Tive a felicidade de assistir nesta terça-feira ao show do meio-dia do multi-instrumentista Hugo Linns dentro do projeto Pernambuco Contemporâneo, no Centro Cultural Banco do Brasil, do Rio de Janeiro. Mais, tive a oportunidade de conversar com ele, alguns membros de sua banda e equipe, e ainda acompanhar a entrevista que concedeu ao programa Estúdio Móvel, da TV Brasil. Apesar de tocar outros instrumentos (piano, baixo, violão, guitarra), Linns é apaixonado mesmo por sua viola dinâmica.
Ele conta que, como sempre acontece com os violeiros, foi procurado por ela, entregue a suas mãos - para sua surpresa - por um professor de violão quando tinha uns 17 anos de idade. Tem tantos ciúmes dela que diz não emprestar a ninguém. Quando lembrei de brincadeira
que durante o espetáculo ele troca de viola com Eduardo Buarque, que toca a tradicional, de 10 cordas, Hugo Linns respondeu rindo que é porque o companheiro está por perto.
Com a viola dinâmica, Linns foi o primeiro a registrar em disco (o CD "Fita branca", de 2009, gravado em seu próprio estúdio) esse instrumento característico dos cantadores em solo, só com músicas instrumentais. Explica que, apesar de alguns outros artistas de Pernambuco
estejam seguindo o mesmo caminho, normalmente a viola dinâmica apenas faz acompanhamento para os cantadores.
Ele tem experiência de acompanhar muitos artistas pelo exterior tocando outros instrumentos e tenta desbravar o mercado de música no Brasil com sua música original. Está prestes a lançar o segundo CD, "Vermelhas nuvens", previsto para sair no segundo semestre deste ano. Neste próximo Linns inclui elementos muito comuns num gênero que adora e que poderia soar como ruído para os puristas: o roquenrol.
- Escuto muito rock. Ouço Doors, Led Zeppelin, Yes, dos mais antigos. Dos atuais, Beck e Radiohead são os meus preferidos – revela o violeiro.
Com pedais diversos e até slide, que passou a usar também nas músicas do primeiro CD em suas apresentações, Linns cria uma sonoridade nova para a característica música pernambucana, passeando por cocos, maracatus, xaxados, emboladas, baiões, cavalos marinhos e cirandas com uma pegada roqueira muito interessante. Segundo ele, o importante é expandir as possibilidades sonoras de sua viola dinâmica. E realmente consegue dar ainda mais dinamismo ao instrumento que ajudou a recriar.
Foto (Carol de Hollanda): Hugo Linns usando o slide em sua viola dinâmica, ao lado de Rogério Victor (baixo acústico), no CCBB-RJ.
Vídeo: "Vermelhas nuvens" (Hugo Linns), com Hugo Linns e banda (Eduardo Buarque, no violão tenor; Rogério Victor, no baixo acústico, e Carlos Amarelo, na percussão, em 2011.
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