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GAÚCHO, O ADEUS DE UM DISCÍPULO DE DARIO

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Ele parava no ar, como beija-flor, helicóptero e Dadá. Era irreverente, tinha ótimas tiradas. Era enrolado com a bola nos pés, até não chutava mal, tinha dificuldades no domínio da redonda, mas era um exímio cabeceador. Daqueles de dar um tiro com a cabeça ou apenas colocá-la, com suavidade, onde desejava, longe do alcance do goleiro. Gaúcho deixará saudades, especialmente na torcida do Flamengo . Muitas. As primeiras lembranças que tenho dele estão ainda na minha memória de torcedor de arquibancada, no início dos anos 80. Um camisa 7 veloz (assim parece nas minhas esparsas recordações), que avançava pela ponta-direita para buscar a linha de fundo e cruzar para o centroavante Vinicius. Não foi assim que ele se consagrou, mas foi como iniciou nos juniores do Flamengo. Vi esta cena relatada acima algumas vezes nas preliminares do Maracanã. Gostava de chegar cedo pra acompanhar a garotada, eu ainda garoto, praticamente da mesma idade que aqueles que estavam em campo. Estava n...

"O NEGRO CREPÚSCULO", NÃO PERCA!

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Comecei a escrever "O negro crepúsculo" em 2004. Depois de muitas versões, aversões e reversões, dei por terminada a tarefa em 2015. Nem tentei a busca por uma editora, pois creio que nenhuma me daria a atenção que eu sempre esperaria. Já me frustrei uma vez com "Profano coração", livro de poesias que lancei em julho de 2009, por uma editora do Rio de Janeiro. Por isso o relancei em versão digital na AmazonKindle no ano passado e repito agora a dose com esse romance de estréia. É a história de um taxista, c.j. marques (assim mesmo escrito, como o poeta ee cummings), que busca uma relação incendiária, mas só encontra fogo de palha. Não sei se posso classificar "O negro crepúsculo" como romance. O que posso dizer que foi escrito e reescrito com a pele à flor da alma. O leitor que se aventurar por este livro encontrará poesias, filosofias de bar, dor, amor, paixão, ilusão, desilusão, pensamentos, sentimentos, sensações, encontros, desencontros e reenco...

PENSO, LOGO SINTO 24

Escrevo monólogos, porque sempre conversei muito comigo, continuei conversas e situações da forma que - não exatamente desejava, mas - era induzido e seduzido a criar na minha imaginação. Fluía. Em determinado momento percebi que tudo aquilo merecia ganhar vida. Quantos excelentes monólogos não deixei de escrever? Porém, certamente não foram perdidos de todo. Minha memória certamente me devolveu muito do que imaginei ter perdido. E mais um ganhou vida esta semana. Agora é saber quando e com quem estará nos palcos. Veja também: Estilhaços 15 Penso, logo sinto 14 Clarice Niskier, de corpo e alma O teatro e o futebol

HIPOCRISIA E CINISMO

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Um dos argumentos mais repetidos pelos amantes do capitalismo é que a livre concorrência é muito saudável para dar oportunidade às pessoas (ou pior, aos consumidores) escolherem seus produtos e serviços, com preços competitivos e maior qualidade. Em tese, posso até concordar. O problema é que muitos dos grandes defensores da livre concorrência não admitem sequer tocar no assunto quando o papo passa a ser os seus monopólios (ou de seus ícones) e suas exclusividades compradas com (muito) dinheiro e influências políticas e jurídicas, todas no mínimo obscuras. E ainda se dizem democratas e fervorosos advogados da liberdade de expressão. A prática está tão enraizada na nossa pátria pútrida nada gentil que os que não tem má-fé não percebem e apóiam, por comodismo ou ignorância, a manutenção desses monopólios.  Não quis, nem quero, levantar bandeira de qualquer "ismo" com este texto, porque para mim a questão é o ser humano. Ele é capaz de fazer um sistema aparentemente ruim ...

UM TANTO DE GRANDEZA E MUITO DE CORAGEM

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Neste último dia deste ano complicado, cheio de altos e baixos, gostaria de manifestar meu desejo de compartilhar com todos que façam por merecer as maiores alegrias do mundo em 2016, aquelas muitas que temos deixado de lado por puro egoísmo. Mesmo aos que não têm feito muito bem aos outros (e a si, por inevitável conseqüência), desejo de coração e alma que melhorem (muito!). Para isso precisarão, como todos, de muita saúde, muita paz e plena felicidade.  E vamos agora, então, ao primeiro dos muitos anos de colheita, porque já semeamos muito e a lição já sabemos de cor. Não, já não nos resta mais aprender, falta só praticar mais e mais. E sempre mais. Ter bondade, é sim, ter muita coragem. Portanto, a partir deste momento, tenhamos um tanto de grandeza e muito de coragem. É o que desejo a todos nós! PS.: grato a Beto, Renato e Cazuza, que sem saber me ajudaram a concluir este texto. E a Michel, por ter trazido ao mundo a música abaixo, além da Kristina e o pianista que não...

QUESTÃO EM QUESTÃO 6

Percebendo que o radicalismo político se acirra dia a dia no país e que há um lado crescente defendendo intervenção militar (filme, aliás, já visto em 1964), veio-me à cabeça uma questão atroz e deveras perturbadora: se a maioria quiser a ditadura, a democracia terá de aceitá-la? Veja também: Questão Em Questão 5 Gasolina no incêndio 12 O jornalismo Em Questão Brasil, um edifício que cresce sobre frágeis alicerces

TEMPLOS E ESPETÁCULOS

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Na infância e na adolescência, o lugar que eu mais gostava de ir era ao Maracanã, onde assisti a grandes espetáculos. Com a progressiva queda da qualidade nos campos de futebol e o meu crescente interesse pelas artes, fui aos poucos mudando de templo, e é no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) que passei a ver a maior parte dos grandes espetáculos que me fazem sair melhor do que quando entro. Espetáculos que justificam o nome. E por um preço muito menor do que se paga no ingresso para se ir ao estádio (hoje arena), onde não piso desde 2009. Um lugar em que se pode até apenas ficar, circular, sem nada pagar, que já vale muito a pena. Ontem, mais uma vez saí de lá extasiado, após assistir à grandiosa apresentação do Barbatuques dentro do Festival Brasil Vocal CCBB 2015. Um misto de dança e música, com percussão, melodias, harmonias e solos feitos com corpos e vozes de 10 grandes artistas, quase um time de futebol. Se visse hoje um time brasileiro com tamanho talento, determinação...

PENSO, LOGO SINTO 23

Existe uma distância abissal entre o auto-conhecimento e o auto-convencimento. Veja também: A Terra de Salgado Estilhaços 11 Questão Em Questão 4 Penso, logo sinto 11

PENSO, LOGO SINTO 22

O fato de um criminoso ter curso superior, pós-graduação, ter exercido cargos públicos e privados importantes e outros títulos deveria ser agravante (quanto mais títulos, mais grave a pena) e não atenuante. Mas como se sabe, por estas terras... Veja também: Penso, logo sinto Estilhaços 15

O INESQUECÍVEL SHOW DO QUEEN

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Tinha eu 18 anos (faria 19 em julho), quando em 18 de janeiro de 1985, uma sexta-feira como esta, assisti ao meu primeiro show internacional de música. Os dois primeiros, de B52's e Gogo's, tiveram a minha presença na antiga Cidade do Rock, mas se já não gostava na época, muito menos agora posso considerá-los. Para mim o primeiro foi o do Queen, que fechou aquela noite memorável. O Queen mesmo, com o grande Freddie Mercury à frente, comandando uma massa de aproximadamente 250 mil pessoas. A ida ao primeiro Rock in Rio foi ansiosamente esperada, eu comprara meus ingressos em outubro de 84, no Banco Nacional da Praça da Bandeira (hoje mais uma igreja destas muitas que se espalham por todos os cantos deste país), com a grana do meu salário de estagiário no arquivo da Caixa Econômica Federal, que ficava ali do lado, no prédio que atualmente é da Universidade Veiga de Almeida. E levei para casa os ingressos pros três últimos dias, sendo que o show que mais queria ver,  perdi:...