AmazonAmericanasSubmarinoShoptimeMercado LivreMagazine Luiza e Casas BahiaEm breve estará disponível também o livro virtual (ebook).

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terça-feira, 18 de maio de 2021

TRÊS HISTÓRIAS COM ROMÁRIO

Romário no jogo contra a Escócia, pela
Copa de 90. Foto do site O Curioso do Futebol
Se no livro Contos da Bola uso a ficção para narrar histórias do mundo futebol, algumas vezes inserindo cenas imaginárias em meio a fatos, alguns históricos, aqui neste texto vou relatar três histórias minhas em que direta ou indiretamente tiveram a participação de Romário. As fotos lá embaixo são de papéis que encontrei em minha arrumação pós-mudança recente de apartamento aqui em Floripa, algo que deveria ter feito bem antes, ainda no Rio, mas - creio - veio na hora certa até para eu poder registrar e revelar aqui estes episódios para você.

Em ordem cronológica, a primeira história é a mais banal, ocorrida no fim dos anos 80, numa boate da Zona Sul carioca que se chamava New Let It Be, onde inclusive trabalhara pouco tempo antes um saudoso amigo do Grajaú, o Almir "Barriga". Fui a uma festa com outro saudoso amigo, com quem trabalhava na Rádio Imprensa FM, o dublador, ator e locutor Andre Filho, e acabei sendo apresentado naquela noite a muitos artistas e jogadores de futebol de expressão. Pois foi lá a única vez em que estive pessoalmente com o gênio da grande área (definição de outro gênio, Johann Cruyff, também já vivendo em outro plano).

Romário já jogava no PSV Eidhoven, da Holanda, e estava de folga ou férias no Brasil. Mal trocamos duas palavras e nos cumprimentamos com um aperto de mãos. Foi só. Porém, como ele sempre foi atração por onde passava, não deixei de observar dois fatos inusitados para mim, especialmente naquela época. Aonde ele ia, dois ou três seguranças o cercavam, o que não era comum entre os craques brasileiros naqueles tempos. As "sombras" do artilheiro não se distanciaram dele nem mesmo quando ele subiu para o andar superior da boate para assistir a um strip-tease muito mixuruca que rendeu mais risos do que tesão na plateia masculina. O outro fato que me confirmou o que já diziam, mas eu não acreditava, é que ele não pôs uma gota de álcool na boca.


Na segunda vez, Romário foi apenas o motivo. Ele havia fraturado a perna num jogo na Holanda há poucos meses da Copa da Itália, em 1990, e o risco de ele ficar fora do Mundial era enorme. Ressalto para contextualizar que ele tinha sido, ao lado de Bebeto, o grande destaque da conquista da Copa América disputada no Brasil, no ano anterior. Portanto, a notícia estourou como uma bomba em todos os jornais, rádios e TVs, e não seria diferente no velho Jornal dos Sports de guerra, onde eu trabalhava. 

Por causa disso, o editor Carlos Macedo me incluiu às pressas na equipe já escalada para ir ao estádio Ítalo del Cima cobrir Nova Cidade x Botafogo, com a incumbência de entrevistar o médico Lídio Toledo, que além de trabalhar no clube alvinegro, servia também à seleção. Tive de esperar a fraca partida acabar, com vitória do Botafogo, por 1 a 0, gol do zagueiro Gonçalves no finzinho do jogo, ir ao acanhadíssimo vestiário onde se alojava o time alvinegro e falar com o médico para apurar o que ele já sabia sobre as condições do Baixinho.

Toda a cobertura daquele dia sobre a fratura de Romário no Jornal dos Sports e a entrevista com Lídio podem ser lidas clicando aqui.

O atacante acabaria sendo convocado pelo técnico Sebastião Lazaroni, mas foi para a Itália mais fazer figuração do que qualquer outra coisa, pois não teve tempo de se recuperar totalmente. Soube algum tempo depois por um integrante da delegação brasileira naquela Copa que numa reunião com Lazaroni, Romário o deixou bem à vontade para cortá-lo, algo nada comum na carreira do Baixinho. Para esta minha fonte, ter mantido Romário no grupo foi um dos grandes erros do treinador naquele Mundial. "Ele teve a faca e o queijo na mão para cortá-lo", disse ou deve ter dito desta forma, minha memória não deve ser tão prodigiosa assim.

A terceira vez foi a que motivou este texto. Quando achei numa velha e surrada agenda de telefones um papelzinho com os números de Romário na época em que atuava pelo Barcelona (1994) tive a ideia de fotografá-lo depois que já tinha amassado e jogado fora. Achei que a história merecia ser contada a partir deste registro que você vê aqui ao lado. 

Convidado por Mauro Cezar Pereira, que tinha sido meu chefe no Jornal dos Sports e já estava editando a revista Placar, em São Paulo, fui fazer um frila para a edição especial da revista sobre os melhores jogadores do Vasco de todos os tempos. Como na época eu trabalhava em outro lugar e o prazo de apuração era curto, não tive condições de fazer os 11, então dividi a tarefa com meu amigo dos tempos de Gama Filho e também do JS, Edir Lima. Romário ficou comigo e lá fui eu buscar de todas as formas o telefone do Baixinho na Catalunha. Naquele tempo, para os mais novos saberem e os mais velhos relembrarem, era com catálogos de telefone e auxílio da Embratel que conseguíamos os números e as ligações para o exterior.

Pois bem, com alguma ajuda de colegas jornalistas descobri que Romário não morava exatamente em Barcelona, mas numa cidade praiana chamada Sitges. A muito custo, depois de ligar para o clube, para algum jornalista espanhol, um assessor do Baixinho, consegui o número certo, mas nunca que ele me atendia. Falei com a Monica, sua esposa na época, mais de uma vez. Então resolvi mandar um fax (um fax!!!!) com o pedido de entrevista explicando o motivo. Só que continuei no vácuo. Até que, não me recordo se por uma mágica palavra-chave que usei ou minha insistência foi suficiente para vencer a resistência do artilheiro, consegui falar com ele. O início do diálogo vale muito mais que a matéria publicada e foi mais ou menos assim:

- Oi Romário, tudo bem?

- Tudo.

- Queria falar contigo para pegar um depoimento seu para a revista especial da Placar com os melhores jogadores do Vasco de todos os tempos. Você recebeu o fax que enviei pra você?

- Recebi.

- E o que você achou da escalação dos 11, da sua presença entre tantos jogadores históricos do Vasco? (lembrando que até então, Romário só havia jogado no time principal do clube cruzmaltino, de 1985 a 89, com conquista do bicampeonato carioca de 87 e 88)

- Não achei nada, eu não estou no time.

- Como não está, é por isso que o procurei e mandei o fax, tem a escalação aí: Barbosa... Jorge... Ademir Menezes, Roberto Dinamite e você.

- Ah, eu?

- Sim, você (não lembro se cheguei a dizer, mas poderia ter frisado: "Sim, você é você, ninguém mais!")

Daí em diante ele se soltou e foi muito simpático até.

A matéria você encontra clicando aqui.

Este trabalho para a Placar, aliás, rendeu outra ótima história de bastidores, com o ex-lateral-esquerdo Jorge, que fez parte do Expressinho do Vasco nas décadas de 40 e 50, mas esta conto em outra oportunidade.

Reprodução da revista Placar

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quarta-feira, 12 de maio de 2021

"CONTOS DA BOLA" É UMA CAIXINHA DE 19 SURPRESAS

 

Dizem os antigos - e virou há muito um clichê - que o futebol é uma caixinha de surpresas. Pois em Contos da Bola você terá 19 oportunidades para se surpreender, com histórias que farão você rir, se emocionar, se identificar, refletir, questionar, recordar (é viver!)...

O livro está em campo na Livraria da CartolaAmazonAmericanasSubmarinoShoptimeMercado LivreMagazine Luiza e Casas Bahia.

Em breve estará disponível também o livro virtual (ebook).

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Elogio ao futebol
Devotos do dinheiro

segunda-feira, 10 de maio de 2021

"CONTOS DA BOLA" NA CAPA DO PORTAL "MAISPB"

No sábado passado, dia 7, tive mais uma ótima notícia vinda do Nordeste, desta vez da Paraíba, terra natal de grandes artistas que tanto admiro como Ariano Suassuna, José Lins Do Rego, Walter Carvalho, Zé Ramalho, Elba Ramalho, Geraldo Vandre, Jackson do Pandeiro entre tantos outros, e no mundo da bola, terra do Maestro Júnior e Mazinho  (ex-Vasco e seleção campeã em 94) e outros. Por intermédio do jornalista Kubi Pinheiro, do portal MaisPB, tive o imenso privilégio e a alegria de  ocupar com o livro Contos da Bola a seção Entrevista MaisPB,  mesmo espaço em que já estiveram Gal Costa, Alceu Valença, Marina Lima, Adriana Calcanhotto, Jards Macalé, Nana e Dori Caymmi, Marcos Valle, Roberto Menescal, Fabrício Carpinejar etc. 

Foi sem dúvida uma das melhores entrevistas que já concedi e a que mais tive a oportunidade de expor como encaro o meu ofício de escritor, especificamente o trabalho que realizei para criar Contos da Bola. E também fazer algumas revelações sobre minha vida pessoal, da infância à vida adulta, desde a minha paixão pelo futebol, como pelo teatro, a literatura, as artes em geral, a experiências no jornalismo.

Minha gratidão eterna a Kubi Pinheiro (e também ao Portal MaisPB), pela generosidade das palavras, das perguntas, do espaço e do trato comigo. Caso queria ler a entrevista completa, é só clicar aqui.

O livro continua à venda na Livraria da CartolaAmazonAmericanasSubmarinoShoptimeMercado LivreMagazine Luiza e Casas Bahia. Em breve estará disponível também o livro virtual (ebook).

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quinta-feira, 6 de maio de 2021

A CORRIDA DA MORTE NO "JORNALISMO"

Foto originalmente publicada no site "Brasil Escola", do UOL

Para começar e não deixar qualquer sombra de dúvida com relação à minha posição: o Jornalismo é fundamental. Ainda mais nos dias de hoje, neste país. Não fosse o Jornalismo (assim, com letra maiúscula), a boiada inteira já haveria passado com madeira ilegal no lombo, os equinos do poder estariam ainda mais despudorados e a cloroquina com agrotóxicos proibidos em várias partes do mundo estariam nas refeições diárias de quase todo brasileiro.

Paulo Gustavo
Dito isso, vamos ao que me trouxe aqui: a antecipação da morte de Paulo Gustavo publicada em alguns sites na tarde da última terça-feira (04/05). A sanha de querer ser o primeiro a dar uma informação, mesmo que segundos antes de um concorrente, nas ávidas mãos de maus jornalistas ou pseudojornalistas não respeita nada, nem ninguém, só a sua própria vaidade. Furo jornalístico neste caso não existe, ainda mais sabendo-se que a notícia da morte de alguém tão famoso como o comediante, já com sua saúde em estado muito grave, correria com a velocidade da luz. E foi o que ocorreu em alguns veículos, só que na hora errada.

O debate - importantíssimo - sobre este fato, começou num grupo do whatsapp do qual participo ainda no fim da tarde de terça, horas antes do falecimento de Paulo Gustavo, porque já se confirmara a barriga (como no meio jornalístico se chamam, ou se chamavam, as falsas notícias publicadas por erro de apuração. fake news é outra coisa, crime inclusive). Em virtude disso, lá mesmo, um dia depois, contei duas histórias que vivenciei de formas diferentes com o objetivo de ilustrar o debate.

Zuenir Ventura
Comecei pela mais recente, embora já tenha mais de 20 anos isso. Eu trabalhava no Globo Online, nos primeiros anos de internet no Brasil (segunda metade dos anos 90), quando alguém disse que a Agência Estado estava noticiando a morte de Zuenir Ventura. Acho que foi em 1998 ou 99 isso. Houve um corre-corre natural, acredito que na redação do jornal também tenha ocorrido, mas naquela época estávamos em outro prédio e não deu para ver, saber. Mauro Ventura, creio que na época colunista do Jornal do Brasil, ficou desesperado, até porque não conseguia falar com o pai. Tinha estado no mesmo dia com ele num debate, palestra ou seminário e depois cada um seguira seu rumo. Ressalte-se que celulares naqueles tempos eram aqueles tijolões que nem tantos possuíam e nem sei se o Zuenir tinha, acho que não.

No fim, soube-se que o (ou a) repórter que deu a "notícia", confirmou a informação que recebera de alguém com a empregada da casa do Zuenir. Nem sei se existia essa empregada, se ele (ou ela) ligou para o número certo (muitas vezes liga-se para um e cai em outro, até hoje, com toda tecnologia existente), nem sei como foi a abordagem. Só sei que na pressa (não confundir com velocidade), no afã de dar o furo, deu-se uma barrigada estrondosa. Zuenir continua vivão, na ativa e completa 90 anos em 1º de junho.

Renato Russo
A outra foi sobre a morte do Renato Russo, em outubro de 1996. Quem primeiro deu a notícia foi a Agência O Globo, onde eu trabalhava desde janeiro de 95. Minha amiga Valéria Rehder foi a  responsável pelo furo jornalístico. Eu e ela éramos os primeiros a chegar de manhã à Agência, às 7h, num tempo de transição que chamo de Era da Pré-Internet, quando o noticiário em tempo real da agência, 99,9% de Economia e Política, funcionava de 9h às 17h (o mesmo do mercado financeiro) e só era recebido por quem adquirisse o pacote da Agência. O assinante tinha direito a um computador específico para poder ter acesso às informações em tempo real. 

Pois bem, Valéria recebeu um telefonema bem cedo de algum amigo ou amiga em comum dela e da família do Renato Russo com a notícia de que o cantor e compositor da Legião Urbana falecera. Era fonte fidedigna, não tinha erro, mas ela não abriu a agência antes do horário (como ocorria quando acontecia algo extraordinário) enquanto não conseguiu o telefone da casa do Renato Russo ou de algum familiar e confirmou a informação dada por uma pessoa identificada da família. Ainda assim, mesmo eu dizendo que ela não devia temer nada, pois tinha feito tudo corretamente, ainda nervosa, abriu a agência antes do horário regulamentar, como mandava o protocolo, e publicou a notícia.

Mais nervosa ficou e eu também fiquei bem apreensivo quando avistamos Ali Kamel, então ocupante dos cargos mais altos do jornal, vindo como uma seta do outro lado da redação (a equipe da Agência O Globo ficava no fundo da antiga redação em L do jornal, na pequenina Rua Irineu Marinho 35, atrás das editorias Internacional e Segundo Caderno. Para quem conheceu, ficava no lado oposto ao da  lanchonete da redação). Naquele momento, alguns outros companheiros já haviam chegado para trabalhar. A cara do Ali era a mais séria possível e ele perguntou: "Quem deu a notícia da morte do Renato Russo?" Valéria se "acusou". Ele fez mais duas ou três perguntas de como tinha sabido e apurado. Ao ouvir as explicações, disse, mais seco que o mais árido dos sertões: "Parabéns!". Deu às costas e voltou para o seu aquário (as salas de vidro onde trabalhavam os peixões, ou seja, os editores).

Ressalto que o (ou a) repórter do Estadão, que nem sei quem foi, pode ter aprendido a lição e ao longo da carreira se recuperado do erro que cometeu. Inexperiência pode ser uma das causas. Porém, tudo isto - e muito mais - só prova que o Jornalismo não é, não pode ser, para qualquer um.

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A propósito do jornalismo, o que tenho eu a dizer
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terça-feira, 4 de maio de 2021

O JOGO NÃO COMEÇA, NEM ACABA COM O APITO DO JUIZ

Alguém já deve ter dito isto, mas como ser inédito em matéria de futebol após mais de um século e meio de bola rolando é quase impossível, ouso não ser original: uma partida não se resume aos 90 minutos regulamentares, nem incluindo seus acréscimos, prorrogação e pênaltis, se houver. Um jogo de futebol, ainda mais aqueles mais importantes, começam muito antes do apito inicial e, em alguns casos, nunca terminam.

Pelé se prepara para fazer o gol da vitória sobre o Paraguai, nas eliminatórias da Copa de 70,
no Maracanã. Nesta partida registrou-se o maior público pagante da História do estádio: 183.341

E isso vale não só para os artistas do espetáculo, o trio de arbitragem, comissão técnica dos times, toda a gama de pessoas envolvidas dentro dos clubes (até um terceiro, um quarto ou mais interessados direta ou indiretamente no resultado) e seus torcedores (e os fãs dos demais times atentos por motivos objetivos e subjetivos). Talvez, ou melhor, certamente ainda se possa acrescentar pessoas que nem querem saber do jogo, mas são parentes, amigos, familiares, colegas de trabalho de alguém tão ligado naquela partida que de alguma forma influirá no humor (mau ou bom) de quem estiver por perto.

A carga de emoções levadas a campo é inimaginável. Etéreas, muitas; palpáveis até, algumas. O Sobrenatural de Almeida, personagem-fenômeno genialmente criado por Nelson Rodrigues, explica muito, sintetiza o que desejo abordar aqui, pois o inusitado, o inesperado, enfim, o sobrenatural pode explicar os acontecimentos, os gols e não-gols que determinam o resultado final de uma partida de futebol. Explicar não é bem o termo, mas induzir a algum entendimento, a uma lógica, a uma ordem que contém tantas variantes físicas, emocionais e espirituais que fica impossível alcançar os reais ou surreais motivos do placar final, e todo andamento, a influência de um montinho artilheiro, de um efeito na bola, do erro do árbitro (mesmo com auxílio do VAR), do frango, da desatenção mesmo em disputas tão tensas etc.

Expectativa, desejo de consagração, sonhos, realização, alegria, explosão de emoções, lágrimas, vida. Lágrimas de vida! 

Apreensão, desejo de revanche, frustrações mal resolvidas, mal digeridas, ódio, violência, choro, morte. Choro de morte!

Futebol.

Quantos ancestrais e antepassados de cada um dos milhões de envolvidos num jogo também não participam de alguma forma dentro e fora de cada indivíduo, influenciando no campo e fora dele, no andamento, nos acontecimentos de uma partida? Não citei jornalistas, radialistas, locutores, repórteres, comentaristas. Pois é, ainda tem mais estes. E maqueiros, funcionários do estádio e dos clubes...

Definitivamente, uma partida de futebol é muito, muito mais que um jogo de 11 contra 11 que se desenrola dentro das quatro linhas do gramado, com um árbitro e dois bandeirinhas. Como iniciei dizendo, começa muito antes e, em alguns casos, continua sendo jogado, arbitrado, comentado, criticado, exaltado, modificado, reinventado.

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Um ótimo exemplo é aquele Brasil x Itália do dia 5 de julho de 1982. Quantos "se", dos mais diversos, originais e repetitivos, você já ouviu sobre aquele jogo? Aquela - que continua sendo eternamente esta - é uma partida que me marcou profundamente e não falo só por mim, claro. Porém, como é talvez o jogo marcante de toda uma geração, da minha geração, não podia deixar de contá-lo num livro. E, em "Contos da Bola", o "5 de Julho de 1982" é apenas uma outra versão da mesma história tantas vezes contada, recontada, adaptada, das mais variadas formas.

Neste caso, o do livro, ali estão cinco garotos, mais a mãe e o tio de um deles, vivendo todas as emoções daquela derrota que se tornou "tragédia". Uma pequena pausa para um desvio rápido de rota: curioso que as "tragédias" no futebol brasileiro sempre foram caracterizadas por jogos perdidos dramática e milimetricamente, em que um, dois, três, poucos lances são lembrados, relembrados, remoídos com os tais "se" (a bola tivesse entrado, o goleiro defendido, o juiz marcado pênalti etc), enquanto um escandaloso 7 a 1 não passe de piadas, embora também lembradas, relembradas e remoídas.

Mas, voltando a 82 e ao livro, como ocorreu com muitos meninos (e meninas também, claro), aqueles cinco tiveram de dar um jeito de prosseguir o jogo depois do apito do árbitro israelense Abraham Klein. E continuam retomando em suas memórias, vez por outra, as sensações e as recordações daquele dia. O futebol nunca mais foi o mesmo, nem aqueles cinco, milhões de meninos (e meninas, jovens, adultos e maduros), depois daquela partida. E ela continua sendo jogada, comentada, criticada, exaltada, modificada, reinventada, inclusive nas páginas de Contos da Bola.

Aproveito para convidar você a ler este e os outros 18 contos do livro. Ele é facilmente encontrado nas seguintes lojas online (clique num dos nomes para ir direto ao site): Livraria da Cartola, AmazonAmericanasSubmarino, Shoptime, Mercado Livre, Magazine Luiza e Casas Bahia. Um time tão bom no papel como no ebook. 

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