Nem alegre, nem triste: poeta. Aprendendo a amar, nunca chegando na hora marcada.
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
GANSO, O MESTRE-SALA DA VILA BELMIRO
Com todo respeito ao Vitória, que fez muito boa campanha, nenhum time merecia mais um título do que este Santos na Copa do Brasil. Se por um lado é pena que a campanha extrarodinária não tenha sido coroada com ao menos um empate no último jogo, por outro a vitória por 2 a 1 valorizou o vice do rubro-negro baiano. E mais merecido ainda foi o prêmio de melhor jogador da competição para Paulo Henrique Ganso.
Posso estar enganado - e, se estiver, alguém que visite este blog e leia este texto me ajude - mas desde Sócrates, Falcão e Leandro não vejo um jogador tão elegante em campo. Parece um mestre-sala desfilando pela avenida verde dos campos brasileiros com altivez, leveza e alegria, sem barroquismos. Parece um veterano, mais do que Robinho, o "nome" do alvinegro praiano.
Ganso é o cérebro do time, aquele jogador que andei comentando aqui de que tanto sentia falta. O que enxerga o jogo, joga de cabeça erguida, arma uma equipe com sua presença e seus passes e lançamentos precisos e ainda faz gols. Alguém sabe quem foi o cérebro da seleção de Dunga na Copa passada? Pois é, o obtuso ex-treinador da seleção o deixou fora e essa experiência pode fazer falta em 2014. Espero que não.
Até porque, Ganso joga muito justamente porque busca sempre a jogada mais simples e não a simplória, muito menos a firula, tão afeita a Neymar, por exemplo. E o mais simples para o camisa 10 do Santos é muito complicado para a maioria, que ou não sabe fazer ou quer fazer além do que deveria. Um passe seu surpreende até quem vê o jogo pela TV ou de cima no estádio e tem a visão do campo todo, deixando sempre um companheiro em condições de fazer uma jogada perigosa ao gol adversário, ou simplesmente ludibriando a marcação ou ele mesmo concluindo a jogada.
Paulo Henrique Ganso tem tudo para ser um gênio da bola, simplesmente porque não procura fazer o mais complicado, não enfeita, e mesmo assim cria, surpreende, dá beleza ao espetáculo, faz arte em campo. Enfim, dá prazer a quem gosta de futebol assisti-lo jogar.
Ilustração: Fábio (http://desenhafabio.wordpress.com/)
Veja também:
O Cérebro do Time
Beckenbauer, a Elegância do "Kaiser"
Meninos da Vila: a Arte e o Prazer de Jogar Bola
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Muito bom, Edu!!! Engraçado que pensei nisso ontem ao ver o jogo do Santos e os passes do ganso. Me lembrou a seleção de 1982, que passes lindos!!! E ontem chovia à beça, dia de decisão, mas é muito gostoso apreciá-lo em campo. Valeu!!!!! Fará bem à seleção.
ResponderExcluirMarcela Tagliaferri
Grande Ganso. Assino embaixo!!!
ResponderExcluirObrigado, Marcelita e Antonio. Um tal de Cruyff vai gostar muito de ver Ganso atuando...
ResponderExcluirBeckenbauer também... Pra citar apenas duas elegâncias estrangeiras em campo. Aliás, um brasileiro que esqueci de citar, da mesma época de Falcão e Sócrates, que também jogava de cabeça em pé, praticamente sem olhar a bola, foi Leandro.
ResponderExcluirEm sua entrevista na revista Caros Amigos o Sócrates vez algumas revelações interessantes. Em primeiro lugar afirmou que o Ganso é o melhor jogador brasileiro da atualidade. Disse ter sido um dos únicos jogadores de sua época que consegui cursar Medicina e jogar futebol profissionalmente. Que o recurso do calcanhar foi a saída que ele encontrou para sobreviver em campo, pois da última vez que enfrentou o Luís Pereira havia driblado ele quatro vezes e sempre o via surgir de novo pela frente. Na copa de 1982 parou de fumar para ganhar massa muscular e ter um bom desempenho. E que foi rumo a Itália descontente com os rumos políticos do país diante da derrota da emenda das Diretas. Craque e bom de cabeça.
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