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LHASA DE SELA JÁ SE FOI E EU NÃO SABIA

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Surpreso, espantado, chocado mesmo. Foi desta forma que recebi a notícia da morte da cantora Lhasa de Sela, com quase 11 meses de atraso. Vim decidido para casa neste dia 22 de novembro de 2010 disposto a escrever sobre ela e colocar pelo menos dois vídeos desta extraordinária artista, que cantava em inglês, espanhol e francês. No entanto, assim que fui começar minha pesquisa, li: "Lhasa de Sela foi uma cantora..."  Como assim, foi? Para mim ela era mais nova do que os 37 anos que contava quando faleceu no primeiro dia deste ano de câncer de mama e achei se tratar de outra cantora, de quem talvez ela tivesse recebido o nome. Na verdade, não quis acreditar. Lamentável, mais uma grande cantora se vai no auge. Conheci Lhasa por intermédio de uma grande amiga, que mora em Londres. Toda vez que ela vem ao Brasil me traz uma bela surpresa. Pode ser um CD de um artista que eu já conheça de nome, mas de quem não tenha quase nada ou nada ouvido, ou de um desconhecido. Este fo...

A FORÇA NORDESTINA

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A televisão fechada ainda apresenta programas de alta qualidade e em dois dias seguidos vi Rachel de Queiroz e Ariano Suassuna, ambos nordestinos, representantes do que de melhor já se produziu em arte e cultura neste país. A força da cultura nordestina, com suas origens ibéricas e mouras, sempre me arrebatou. Vide o que escrevi sobre Antulio Madureira aí abaixo. Então, decidi prestar uma pequena homenagem aos dois grandes escritores com esse vídeo aí acima. Nele estão duas grandes mostras da maravilhosa arte criada no Nordeste brasileiro: gravuras de Gilvan Samico e a música do petropolitano Guerra Peixe (1914-1993) interpretada pelo Quinteto Armorial, movimento criado justamente por Ariano. Veja também: Antúlio Madureira, um mestre de obras-primas Brasil, Um Edifício que Cresce Sobre Frágeis Alicerces

ANTULIO MADUREIRA, MESTRE DE OBRAS-PRIMAS

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Este texto abaixo escrevi em 18 de outubro de 2000 e foi publicado na coluna que tinha semanalmente no 2º Caderno do jornal "O Fluminense", de Niterói. Recentemente achei no youtube um vídeo editado, postado pelo próprio Antulio Madureira, em que aparecem cenas da sua participação no Programa do Jô e em outros. O vídeo está abaixo do texto. Basta estar vivo para se deparar com uma surpresa a cada esquina. Como dizia Auguste Rodin, tudo é movimento, até um corpo morto, em seu processo de decomposição, produz movimento. Pois bem, e o que isso tem a ver com este artigo, você deve estar se perguntando? Respondo, respondo, calma. É o seguinte: o artigo desta semana já estava pronto e entregue, mas teve de ser adiado para a próxima semana por causa de uma pessoa, um artista, um músico que transforma sucatas e material de construção em instrumentos musicais e tira deles sons encantados, que em outros tempos fariam até defunto se levantar arrepiado de emoção. Não, não falo de Hermeto...

OS MAIORES JOGOS DE TODOS OS TEMPOS 9

BRASIL 2 X 2 ALEMANHA OCIDENTAL - AMISTOSO NO MARACANÃ Nas minhas andanças pelo youtube em busca de algum jogo específico acabo sempre esbarrando em preciosidades. Este aí em cima é um amistoso entre Brasil e Alemanha Ocidental disputado no dia 14 de dezembro de 1968. A partida marcou um duelo especial entre dois gênios da bola que nunca se enfrentaram em Copas do Mundo: Pelé e Beckenbauer, o Rei x o Kaiser. Veja também: Pelé, Só Ele Os Maiores Jogos de Todos os Tempos 5 A partida teve lances sensacionais, um que merece destaque, embora não tenha - por pouco - terminado num gol de placa do Rei do Futebol. Após bela jogada de Carlos Alberto Torres na defesa, o passe para Rivelino, que de trivela lança Pelé no ataque. O Rei ganha no corpo de um zagueiro alemão e quando o Kaiser vem na cobertura leva a bola por entre as pernas e cai sentado no gramado. Diante do goleiro adversário e a chegada de outro zagueiro, Pelé, pressionado, tenta colocar no canto, mas o arqueiro espalma para esca...

A SUPREMA FELICIDADE É VER MARCO NANINI

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"A Suprema Felicidade", de Arnaldo Jabor, é um filme maravilhoso? Não, não é, e seria exigir demais de um diretor que não filmava há 24 anos (o último havia sido o ótimo "Eu Sei que Vou Te Amar", de 1986, com Fernanda Torres e o falecido Thales Pan Chacon). Mas vale o ingresso, principalmente pela atuação exuberante de Marco Nanini, que vive o músico Noel, um personagem inesquecível, e algumas cenas esplêndidas. O roteiro avança e recua no tempo, o que é um recurso bastante válido para se contar uma história simples, passada no Rio das décadas de 40 e 50, uma cidade que já foi assassinada há muitos anos, não existe, nem existirá mais. No entanto, o filme me pareceu mais uma colagem, com pelo menos cinco cenas belíssimas, outras que poderiam ter ficado melhores e mais algumas poucas menores ou dispensáveis. Uma cena que considerei ter sido bem idealizada, mas que poderia ter ficado melhor, tem clara referência (e reverência?) a Federico Fellini: a das putas da Vila M...

MARADONA CINQÜENTÃO

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Seis belgas na caça - em vão - ao 10 na semifinal da Copa de 86 De El Pibe, com sua vasta barba grisalha para esconder a cicatriz deixada pela mordida de um cachorro que cria em sua mansão, Diego Armando Maradona já não tem mais nada. Mas foi com um futebol de espírito alegre como o de um menino e a genialidade dos grandes craques que o atarracado Maradona deixou seu nome marcado entre os maiores jogadores de futebol de todos os tempos. Os aspectos tristes de sua biografia merecem ser deixados de lado nesta data, pois agora, neste sábado, dia 30, o senhor Maradona se tornará um cinqüentão. Parece que deseja seguir a carreira de técnico, mesmo depois da frustrada campanha com a seleção argentina na última Copa do Mundo. Por mais que faça como treinador, porém, é com a arte que desenhou nos gramados do mundo com sua perna esquerda que ele será sempre lembrado. Não tenho o menor apreço pelo seu gol trapaceiro que tanta fama faz, mais pelo fato de ele ser ótimo frasista (como Romário) do q...

GARRINCHA, 77

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Cinco dias após Pelé, com quem fez a maior e mais vitoriosa parceria de ataque de todos os tempos, Manoel Francisco dos Santos, muito mais conhecido como Garrincha, também fazia aniversário. E ele completaria neste 28 de outubro 77 anos, uma idade bastante simbólica, pois une duas vezes o número que o consagrou, tanto com a camisa do Botafogo, como com a da seleção brasileira. Ele ainda jogou por Flamengo, Corinthians e Olaria, mas já sem o mesmo brilho. O Anjo das Pernas Tortas, a Alegria do Povo, seja lá como fosse chamado, Garrincha brilhou por poucos anos - atesta Ruy Castro, biógrafo do livro "Estrela Solitária: um Brasileiro Chamado Garrincha" - mas com uma intensidade tão grande que foi o suficiente para ajudar muito o Brasil a conquistar o bicampeonato mundial, em 1958, quando começou como reserva de Joel, do Flamengo, e enfileirou "joões" na Suécia, e em 62, quando tomou a responsabilidade por comandar a seleção que perdera Pelé no segundo jogo, contra a Tc...

PELÉ, SÓ ELE

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Foto de Luiz Paulo Machado para a revista Placar No próximo sábado Pelé completará 70 anos de idade e as homenagens, que já começaram, serão inúmeras no mundo inteiro. Por isso, não vou me estender muito ao falar do Atleta do Século XX, o Rei do Futebol, que com técnica inigualável e um preparo físico que estava a anos-luz dos demais colegas de profissão de sua época foi o principal jogador a elevar o futebol ao patamar de arte. Tudo o que se falar do jogador Pelé será pouco pelo que ele representa até hoje para o Brasil no mundo inteiro. Nenhum outro brasileiro é tão (re)conhecido como ele no exterior e seus gols e jogadas que ficaram registradas por câmeras de TV e cinema são mostradas diversas vezes nos mais variados cantos do planeta, principalmente quando se fala em Santos, Seleção Brasileira e Copa do Mundo. Veja também: Reinaldo, o Rei do Galo Mineiro Parabéns, Dejan Petkovic Garrincha, 77 Maradona, que foi sim um gênio da bola, pode estrebuchar até depois que adentrar seu túmu...

FRAGMENTOS DO DESEJO, UM BELO ESPETÁCULO

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Para quem mora no Rio ainda dá tempo, pouco, mas dá: vai até domingo, dia 24/10, a apresentação do belo e cuidadoso espetáculo Fragmentos do Desejo, da companhia franco-brasileira Dos a Deux, no Centro Cultural Banco do Brasil. E melhor, por um preço que posso considerar gratuito tamanha a qualidade do que se vê e se sente: apenas R$ 10,00. Para quem é de Brasília, prepare-se: a partir do dia 28, ele estará no CCBB daí. Fragmentos do Desejo é muito mais do que uma peça de teatro, é também dança, mas como bem avisa o programa da peça, sem coreografias. Quase não há palavras faladas, basicamente são os gestos e expressões faciais e corporais dos atores o "texto" da peça. Há vários momentos comoventes e muito bem executados no espetáculo - a trilha sonora, a iluminação e o cenário são sublimes - mas vou destacar dois que mais me chamaram a atenção: o balé da solidão do filho que tenta e não consegue um entendimento com o pai, e o do cinema, no qual se usa com maestria os recurso...

O GRANDE DITADOR, UMA OBRA-PRIMA DE 70 ANOS

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Lançado em 15 de outubro de 1940, no primeiro ano da Segunda Guera Mundial, o filme "O Grande Ditador", foi um libelo de paz que o gênio de Charles Chaplin transformou em comédia. Os 70 anos desta obra poderia gerar mais discursos pacifistas como o do fim do filme, mas o que aí está, neste vídeo abaixo, já é suficiente. Suficiente para mostrar que de um modo geral a humanidade ainda continua babando de ganância, ávida por acúmulo cada vez maior de bens e poder. O entendimento entre os homens ainda está muito longe de acontecer, muito mais de 70 anos precisarão, se é que algum dia isso será possível na Terra. Portanto, muito mais que o discurso final do primeiro filme falado de Chaplin e do sarcasmo crítico ao gigantesco ditador da época e a todos de todas as épocas, gostaria de valorizar outro lado do filme: o artístico. A cena mais bela - e por isso mesmo mais estranha, já que representa o sonho perverso de um homem na sua obsessão de dominar o mundo - é a dança do persona...