Há muitos anos me desinteressei
pela obra de Djavan. Passei a não curtir mais as músicas que lançava e a achar
que suas letras haviam caído no ramerrão do amor romântico e da sedução.
Não me tocavam mais. Porém, sempre guardei respeito pelo compositor das
primeiras obras, dos primeiros discos, que para mim apresentaram sempre um
frescor de novidade surpreendentte.
Nos
últimos tempos, nesta “Era do Já Era”, como classificou Aderbal Freire Filho,
Djavan tem sido motivo de chacotas, sendo tachado de hermético,
incompreensível. Incompreensível é como o brasileiro de um modo geral conseguiu se deixar embrutecer tanto - e cair no humor barato -, manter o olhar reto, desviar
ou esconder o olhar torto do artista (todo poeta é caolho!), que historicamente
é quem elevou e ainda eleva este país. É certo que fica muito difícil compreender poesia para
quem vive a cultura do prato feito ou do “fast-food” e “self-service” de
historinhas banais e pegajosas com começo, meio e fim (necessariamente nesta
ordem) e ainda assim muitas vezes com imensas dificuldades para entender.
As
figuras de linguagem, alma da poesia e da grande literatura universal, estão
definhando por falta de bons leitores. Pelo menos cá, por essas
bandas. Há exceções, claro – e ainda bem! -, mas cada vez menos pessoas
prestam-lhe a devida atenção. A poesia está sumindo da Música Popular Brasileira
não é de hoje. E é por causa dos ouvintes, da maioria de seus ouvintes, de viciados ouvidos. Por isso, “açaí, guardiã, zum de besouro, um imã, branca é a
tez da manhã” é ridicularizada, escorraçada, por quem não consegue mais
enxergar, sentir, ouvir as cores, os cheiros, os sabores, os sons pulsantes da natureza a
cada linda manhã de sol.
Vìdeo: "Açaí", com e de Djavan
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