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ESTILHAÇOS 4

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Escolhi - ou fui escolhido para - trilhar um caminho árduo, difícil, aquele que muitos sequer passam perto, o que invariavelmente leva às profundezas do ser, lá onde quase ninguém quer ir, nem saber o que há. Mas é onde cada um verdadeiramente é. Com tudo o que há de mais belo e mais horrendo. Vou na contramão, mas é a escolha, não há volta. Acho que por isso tenho grande afinidade com quem fala sozinho e quem tem sérias divergências com o espelho. Ilustração de John Tenniel para o clássico "Alice através do espelho", de Lewis Carroll. Vídeo: "Espelho" (João Nogueira/Paulo César Pinheiro), com João Nogueira. Veja também: Estilhaços Penso, logo sinto 10 Gasolina no Incêndio 12

FÁBRICA DE ÍDOLOS

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"A violência é tão fascinante E nossas vidas são tão normais..."  (Renato Russo) CENA 1: dois meninos, um de 8 e outro de seis anos, sentados no chão, assistem à TV. Propaganda com imagens de dribles e gols: “Futebol ao vivo, amanhã!” Os meninos se olham, levantam-se rapidamente, pegam a bola, improvisam uma baliza entre dois pés da mesa da sala e começam a jogar, um na linha, outro no gol. “Gol!” CENA 2: os mesmos dois meninos, sentados no chão, assistem à TV. Propaganda com imagens de um jogo de basquete, com jogadas e cestas espetaculares: “NBA ao vivo, não perca este grande jogo!” Os meninos se olham, levantam-se com pressa, pegam a bola e começam a quicá-la e arremessar para uma lata de lixo posta em cima da mesa. “Cesta!” CENA 3: os meninos na mesma posição, novamente vendo TV. Propaganda com imagens de uma partida de vôlei, com defesas e cortadas, grandes ralis: “Vôlei ao vivo na sua tela, hoje às 21h!” Os meninos se olham, levantam-se correndo, improv...

A MÍDIA BIZARRA

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Será que a forma como Amy Winehouse foi se matando e os “motivos” que a levaram a desistir da vida não são muito semelhantes aos dos outros astros que se foram aos 27 anos, com a única diferença de ela ter sido muito mais exposta do que os anteriores por viver num mundo paparazzo, bigbrotheriano? A degradação de Amy era espiada e transmitida quase diariamente pela mídia. Será que as angústias, dores, depressões e pressões que sofreu não foram tão intensas quanto às de Cobain, Morrison, Hendrix e Joplin? Talvez a ela tenha sido acrescido esse pré-show de Truman que vemos diariamente na internet e na televisão, mesmo que não queiramos. Que o homem sempre se sentiu atraído pelo escândalo e os crimes é uma verdade que existe desde que o mundo é mundo. Porém, creio que não haja precedentes na história dos veículos de comunicação tanta bizarrice e sangue para alimentar os consumidores sedentos e famintos da vida alheia. A glamourização do grotesco está nas páginas e telas sendo vendida...

ESTILHAÇOS 3

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Não me apego ao livro como objeto. Há quem goste de senti-lo nas mãos, até cheirá-lo. Eu só quero lê-lo. O que me interessa necessariamente é o que ele contém, suas palavras, suas frases, suas idéias, suas imagens. Veja também: A grandiosidade de Victor Hugo Poesia sem versos

ESTILHAÇOS 2

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Eu me interesso bem mais pelas sombras, pelo lado oculto do ser, do que por aquilo que ele irradia. Isto já está presente em mim desde a infância. Ilustração: gravura de Oswaldo Goeldi (quem souber o nome me informe, por favor) Veja também: tudo o que foi publicado em setembro de 2011

GASOLINA NO INCÊNDIO 12

Com "Gasolina no Incêndio" pretendo provocar quem aqui venha, mexer com os brios mesmo. Incomode-se, reclame e até xingue se achar necessário, mas aqui não cabe a indiferença. Não vou censurar nenhum comentário, mas assuma-se, não se esconda no anonimato (in)conveniente, nem com apelidos irreconhecíveis. A décima-segunda questão-provocação é a seguinte: Uma sociedade (ou um grupo social) que não respeita nada, nem ninguém, que em nome da defesa - algumas vezes até legítima - de seus direitos atropela sem se importar com os dos demais (que seja de uma só pessoa), é tão repugnante quanto a mais feroz ditadura. Veja também: Gasolina no incêndio 3 Penso, logo sinto 3 Brasil, um edifício que cresce sobre frágeis alicerces

AGRADECIMENTO A ALTAMIRO

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Dizem que pedido de amigo é uma ordem. Meu irmão Bruno Lobo me pediu que escrevesse aqui sobre Altamiro Carrilho porque não tem blog (deveria ter, deveria), portanto, a ordem foi dada e já está sendo cumprida. Sempre procurei evitar que o blog virasse um obituário, ainda mais em épocas sombrias como esta, quando no espaço de poucos dias se foram grandes músicos, como o flautista que é tema deste texto, Severino Araújo e Celso Blues Boy, que acabou motivando, em meio à consternação de sua morte, o encontro de amigos que citei na postagem Conexões . Não desfilarei aqui as virtudes, muito menos a biografia de Altamiro Carrilho, porque isso felizmente alguns sites e jornais fizeram bem, embora seja sempre muito pouco para alguém de uma dimensão incalculável. Queria, mesmo que tardiamente, fazer um agradecimento ao grande flautista por ter com o CD "Flauta Maravilhosa", de1996, tornado mais ameno alguns dos dias mais duros de minha vida. Já conhecia algumas músicas altamiranas ...

CONEXÕES

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Recentemente comentei numa rede social sobre um dia ganho por ter lido uma pequena obra-prima, o conto "O Evangelho segundo Marcos", do livro "O informe de Brodie", do escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986), e a conexão mental e sensorial que fiz com o filme "Viridiana" (1961), do diretor espanhol Luis Buñuel (1900-1983). Em suma, as imprevisíveis e cruéis conseqüências da caridade cristã. Espero que quem conheça as duas obras venha me dizer se há insanidade, idiotice ou algo perfeitamente pertinente de minha parte. Pois bem, chego hoje em casa, já madrugada, após um ótimo encontro com velhos amigos, incluindo o meu irmão, Léo Neiva, e tenho a surpresa de ver que a locadora havia me enviado durante o dia o documentário sobre o excepcional LP "Who's next", de 1971, da mesma série (Classic Albuns) de "The dark side of the moon", do Pink Floyd, "Kind of blue", de Miles Davis, e outros que não me lembro e ainda não ...

GASOLINA NO INCÊNDIO 11

Com "Gasolina no Incêndio" pretendo provocar quem aqui venha, mexer com os brios mesmo. Incomode-se, reclame e até xingue se achar necessário, mas aqui não cabe a indiferença. Não vou censurar nenhum comentário, mas assuma-se, não se esconda no anonimato (in)conveniente, nem com apelidos irreconhecíveis. A décima-primeira questão-provocação é a seguinte: O Brasil é um país de adolescentes. Grande parte tem mais de 30 anos de idade. Veja também: Penso, logo sinto 10 Gasolina no incêndio 10

ENTREVISTA: NILZE CARVALHO

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"Nilze Carvalho, a volta da menina prodígio" é uma entrevista que fiz com a bandolinista, cavaquinista, violonista, cantora e compositora no campus da UNI-Rio, na Urca, zona sul do Rio de Janeiro, em 2001. Naquele local e naquela época, eu só fiquei sabendo agora, ela já estava arquitetando o grupo Sururu na Roda , do qual ainda faz parte, atualmente com a companhia de seu irmão Silvio Carvalho (voz, percussão e cavaquinho), Fabiano Salek (voz e percussão) e Juliana Zanardi (voz e violão). Este texto abaixo (com mínimas alterações) foi publicado originalmente no extinto site "Papo Carioca". Ela surgiu como fenômeno musical no início da década de 80, quando com 11 anos gravou o seu primeiro disco (“Choro de menina”), tocando seu bandolim com a habilidade de um adulto, embora já se apresentasse em televisão e rádio desde os seis anos de idade. Gravou clássicos do chorinho, muitos ao lado do conjunto “Época de Ouro”, e se tornou a menina prodígio do gênero em mais ...