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EM DEFESA DE DJAVAN

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Há muitos anos me desinteressei pela obra de Djavan. Passei a não curtir mais as músicas que lançava e a achar que suas letras haviam caído no ramerrão do amor romântico e da sedução. Não me tocavam mais. Porém, sempre guardei respeito pelo compositor das primeiras obras, dos primeiros discos, que para mim apresentaram sempre um frescor de novidade surpreendentte. Nos últimos tempos, nesta “Era do Já Era”, como classificou Aderbal Freire Filho, Djavan tem sido motivo de chacotas, sendo tachado de hermético, incompreensível. Incompreensível é como o brasileiro de um modo geral conseguiu se deixar embrutecer tanto - e cair no humor barato -, manter o olhar reto, desviar ou esconder o olhar torto do artista (todo poeta é caolho!), que historicamente é quem elevou e ainda eleva este país. É certo que fica muito difícil compreender poesia para quem vive a cultura do prato feito ou do “fast-food” e “self-service” de historinhas banais e pegajosas com começo, meio e fim (necessariame...

ANIMA, A MÚSICA DESPERTA

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A matéria jornalística abaixo foi feita em meados de 2001 para o extinto site Papo Carioca , mas nem chegou a ser publicada. Pela primeira vez ela vai ao ar, já com o Anima em formação muito distinta daquela época, com mais três CDs lançados ( Amares , de 2003, Espelho , de 2006/2007, e Donzela Guerreira , de 2010) e ainda mais premiado. Estive pessoalmente com o grupo logo após a apresentação que fizeram no iniciozinho do primeiro dia do Rock in Rio daquele ano. Por acaso, eu os vi saindo detrás do Palco "Raízes", me aproximei, me apresentei e peguei os contatos de Valeria Bittar e Luiz Fiaminghi, que são os únicos remanescentes. Meses depois, após alguns contatos por telefone, em meio à agenda cheia de shows deles, obtive os depoimentos do casal por intermédio do e-mail.  Aos que são fãs do grupo - e os que se tornarão - finalmente aqui está um trabalho que adorei fazer e que - creio - não poderia se perder ou ficar guardado em meus arquivos:        ...

O ADEUS DE EUSÉBIO, O PRÍNCIPE NEGRO DO FUTEBOL

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Vi na TV na noite desta segunda-feira a emocionante despedida que os torcedores portugueses prepararam para Eusébio, que faleceu ontem, dia 5, e lembrei logo de um texto que escrevi em 2002, poucos dias antes daquela Copa do Mundo na Ásia vencida pela seleção brasileira. Foi um frila que fiz pra um site esportivo sobre alguns dos maiores craques das Copas do Mundo e reproduzo abaixo as linhas que tracei imaginando o craque com a bola nos pés partindo de sua defesa em direção ao ataque com toda a sua força, agilidade e imaginação. Eusébio, o Príncipe Negro do Futebol A seleção portuguesa de futebol tem uma história curta em Copas do Mundo. Antes desta que se inicia no próximo dia 31, os portugueses só tiveram duas participações em Mundiais, em 1966 e 1986, esta quando não passou da primeira fase ( também não passaria desta etapa em 2002, ficaria em quarto lugar em 2006 e quatro anos atrás, quando reencontraria o Brasil na primeira fase, caiu nas oitavas-de-final diante da Espanh...

ESTILHAÇOS 10

Lidar com seus instintos primitivos é uma das tarefas mais árduas do ser humano. Veja também: Estilhaços 2 Há muito o que fazer Gasolina no incêndio 13 Penso, logo sinto 15

A MEMÓRIA VIVA DE MANDELA

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Na África do Sul sob o cruel apartheid, Mandela ficou preso 27 anos lutando pela liberdade dos oprimidos, o povo negro de seu país, e também pela libertação dos opressores. Entendo o pensamento e as ações do grande líder que se foi ontem como uma verdadeira ode à paz, ao entendimento, à mudança de postura ofensiva e defensiva contra alguém, ao amor. Creio que Mandela defendia a libertação do ódio para ambos os lados: o injustificável do opressor, e o da vingança, do oprimido. Nós, brasileiros miscigenados, que temos correndo em nossas veias tanto o sangue do senhor, quanto do escravo, como bem escreveu Darcy Ribeiro, precisamos muito aprender mais essa lição. Manter viva a memória deste e de outros tantos grandes homens que lutaram pela união (e não a padronização) de todas as etnias, culturas, religiões e nações é o dever nosso de cada dia. Mandela está e continuará vivo! Vejam como são as invisíveis conexões neste mundo. Ontem à tarde, horas antes de saber da morte de Mandela,...

UMA TARDE INESQUECÍVEL NA CIDADE DE DEUS

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Retratada de forma ao mesmo tempo histórica e ficcional em livro de Paulo Lins que depois foi para as telas de cinema, a Cidade de Deus sempre teve a fama justificada de um dos lugares mais violentos do lado mais cruel do Rio de Janeiro. A coisa se acalmou um pouco nos últimos anos com a "pacificação" implementada pelo Governo do Estado, que por outro lado jamais se preocupou em dar sustentação ao projeto das UPPs com os mais fortes alicerces que crianças e jovens devem ter: a Saúde e a Educação. Como o Governo se  ausenta destes e de outros vários setores prioritários, a sociedade se movimenta para fazer a sua parte e a de quem deveria estar à frente de tudo. Assim, já há três anos, a Agência do Bem atua na Cidade de Deus com um pólo da Escola de Música e Cidadania, atendendo a 200 meninas e meninos. Levado por um grande amigo (mais que amigo, irmão), tive a honra de conhecer o trabalho dessa organização da sociedade civil em 7 de agosto deste ano em seminário realizado nu...

LUIZ MELODIA, O NEGRO GATO E SUAS PÉROLAS

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Luiz Melodia no Sesc Tijuca, com Renato Piau ao violão.  Foto: Cristina Velloso. Corrigi ontem, no Sesc Tijuca, uma falha no meu currículo de apreciador de música: assisti pela primeira vez a um show de Luiz Melodia. Um espetáculo para guardar na memória. Casa cheia, com ingressos esgotados, e o cantor e compositor demonstrando estar ainda no auge, muito bem acompanhado de um trio de cordas de primeira linha, formado por Renato Piau (violão de seis cordas), Alessandro Cardoso (cavaquinho) e Leandro Saramago (violão de sete cordas). Melodia brincou com a platéia, deu espaço para os seus músicos brilharem, dançou, e cantou como sempre, passeando pelos seus grandes sucessos, como "Pérola negra", "Juventude transviada", "Magrelinha", "Fadas", "Estácio, holly Estácio" e "Negro gato", que encerra o show em altíssimo astral. Ele deixou "Codinome beija-flor" de fora, para decepção de algumas fãs. Até gosto muito da ...

GASOLINA NO INCÊNDIO 14

Com "Gasolina no Incêndio" pretendo provocar quem aqui venha, mexer com os brios mesmo. Incomode-se, reclame e até xingue se achar necessário, mas aqui não cabe a indiferença. Não vou censurar nenhum comentário, mas assuma-se, não se esconda no anonimato (in)conveniente, nem com apelidos irreconhecíveis. A décima-quarta questão-provocação é a seguinte: Comprar drogas no morro é financiar o tráfico, e pagar os escorchantes impostos que nos cobram os governos municipal, estadual e federal sem nos dar retorno em Saúde, Educação e Transporte Público é financiar a corrupção oficial. Veja também: Gasolina no Incêndio 1 Fábrica de ídolos Brasil, um edifício que cresce sobre frágeis alicerces

ROGER WATERS SETENTÃO

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Roger Waters jovem Falar de Roger Waters , que hoje completa 70 anos de idade, é falar de Pink Floyd , para mim o mais importante grupo de rock de todos os tempos. É tão importante pessoalmente que repito aqui o que já escrevi anteriormente: se fosse condenado a ouvir apenas um artista da música para o resto da minha vida não hesitaria em escolher a banda que Mr. Waters liderou do fim dos anos 60 até 1983. Escrever sobre ele e o Floyd me faz voltar a meados dos anos 70, quando eu ouvi pela primeira vez o antológico " The Dark Side of the Moon ", na casa de um vizinho. Todas as sextas-feiras, como esta, eu e meu irmão subíamos ao 404 do prédio onde morávamos no Grajaú, para juntamente com esse colega, sua irmã e uma amiga dela ouvirmos esse disco, um do Elton John que não me recordo agora, jogar War e ver As Panteras. Não necessariamente nesta ordem, muito menos separadamente. Demorei muitos anos para me tocar qual disco misterioso, com sons amedrontadores e fantásticos, de ca...

ESTILHAÇOS 9

As palavras encantam mais as mulheres que os homens. Veja também: Estilhaços 4 Penso, logo sinto 15 Há muito o que fazer