quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

EBOOK "DIFÍCIL É SER HOMEM" ESTÁ DE VOLTA


Após ficar por um tempo fora de venda, o ebook "Difícil é ser Homem" volta à Amazon do Brasil e de mais 12 países (veja a relação abaixo, com seus respectivos links).

A obra literária, a sexta das oito já publicadas com a autoria do escritor Eduardo Lamas Neiva, traz 14 monólogos masculinos e femininos. Nos relatos, personagens repassam suas vidas para alguém oculto, envoltos em memórias, “pensentimentos” ou apenas conversam com um ouvinte que nada opina, comenta ou pontua. Não expressamente, pelo menos. 

Este material imaginativo, introspectivo, questionador e libertário, com narrativas muitas vezes escritas em fluxos de memória, abarca pessoas solitárias, saudosas, saudosistas, nostálgicas, angustiadas, esperançosas, críticas e criteriosas na busca de suas próprias verdades e do mundo.

Elas debatem – antes de tudo - consigo mesmas as suas contradições, loucuras e sobriedades, os labirintos em que se encontram na busca da libertação de remorsos, questionamentos e melancolias, do encontro ou reencontro com uma alegria viva. Todas envoltas em monólogos internos, interiorizados, ou direcionados a alguém ou algo.


- Muitos destes textos nasceram para o palco, um deles inclusive, “Sentença de vida”, um monólogo feminino, foi apresentado em teatros do Rio de Janeiro, de Niterói e São Gonçalo, entre 2002 e 2003. Acredito que quase todos os monólogos ainda podem ser encenados, mas senti a necessidade de oferecê-los ao público leitor que procure textos mais densos, questionadores – afirma Eduardo.

Além da Amazon do Brasil, o ebook está à venda em
 mais 12 países: Estados Unidos (amazon.com), Reino Unido (amazon.co.uk), França (amazon.fr), Alemanha (amazon.de), Espanha (amazon.es), Itália (amazon.it), Holanda (amazon.nl), Canadá (amazon.ca), México (amazon.com.mx), Japão (amazon.co.jp), Índia (amazon.in) e Austrália (amazon.com.au). O ebook de monólogos também está disponível no sistema Kindle Unlimited (saiba mais clicando aqui).

- Sem qualquer comparação de valor artístico com a obra-prima musical de Saint-Preux, são como concertos para uma só voz. No entanto, cada uma representa certamente milhares, quem sabe milhões, de vozes. Muitas se debatendo dentro do próprio personagem. “Difícil é ser Homem”, o monólogo, creio que seja um inventário de toda uma geração, a minha geração, com seus retumbantes fracassos, sua eterna nostalgia e suas conquistas também, claro. É uma geração que, por um lado busca os caminhos de uma vida mais consciente, a minoria, e, por outro, dita os descaminhos dos sem rumo deste país perdido e maltratado, a esmagadora maioria, infelizmente. Embora não perceba ou não queira admitir, é a grande responsável pela geração que tanto critica, a de seus filhos.

Antes deste ebook de monólogos, Eduardo publicou de forma independente “Profano coração” (2015, reedição), “Sutilezas” (2019) e “Cor própria” (2022), de poesias, e “O negro crepúsculo”(2016), um romance poético. Pela Cartola Editora, teve reeditado em 2021 “Contos da bola”,  que originalmente fora publicado em 2018, pela Livros de Futebol. Além deles, publicou recentemente o conto “Atrasado” em ebook na Amazon e tem um conto chamado “O sofá”, na coletânea “Lascívia”, da Cartola Editora.

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Para levar adiante aquilo que você realmente acredita, ama, e trata como missão, vocação, será preciso inúmeras vezes enfrentar a desconfiança, a indiferença da grande maioria, algo que considero muito pior que a crítica desfavorável. Se eu não tivesse a plena confiança no que faço, no que escrevo, já teria desistido há décadas. Como desistir, neste caso, não faz parte dos meus planos, aqui está meu sexto livro publicado. Espero que esses 14 monólogos despertem interesse.

Veja também:
"Cor própria", o primeiro que veio a ser o quinto
"Contos da bola" está na rede


O autor

O escritor e jornalista carioca Eduardo Lamas Neiva, morador de Florianópolis desde 2019, é o idealizador do projeto Jogada de Música, que deu nome a um quadro dos programas esportivos da Rádio Globo Rio Panorama Esportivo do Pop Bola e Zona Mista, entre janeiro de 2017 e março de 2018, e coluna semanal no site do Pop Bola. De  janeiro de 2019 a dezembro de 2020 foi coluna mensal no site do Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB). O projeto é fruto de pesquisa realizada desde 2015 sobre as músicas que contam, cantam e tocam a História do futebol brasileiro.

Recebeu em 2001 o prêmio de Destaque Especial nas categorias conto, crônica e poesia do IV Concurso Literário "A Palavra do Século XXI", de Cruz Alta (RS). É autor das peças teatrais "Sentença de Vida", encenada entre março de 2002 e maio de 2003, no Rio de Janeiro, em Niterói (RJ) e São Gonçalo (RJ), e “A confissão”, a ser apresentada pela Oráculo Cia de Teatro, em breve. É também autor dos livros "Profano Coração", lançado em 2009 no formato físico, e em 2015 em formato digital; "O negro crepúsculo", lançado na versão digital em 2016 e no tradicional, em 2017; “Sutilezas”, lançado como ebook em 2019, e “Contos da Bola”, lançado originalmente em 2018 na versão digital e relançado, pela Cartola Editora, nos dois formatos, no início de 2021.

Como jornalista trabalhou, de 1988 a 2013, nos mais importantes veículos de comunicação do Rio de Janeiro, entre eles rádios Imprensa FM e Tropical FM, Jornal dos Sports, Agência Sport Press, Agência O Globo, O Globo Online, O Fluminense, Lance Multimídia, Revista e Agência Placar, site Pelé.Net, Oi Internet, Jornal do Brasil e Globoesporte.com. Foi colunista do jornal O Fluminense (Niterói-RJ), entre 2001 e 2002; do jornal e site Portal (Rio de Janeiro), de 2014 a 17 e de 2019 a 20 (com um podcast), e do portal Mais PB (João Pessoa), entre 2022 e 23. Tem ainda este blog (desde 2008) e é entrevistador na Região Sul do país do site e canal Museu da Pelada do Youtube na Região Sul, desde outubro de 2019.

De 2012 a 2016, atuou como sócio-diretor da Mais e Melhores Produções Artísticas, e de 2017 a 2020, da Estação Pró-Vida – Saúde, Arte e Desenvolvimento Humano.

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quinta-feira, 23 de novembro de 2023

GERMÁN CANO, O OSCAR SCHIMDT DO FUTEBOL

Germán Cano. Foto: AFP
Oscar Schmidt. Foto: Fiba
Germán Cano é o Oscar Schmidt do futebol. Peço desculpas por logo no início deste texto praticamente repetir o que está no título da postagem. É só uma questão de ênfase, pois é de intensidade, continuidade, persistência, obstinação que se trata o que publico aqui e agora.

Cano, hoje, e Oscar, no seu tempo de grande jogador de basquete, são e serão reconhecidos pela obsessão por bola na rede. Para eles nunca houve distância da meta que os impedisse de tentar colocá-la no alvo. Não há medida, nem mesmo equilíbrio preciso para a necessária obstinação de alcançar a plena felicidade de se comemorar um tento. 

Saem e saíam por vezes arremates tortos, risíveis, irritáveis até. Porém, não se envergonhar de ter sempre os olhos, a alma, todo o corpo e o espírito entregues inteiramente ao jogo, todo o ser na partida voltado unicamente para a busca incessante pelo objetivo maior, o claro objeto do desejo de todo artilheiro ou cestinha, é o que os distinguem dos demais.

Veja também:
Setenta vezes Maracanã
Um Fla-Flu e um herói quase esquecidos no tempo

Sim, ambos também doam e doaram a sua cota de sacrifício tático ao time, participando da marcação e permitindo, vez por outra que um companheiro também possa (pudesse) brilhar. Mas isso é um acréscimo quase supérfluo, diante do que representam na memória do torcedor. Como também é mero detalhe o fato de o número 14 estar ligado a ambos.  

Tanto pra um, quanto pro outro, o impossível inexiste. E o infinito é alcançável, pois até a linha que normalmente delimita a idade para a prática do esporte pro qual nasceram é elástica e jamais arrebenta. No máximo é guardada para outras lutas da vida quando o momento, o tal infindável, chegar.

Veja também:
Os maiores jogos de todos os tempos 5
Três histórias com Romário
Contos da Bola: Tino
Uma coisa jogada com música - Capítulo 1

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

DINIZ, SERVIDOR DE DOIS AMOS

Fernando Diniz, técnico da seleção brasileira e do Fluminense. Foto: Getty
Desde que soube que Fernando Diniz havia aceitado a proposta da CBF para ser técnico da seleção brasileira (interinamente ou não, sabe-se lá se Carlo Ancelotti vem mesmo) sem deixar o comando técnico do Fluminense, logo me recordei da comédia de Carlo Goldoni, "Arlequim, servidor de dois amos" ("servo de dois mestres", ou "de dois patrões", dependendo da tradução. Prefiro a que citei primeiro).

Não que este fato seja novidade por aqui, ocorreu seguidas vezes até o fim da década de 70, mas surpreende pelo total anacronismo e também pelas sérias questões éticas que abrangem este acúmulo de cargos no futebol atual, ressaltando que quase sempre convocar um jogador de clube brasileiro é desfalcá-lo em jogos importantes. Ponha-se como atual o das últimas 3 décadas.   

Peço licença a você para resumir a primorosa comédia do italiano Goldoni que estreou em 1746. Com o objetivo de comer e viver melhor, Arlequim trabalha ao mesmo tempo para os apaixonados Florindo e Beatriz, que separados pelo destino desejam se reencontrar. Embora achasse que não teria grandes problemas ao aceitar os dois empregos, não são poucas as confusões em que se mete Arlequim, até porque o casal não sabe que ele trabalha para ambos simultaneamente.

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O teatro e o futebol
Futebol, uma metáfora da vida

No caso de Diniz todos, inclusive os dois patrões, sabem muito bem a quem ele serve. Porém, o técnico também achou que não teria tão grandes problemas acumular o cargo em dois lugares de tão grande importância, porém as trapalhadas num dos empregos, o da seleção, não são poucas. 

Claro, não direi jamais que fosse fácil recusar o convite da CBF, que a meu ver nunca deveria ter feito tal proposta (até por ainda crer que Diniz não seja o mais indicado para dirigir a equipe brasileira e por achar que nunca se deveria esperar tanto tempo por outro treinador, por melhor que seja). No entanto, no meu modo de ver, Diniz não resistiu à tentação de ceder a uma ambição. 

Meu amigo tricolor Ecio, que já foi personagem em antigo texto que publiquei aqui, discorda frontalmente de mim com relação ao que chamo de ambição do treinador. Que ótimo que amigos possam discordar com argumentos plausíveis. Duro é quando são risíveis (ou, pior, choráveis). Mas isso é outro papo.

Voltando ao Diniz, que foi o tema central de dois programas do canal Comendo a Bola dos quais participei recentemente (veja nos vídeos abaixo). Com mais sorte do que juízo nas semifinais contra o Inter, o treinador acabou levando o Fluminense, com merecimento, ao primeiro título continental de sua História e obteve sua primeira conquista de grande expressão na carreira, ao derrotar na prorrogação o Boca Juniors na final da Libertadores. Mas mesmo entre torcedores de seu clube, seu cartaz ainda oscila entre o amor e o ódio.



Na Copa do Brasil, o Flu caiu nas oitavas de final para o Flamengo, um time que acumulou vexames ao longo do ano, inclusive na final do Carioca, quando foi goleado pelo próprio Tricolor, por 4 a 1. E no Brasileiro faz uma campanha medíocre. Sem mais nada a fazer, a não ser cumprir tabela na principal competição nacional (embora a CBF ache que é a Copa do Brasil), agora é ver o que o time de Diniz fará no Mundial Interclubes. 

Seu padrão (o que é preocupante, a padronização) de jogo é muito arriscado, mas até bonito de se ver. E, quando tudo dá certo, é de uma eficiência que ninguém põe dúvida. Já quando algo dá errado, ele escala um meio-campo despovoado de atletas e ideias, seu sistema defensivo bate cabeça e do outro lado há um treinador menos medroso que Eduardo Coudet e atacantes mais inspirados que Enner Valencia...

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Ode ao Futebol-Arte
E 38 anos se passaram

Na seleção brasileira, onde não tem - e não terá - tempo suficiente pra treinar seus jogadores convocados (muitos dos quais apenas medianos, o que acrescenta mais um dado - ou dedo - de crítica ao seu trabalho) a coisa pesa bem mais. E, provando a lógica de que servir a dois amos no mínimo pode trazer muitos problemas, já quebrou dois recordes negativos em tão pouco tempo de trabalho: pela primeira vez a seleção perdeu 2 jogos seguidos nas eliminatórias (com o 1 a 0 para a Argentina aumentou a marca para 3) e também foi pela primeira vez derrotada em casa na etapa de qualificação da América do Sul para uma Copa do Mundo. 

Se a peça de Goldoni tinha um estilo teatral renascentista chamado Commedia dell'Arte, Diniz, contratado para fazer, com seu pretenso futebol-arte, a seleção renascer, após tantos fracassos, pode estar simplesmente dando prosseguimento à Tragédia sem Arte inaugurada nos 1 a 7 para a Alemanha, no Mineirão, em 2014.

Sangue e porrada no Maracanã

Entretanto, tragédia mesmo foram as ações e as omissões de CBF e Polícia Militar no Maracanã antes do jogo entre Brasil e Argentina começar. Um show de incompetência e violência que ganhou mundo e envergonharia qualquer sociedade. Porém, a nossa, no atual estágio em que se encontra, parece achar até divertido ou mais motivo para babar seus ódios nas redes sociais e nas ruas contra si e o inferno, ou seja, os outros.

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A primeira entrevista internacional
Seleção brasileira, a bagunça como método
Cinema, música e futebol no YouTube
"Uma coisa jogada com música" no Museu da Pelada

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

DE CARONA COM EURICO MIRANDA

Vou pegar uma carona com o recente lançamento da série "A mão do Eurico", do Globoplay, pra contar uma história curiosa que vivi com Eurico Miranda e que pode surpreender muita gente. O fato ocorreu em 1991, quando eu era um dos repórteres do Jornal dos Sports que cobriam o dia a dia do Vasco e Eurico, o vice-presidente de futebol do clube.

Éramos três setoristas no Vasco para escrever matérias sobre o clube que ocupasse, juntamente com as fotos, uma ou duas páginas diárias no Cor de Rosa, num tempo em que a área impressa de uma página standard de jornal tinha a largura de 33cm (atualmente é de 29,7cm, por 56cm de altura). 

Pela manhã, normalmente quem ia a São Januário ou onde o time estivesse treinando era o saudoso Eliomário Valente, que já deixava boa parte do trabalho feito. À tarde íamos eu e Virgílio Neto, que na época assinava Sebastião Virgílio.

Numa tarde provavelmente posterior a dia de algum jogo do Vasco, Virgílio devia estar de folga ou cobriu a do Eliomário pela manhã, pois fui só fazer o meu trabalho em São Januário. Como o jornal fecharia mais cedo, não haveria tempo pra que eu saísse do clube e voltar pra redação escrever as matérias. Então tive de passar o que apurei pelo telefone (discado!) da sala de imprensa pra algum redator redigi-las (em máquinas de escrever!).

Veja também:
O torcedor de futebol
Três histórias com Romário


Depois de tudo passado, pedi ao redator que pedisse ao chefe de reportagem (José Luiz Laranjo, Sérgio du Bocage ou o saudoso Marcelo Reis) que mandasse um carro do jornal me buscar. E pus-me a esperar. Como demorou, liguei novamente pra redação e me informaram que o carro já estava a caminho. Pus-me novamente a esperar. Esperar...

Já estava com cara de cachorro abandonado no hall de entrada do estádio quando surge Eurico Miranda. Ele se surpreende com minha presença ali naquele horário e me pergunta:

- Ainda está aí?

- Sim, acho que o jornal se esqueceu de mim.

- Está indo pra onde?

- Moro no Grajaú, mas o carro do jornal me levaria pro Centro (onde ficava a sede do jornal).

- Vamos lá que te dou uma carona até o Centro. Se eu fosse pra casa do Angioni (Paulo, supervisor do Vasco na época, atualmente diretor executivo do Fluminense) te levaria em casa.

Aí quem se surpreendeu fui eu. Não que tivesse algum problema pessoal com ele, mas é que jamais imaginei que um dia ganharia uma carona do Eurico. E ainda fiquei sabendo que o Paulo Angioni morava no mesmo bairro que eu, informação que pra nada serviu, apenas pra ter certeza um tempo depois que foi mesmo Eurico que passou por mim de carro numa rua do Grajaú.


Estávamos a alguns meses da eleição que seria realizada no início do ano seguinte e que manteria Antônio Soares Calçada na presidência por mais três anos (foram 18 ao todo, de 1983 ao início de 2001, quando foi substituído justamente por Eurico). Aproveitei a oportunidade de estar a sós com ele pra fazer perguntas sobre se pensava em se candidatar, quem apoiaria etc. E assim já teria matéria apurada pro dia seguinte. 

Normalmente ríspido e ou sarcástico no trato com os repórteres de rádio e jornal (os de TV só apareciam esporadicamente) que frequentavam quase que diariamente o clube, Eurico, depois da generosidade de me oferecer a carona, mostrou-se simpático nas respostas, um lado que certamente poucos conheceram. Tive esta sorte. Pelo menos naqueles 20 ou 30 minutos entre São Cristóvão (hoje, bairro Vasco da Gama) e o Centro do Rio.

Veja também:
O primeiro hexa foi o Palmeiras
"Contos da bola", quem lê recomenda


Quatro dias após publicar este relato acima, pesquisei com calma e encontrei a matéria que escrevi pro Jornal dos Sports. Ela foi publicada no dia 24 de agosto de 1991. Veja abaixo:

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

NAU POESIA: ÀS SUPOSIÇÕES DA SUBJETIVIDADE

Sim, tenho ciência
E tranquila consciência 
De que é preciso
Ter em certas ocasiões 
Certificados, certificações 
Mas que também é 
Impreciso, porém necessário
E muito desejável
Diversas imprecisões 

Pois que pra cura não tem remédio 
Pra quem quer remediar a vida
E viver remendando marcas e feridas
Com fármacos, pílulas, silicones, 
Tonificantes, suplementos,
Com pequenas ou fortes dosagens

Pois é claro e evidente 
São apenas miragens, paisagens
Superficialidades aparentes
Evidentes aparências
Com futuras e graves
consequências
 
E são loucos devaneios
Sem qualquer resquício de pudor
Lagos, rios, pássaros, mares,
Flores, árvores e suas folhagens
Tudo o que se exibe todos os dias
A quem quer ver, ouvir, sentir
Sua incomensurável e
 divina beleza
Tornar-se descartável ou mera utilitária
Toda variada e exuberante Natureza.



Veja também:
Nau Poesia: Amores
Poesia cantada: Que me diz você?

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terça-feira, 10 de outubro de 2023

ENTREVISTA COM EDMUNDO AINDA NOS JUNIORES DO VASCO

Edmundo em 1992. Foto:Vasconotícias

Em janeiro do ano passado, quando o Globoesporte.com publicou matéria sobre a estreia de Edmundo nos profissionais do Vasco, 30 anos antes, resolvi procurar novamente a matéria que fiz com ele para o Jornal dos Sports, quando ele ainda era júnior do clube cruzmaltino. Já havia feito esta pesquisa anteriormente, mas não havia encontrado, porém consegui achá-la. 

Escrevi logo a seguir um esboço deste texto com o link da matéria e o deixei arquivado com a intenção de para publicá-lo aqui poucos dias depois. No entanto, por algum motivo que não me recordo, adiei por mais tempo que o planejado. 

E por que voltei a ele agora? Porque na semana passada, quando fui cortar o meu cabelo, Sandro, o barbeiro que me atende desde o início deste ano, me perguntou se eu já havia entrevistado Edmundo, porque ele já havia cortado o cabelo do Animal na época em que o atacante jogou pelo Figueirense, em 2005. Então contei a história completa para ele.

Veja também:
Três histórias com Romário
O dom de jogar bola e o Bolero de Ravel

Fiz a entrevista, em São Januário, com o auxílio do então responsável pelas categorias de base do Vasco, sr. Darcy Peixoto, em 27 de agosto de 1991, uma segunda-feira, dia posterior a um Vasco x Botafogo, pelo Campeonato Carioca daquele ano, em que na preliminar de juniores, Edmundo fez um gol espetacular, no fim do clássico vencido pelo sub-20 vascaíno, por 3 a 0. 

Embora fizesse a cobertura do Vasco, juntamente com Virgílio de Souza e o saudoso Eliomário Valente, naquele domingo estava de folga, mas resolvi ir ao velho Maracanã apreciar o bom futebol e cheguei um pouco mais cedo para assistir a um pedaço da preliminar. E dei muita sorte. Além do golaço de Edmundo, que não sabia quem era e que só entrou em campo no segundo tempo, no primeiro jogo daquela tarde, o jogo principal teve seis gols: Vasco 3 x 3 Botafogo.

Não sei se foi a primeira entrevista de Edmundo a um jornal, mas certamente é uma das primeiras. E já naquele tempo ele demonstrava a sua personalidade, ao dedicar ironicamente o seu golaço ao então diretor de futebol amador do Botafogo, que segundo o atacante, não fez força alguma para que ele continuasse no clube da estrela solitária.

 A matéria foi publicada no dia 28 de agosto de 1990, na metade inferior da página do Vasco, sem assinatura, e se você tiver curiosidade de vê-la, é só clicar aqui ou na imagem da página do JS (montagem) abaixo.


Veja também:
Memórias da geral do Maracanã
Adeus, Maracanã
Setenta vezes Maracanã
O meia-armador virou desarmador (texto de 1990)

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

MÚSICA PRA VIAGEM: THIS MASQUERADE

Não vi absolutamente nada em lugar algum, o que não quer dizer que ninguém tenha se lembrado, mas em fevereiro deste ano completou-se 40 anos da despedida deste mundo de Karen Carpenter, uma das mais belas vozes da História da Música. Descobri isso no sábado ao selecionar músicas dos Carpenters num desses serviços de streaming para ouvir com minha mulher e ela decidir pesquisar quando Karen havia falecido.

Karen Carpenter. Foto: Getty Images

A cantora, compositora e baterista (sim, ótima baterista também!) faleceu de anorexia um mês antes de completar 33 anos de idade, mas deixou aos corações apaixonados e partidos de minha geração e outras tantas anteriores e posteriores uma legião gigantesca de fãs. Prefiro, no entanto, não me prender ao romantismo de letras e músicas, mas me reportar especialmente à grande sensibilidade, beleza e técnica da cantora.

Veja também:
Música pra viagem: Pegando leve
Música pra viagem: Feeling good

A facilidade com que Karen sai (sim, sai, sua voz permanece viva, muito viva) do agudo para o grave e vice-versa não só traz admiração pela facilidade, quase sem esforço algum, como pela elegância. Por isso, optei aqui por "This masquerade", de Leon Russell (e pelo mesmo motivo poderia ter escolhido "A song for you", do mesmo compositor e tecladista), em vez de seus maiores sucessos "Please, Mr. Postman", "Close to you", "I need to be in love", "We've only just began", "Rainy days and mondays", entre outros que embalaram nos anos 70 as festinhas da minha infância e pré-adolescência na Rua Canavieiras, Grajaú, zona norte do Rio de Janeiro.

Clicaê quem curte CDs e vinis!

Portanto, sugiro a você que vai ouvir "This masquerade" aqui comigo, nesta versão espetacular dos Carpenters - pois não podemos nos esquecer de Richard, o ótimo pianista irmão de Karen -, com acompanhamento luxuoso da Royal Philarmonic Orchestra, preste muita atenção ao canto, à voz de Karen passeando com charme e formosura por seus ouvidos. Um encanto infinito que merece ser recordado para sempre. 



Veja também:
Música pra viagem: Con toda palabra
Uma viagem no tempo e no espaço com Loreena McKenitt
Lhasa de Sela já se foi e eu não sabia
Uma coisa jogada com música - Capítulo 1

terça-feira, 26 de setembro de 2023

NAU POESIA: ÀS OBVIEDADES DA OBJETIVIDADE

Os cartesianos que me perdoem, 
Mas se penso, logo sinto
Além, mais e mais 
Lá vou eu:
Pensinto
E creio na fé
Das pseudociências
Que são as curvas invisíveis 
Que as retas traçadas 
Pela lógica aritmética e geométrica 
Jamais enxergarão
A lógica da comprovação 
Só demonstra
Por A + B 
Que o alfabeto vai até Z
E há outros tantos
Para tantas palavras, frases
Histórias e livros
E que os números são sem fim
Como as perguntas que
Podem - e devem - questionar
As prontas respostas
Lógicas das frases feitas, 
Dos clichês que há séculos
Foram o último grito da moda
Por isso há sempre um urro gutural
Um sussurro inaudito
A se ouvir 
O mistério camuflado
A se revelar 
Ou permanecer 
Como o infinito:
Sem meios de se chegar ao fim.
Esta poesia é inédita, produzida recentemente e deve estar em algum livro no futuro. Como reflete alguns debates recentes, apresento aqui meu pensentimento sobre a obsessão pela objetividade que alguns setores da sociedade defendem, muitas vezes rasgando com unhas e dentes quem ousa discordar ou mesmo somente apresentar a possibilidade de um diferente ponto de vista. Os extremistas estão na ordem do dia, os extremistas estão voltando.

Veja também:

Aproveito a oportunidade para convidar você que se dispôs a vir aqui a conhecer meus livros publicados. Tem poesias, romance, contos, peça de teatro. Se gostar, não se acanhe, adquira ao menos um deles para experimentar. Agradeço desde já. É só clicar aqui.

Veja também:

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

NAU POESIA: A LUA

A lua é um olho cego brilhante
mergulhado no abismo,
preso ao fundo do imenso lago azul,
a mirar sempre os homens
fixamente, obstinadamente, obsessivamente.

Seu olho de ciclope sem íris, só pupila,
produz arcos prateados e ocráceos
nas nuvens,
as espumas da noite,
a superfície aparentemente calma
do lago suspenso que nos rodeia.

O que será que nos esconde
esse olhar perdido na noite?
Que seres e mistérios
habitam sua face oculta?
Que segredos guarda
essa testemunha ocular
das almas obscuras que habitam a Terra?

Veja também:







Veja também:
Villa-Lobos, o pai da MPB
Música pra viagem: Mirrorball


"A lua" faz parte do livro "Cor própria (1984-1999)", lançado em 2022 e à venda na Amazon do Brasil e de mais 12 países na versão digital (ebook). Clique aqui se quiser adquirir o seu. Esta poesia foi publicada originalmente neste blog em 28 de março de 2010 e arquivada posteriormente.

As fotos foram feitas pelo mesmo autor da poesia, na noite de 2 de agosto de 2023, no bairro do Balneário, região continental de Florianópolis.

O vídeo traz a gravação original de "Brain damage" e "Eclipse", as duas últimas músicas do emblemático disco do Pink Floyd "The dark side of the moon", lançado há 50 anos.

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quinta-feira, 7 de setembro de 2023

NAU POESIA: SEXO

Ontem foi dia do sexo, segundo me relataram as redes sociais, então resolvi resgatar esta poesia abaixo, que havia sido publicada aqui neste blog em 15 de dezembro de 2010. A poesia faz parte do ebook "Cor própria", publicado no ano passado e à venda na Amazon do Brasil e de mais 12 países.

Convido, portanto, você a ler abaixo os versos de "Sexo". Peço também que comente, compartilhe e não deixe de seguir o blog. Agradeço desde já.

Que é o sexo senão
idílio e claustro,
glória e martírio,
profanação e devoção,
submissão e dominação?

Que é senão
o não caber mais em si –
mesmo sem se saber quem é –
o transbordar,
sucumbir e ressuscitar,
o transcender
a dor e o prazer?

É um se entregar para tudo ter,
um se deixar à própria sorte,
um rir e chorar,
que é a própria vida,
que é a nossa própria morte.

"O abandono", escultura
de Camille Claudel

Veja também:


segunda-feira, 4 de setembro de 2023

NAU POESIA: VERTIGINOSA VIDA

"Voo das Bruxas",
Francesco de Goya 
Quantas voltas dar
para se achar
para se perder
Quantas portas trancar
para se aprisionar
para se proteger
Quantos muros erguer
para se esconder
para se encolher
Quantos labirintos percorrer
para se desafiar
para se vencer

Se quiser ter fácil
não será difícil
Se escolher conquistar
terá longo caminho
Se pedir verdade
só achará incerteza
Se encontrar mentira
pode ter certeza

Para ganhar ternura
enfrentará desdém
Para ter carinho
receberá palmadas
Para manter o corpo
venderá a alma
Para ser espírito
mastigará a carne

Por que quer ajuda
pra poder andar
Pra que andar
se já quer correr
Como quer correr
já pensou voar

Como olhar pra frente
de olhos vendados
Como escutar gemidos
de ouvidos tapados
Como gritar na noite
de boca amordaçada
Como cortar a garganta
se cegou a lâmina

O que fazer, poeta,
se nada há a dizer
O que escrever, poeta,
se o início,
que era verbo, faltou

Onde se lançar
com tantos abismos
Onde mergulhar
em meio a tantos mares
Onde sucumbir
ante tantos olhares
Onde se reerguer
com todo este peso

É o bicho-homem
A mulher-vampiro
Sangue degustado
Pele tão curtida
Soro em cada veia
De tubos PVC
Canos de descarga
Vasos sanitários
Pias batismais
Papéis higiênicos
Livros sagrados
Travesseiros sujos
Lençóis encardidos
Manchas de esperma
Vertiginosa vida
Loucuras deste mundo
Ressacas dessas praias
De bocas que vomitam.


Veja também:
"Profano" conquista corações
Beleza e caos: Arte em toda parte


Esta poesia foi publicada originalmente neste blog no dia 20 de janeiro de 2012. Ela estará em um livro ainda a ser publicado, com título provisório de "Evangelho Século XXI".
Poesia é transbordamento. E não serve pra nada, serve pra tudo.


Veja também:
A brutal delicadeza de Kieslowski
Pelas ruas do meu bairro
Poesia cantada: Salvação e perdição
"Sutilezas", amor, paixão e surpresas

terça-feira, 22 de agosto de 2023

NAU POESIA: TEXTURA

Foto: Julia Khalimova
As mãos ásperas,
rudes, espessas
da brutalidade,
da ignorância,
da insensibilidade
podem tocar
a tez mais lisa,
suave, macia
que nada terão
além de
aspereza,
rudeza,
espessura.

Pode ser
a pele de um belo rosto,
a casca de uma suculenta fruta,
a pétala de uma colorida flor,
que esses dedos grosseiros
jamais acariciarão
a sublimação do belo rosto,
o sumo da suculenta fruta,
a fragrância da colorida flor.
Nem a fragrância do belo
a sublimação do suco,
o sumo da cor.

Só a mãos encantadas
será permitido acariciar
o sumo do belo,
a fragrância do suco,
a sublimação da cor,
a beleza da cor,
a fragrância do sumo,
a cor do suco,
a sublimação da fragrância,
a cor da beleza,
o suco da cor,
o suco da beleza,
o sumo, a fragrância, a sublimação.

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Esta poesia foi publicada originalmente neste blog no dia 9 de abril de 2014, mas, posteriormente, arquivada. Ela faz parte do ebook "Cor própria (1984-1999)", lançado de forma independente em 2022. O livro digital pode ser adquirido na
Amazon do Brasil e de mais 12 países (EUA, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Espanha, França, Holanda, México, Canadá, Índia, Japão e Austrália).
Lembre-se: Poesia não serve pra nada, Poesia serve pra tudo!



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