NAU POESIA: OFERENDA (ou CANÇÃO DE UM SER DILACERADO)

Transpasso meu ser rompendo barreiras sensitivas e caminho a passos largos rumo aos estágios mais elevados da loucura, da insanidade total, tangencio a alienação bestial, a genialidade que contém todo o mal que há em si, resvalo pelas sombras abjetas dos meus desejos, dos meus esgares, das minhas margens, dos meus interiores mais recônditos, mais pervertidos, mais funestos. Corto o meu elo comigo mesmo com as pontas de uma faca de dois gumes, Reparto meus restos com as unhas arranhando o chão áspero, o solo impenetrável que me foi concedido por mim mesmo, por mim a mim. Desejos retesados explodem pelos meus poros, guitarras distorcidas espancam meus tímpanos, roncos de motor sacodem minha cabeça: É o seu corpo nu em oferenda. O corpo que você me oculta, mas que eu vejo, eu toco, sem olhos e sem mãos. Meu corpo não se move mais ao meu comando: É ser independente. Eu o afasto do que verdadeiramente sou e agora as sensações das imagens são novas, não só visão, são imagens, a...