e encharca o quintal,
a terra, as telhas, as árvores
As folhas arqueiam
sob o peso de gotas
que se aglomeram
– para cair –
em outras folhas,
as mãos em concha
abarcando com sorrisos
aquela água abençoada dos céus
que sempre lhes escapa
Os galhos são prolongamentos
do dorso nu e suado
deste frondoso vegetal,
são braços estendidos
pousados no ar tentando tocar
em algo inatingível, incompreensível
como se encontrassem extenuados
de um esforço aparentemente inútil.
Percorrem-lhes pingos de suor de chuva
que despencam pouco a pouco
tal qual loucos suicidas
lançando-se na incerteza da queda,
perdidos num vão aberto no espaço
que tanto pode ser uma pequena fenda
quanto um imenso rasgo no infinito
Porém, na certeza de que
jamais retornarão à plataforma
de onde saltaram
pois serão sugados pela terra
enquanto outros tomarão seus lugares...
Esta poesia, publicada originalmente neste blog em 18 de setembro de 2008, faz parte de "Profano Coração", livro de estreia do jornalista e escritor Eduardo Lamas Neiva, com ilustrações de Sóter França Júnior.
jamais retornarão à plataforma
de onde saltaram
pois serão sugados pela terra
enquanto outros tomarão seus lugares...
Veja também:
Esta poesia, publicada originalmente neste blog em 18 de setembro de 2008, faz parte de "Profano Coração", livro de estreia do jornalista e escritor Eduardo Lamas Neiva, com ilustrações de Sóter França Júnior.
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Gostei desse, Edu! Belas imagens poéticas!!
ResponderExcluirbeijos