Já ouvi o CD mais de dez vezes e pensei outras tantas se deveria
publicar aqui um texto para exaltar um trabalho no qual tenho envolvimento
direto, por ser sócio da empresa que agencia, produz e assessora o autor. No entanto, não costumo fugir daquilo que
creio profundamente, então, taí, não me furtarei de escrever sobre “Além do
princípio do prazer”, álbum recém-lançado pelo cantor, guitarrista, violonista e compositor Pedro Sá Moraes, pela Delira Música. Não é trabalho para ouvidos
viciados, mas para os que buscam sempre algo novo e raro e para despertar aqueles que andam meio acomodados resmungando pelos cantos, revoltados com a
mediocridade – mais que isso, com o baixíssimo nível – que TVs e rádios vêm
apresentando dia-a-dia ao público.
Nas nove músicas do intenso e instigante trabalho de Pedro há uma infinidade de sons e ruídos que nos trazem imagens
variadas (algumas de humor, inclusive), belas melodias e quebras súbitas de ritmos que causarão
estranheza. E é isso mesmo, é para tirar o ouvinte do conforto de ligar o som e
deixar rolar enquanto vai se ocupando de outros afazeres. Pare tudo e o ouça com atenção. Com uma pegada roqueira, Pedro passeia por pop eletrônico, sob a
batuta de Ivo Senra, mas não abandona suas raízes, que nasceram no samba da multifacetada Lapa. Estão lá marcha ("Não quer que o mundo mude"), bossa (na única com letra em inglês, "Salmo 23") e vários
ritmos nordestinos, oriundos da Península Ibérica, via mouros, da África, e amalgamados
aqui mesmo nesta terra tão rica e ultimamente tão maltratada musicalmente.
Ele reprocessa tudo isso em seu caldeirão e, qual um bruxo, lança no ar poesias
e poesias de primeira grandeza por intermédio de seu vozeirão de grande cantor
que é.
Aqui vale ressaltar a qualidade das letras (verdadeiras poesias) e, nesse caso, além do próprio Pedro, é preciso citar seus parceiros Thiago Amud (nas excelentes “Alarido” e “O olho da pedra”) e Thiago Thiago de Melo (autor da brasileiríssima “Não é Água”), seus companheiros de Coletivo Chama, e João Cavalcanti (“A hora da estrela”) e Thomas Saboga (“Ela vertigem”, outra belíssima). O melhor é que ao vivo (pude constatar no Solar de Botafogo, no dia 4/12) as músicas ficam ainda melhores, especialmente pela ótima presença de palco de Pedro e também - é preciso louvar - o já citado Ivo Senra, pilotando seus teclados de mil sons, inclusive o baixo, e o grande baterista Lúcio Vieira.
Quem se interessar em ouvir as músicas de “Além do princípio do prazer”, antes de se decidir a comprar o CD (capa acima), é só clicar aqui.
Como diz a letra de “Alarido”: “você vai escutar apesar e através, com maior
lucidez pra separar bom, de dor; banal, de bom; tom, de cor, de som...”
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