Postagens

REENCONTRO COM LOBÃO *

Imagem
Já começava a querer dar por encerrada a leitura de mais um capítulo do livro "Lobão, 50 anos a Mil" na madrugada deste 27 de abril de 2011 quando me deparo com algo surpreendente que me fez corrigir o rumo que traçava nesta noite chuvosa: em vez de dormir, afinal já estava na cama com sono, vim para o computador. Conta Lobão, creio que em 1997, quando se recuperava bem de mais uma tentativa de suicídio e já começava a compor as músicas do histórico e excelente CD "A Vida é Doce", que foi assistir com sua mulher, Regina, ao filme "A Eternidade e Um Dia", do cineasta grego Theo Angelopoulos, no Cine Estação Botafogo, e que foi por intermédio deste filme que conseguiu fechar aquela que é uma das que mais gosto dele, a que dá título ao álbum numerado e vendido em banca, justamente com a frase que faltava: "A Vida é Doce". Caramba, eu estava na mesma sala, na mesma noite, assistindo ao filme e não sabia que havia sido tão importante para ele como fo...

PARA MILTON E NOSSOS AMIGOS

Imagem
Talvez Elis ou outro alguém muito inspirado disse certa vez que se Deus tem uma voz ela é a do Milton Nascimento. Sou lá muito sabedor das coisas de Deus não, embora com ele tenha esbarrado por vezes, ou imaginado isso, porém não é só a potência e beleza de voz que sai da boca desse carioca de Três Pontas (MG), as palavras, as frases, a poesia cantada - até quando não há palavras. Tá certo, tá certo, Milton não fez, nem faz, tudo sozinho, mas o cara sempre soube escolher muito bem seus amigos, e ninguém cantou melhor a amizade do que ele, ninguém. Que bom amigo é coisa pra se guardar... Eu, que nasci no Dia Internacional do Amigo, que sempre valorizei e exaltei a amizade, e que além de tudo amo as Minas Geraes, não poderia deixar de ser fãzaço desse gênio da música chamado Milton Nascimento. Ele é um grande inspirador. Salve Milton! Vida eterna, meu amigo. Voz e poesia eternas. Vídeo: Caxangá (Milton Nascimento), com Elis Regina e Milton Nascimento. Veja também: Uma Viagem no Temp...

DAS PELADAS DE RUA ÀS ARENAS

Imagem
"Futebol", de Orlando Teruz Hoje divaguei um pouco em pensamentos desconexos sobre futebol. Na verdade, tudo começou quando, encadeado a outras lembranças que agora não me recordo mais, percebi que as peladas de rua morreram no bairro da Zona Norte carioca onde cheguei em 1971 e em muitos, muitos outros do Rio de Janeiro. Isso para não dizer em todos, pelo menos em todos por que passei nos últimos 10 anos ou mais  (me diga um que ainda tenha para eu ir). Lembrava das muitas que joguei em ruas bem e mal asfaltadas, de paralelepípedos, de terra, esburacadas, um pouco íngremes, até em ladeiras (bom era jogar no time de cima). Voltou à minha mente também o dia em que, no afã de salvar um gol, fui atropelado por uma Brasília – ou a atropelei, já nem sei. A violência urbana certamente afastou a criançada das ruas para jogar bola e a atraiu para fazer malabarismos nos sinais de trânsito, mendigar e cheirar cola. Lembro muito bem da voz imponente de João Saldanha no radinho de pilha ...

FRAGMENTO DE O NEGRO CREPÚSCULO NA COLUNA DO LAM

O jornalista, radialista, produtor musical e escritor Luiz Antonio Mello, um dos fundadores da Rádio Fluminense FM (juntamente com Samuel Wainer Filho), me convidou na semana passada para que eu lhe enviasse um texto de minha autoria para ser publicado em seu site, Coluna do LAM , que eu leio diariamente e, obviamente, recomendo com todas as letras. Fiquei muito feliz e honrado e (es)colhi um trecho do livro que pretendo lançar ainda este ano - com ou sem editora - e lá está desde este último dia 27 de março Fragmento de O Negro Crepúsculo com uma ilustração que me fez lembrar uma cena que imaginei para o roteiro de cinema que fiz para O Anjo Grave. Este livro já tem alguns trechos publicados aqui neste blog na série Monólogos. Alguns já estavam escritos e apenas retirei para postar aqui, mas outros eu incluí no Negro Crepúsculo, como por exemplo aquele que mais visitas recebe, justamente o que deu origem à série: O Jogo dos Espelhos. Além de agradecer novamente a Luiz Antonio Mello e...

A MIDIOTIZAÇÃO

Imagem
Vinha eu dia desses caminhando pelas fétidas, esburacadas e lotadas ruas do centro do Rio de Janeiro (o lado modernoso que tombou o antigo) e não conseguia – na verdade, nem tentava - tirar da cabeça um pensamento profético de Nietzsche: "Mais um século de jornais e as palavras se corromperão". Muitas coisas se passaram na minha cabeça em torno disso, não propriamente sobre os jornais, mas sobre as palavras. As palavras não como símbolos da Comunicação, mas como expressão de algum sentimento, de alguma ação, comportamento, expressão, manifestação. Assim, como de relâmpago, voltei ao pensamento nietzschiano e me lembrei que ele não contava (e nem poderia!) com a participação decisiva da televisão, muito menos da internet. O que os jornais levaram cem anos para fazer (talvez até menos), a TV realizou com absurda competência em poucas décadas. E a internet parece realizar em poucos segundos, embora por outro lado ela seja uma brecha interessante para quem não deseja se entregar ...

O ESCREVER

Imagem
Escrever para mim é pôr a alma pelos poros. Obviamente que, como jornalista formado desde março de 1988, quase sempre tive de escrever para sobre(sub)viver como a puta que, enquanto dá, lê um gibi. Não acredito em profissão, creio em vocação, esse instinto de animal voraz que rosna com dentes afiados dentro de cada ser criador. O grande mal de nossos tempos é que existem profissionais demais e amadores de menos. Amadores não no sentido que lhes grudaram, de despreparados, inexperientes, mas sim daqueles que amam o seu ofício. Amador é aquele que não precisa do dinheiro como combustível para exercer seu trabalho, embora seja muito bem-vindo para que possa fazê-lo menos preocupado com as contas a pagar. Pratica-o sempre, não o deixa jamais, até porque ele o acompanha onde quer que vá, como uma sombra que se confunde com o próprio corpo que a produz. E para isso é necessário que haja a luz eterna da vocação. Os profissionais, por melhores que sejam, se não tiverem essa iluminaç...

SONHOS E PESADELOS NOS QUADROS DE CLÁUDIO NEIVA, O REPRESENTANTE DA PINTURA NUMA FAMÍLIA DE ARTISTAS

Imagem
Em um almoço no segundo dia deste ano, meu primo João Arthur me disse algo que nunca havia me dado conta inteiramente: nossa família, a Neiva, de meu saudoso pai (Sebastião), tem representantes vivos em quase todas as artes. Que eu saiba, ainda não temos um cineasta - quem sabe um dia emplaco um dos roteiros que já escrevi - e um escultor, considerando-se as sete artes tradicionais (música, dança, pintura, escultura, teatro, literatura e cinema). A minha referência mais antiga de artista na família era o meu avô paterno, Geraldo, que tocava clarinete e compunha, embora eu não tenha chegado a conhecê-lo. Agora já soube por intermédio de meu tio Edson Cláudio Neiva, personagem principal deste espaço, que um tio-bisavô chamado Edimundo Barros era um grande compositor de músicas sacras, e que meu bisavô Francisco Marçal, além de barbeiro, também era clarinetista e regente da banda da terra de meu pai, Itaverava (MG), no início do século passado. Uma viagem e tanto no tempo. Há bailari...