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Mostrando postagens de outubro, 2016

NO BANCO DA PRAÇA

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Foto: Fábio Rogério (Jornal Cruzeiro, Sorocaba-SP) Andava sem rumo, pensativo, remoendo problemas e removendo alegrias do fundo do baú da memória, quando me vi dentro de uma ampla praça no centro de uma cidade que já não me reconhecia mais. Nem eu a ela. Reparei num lugar vago ao lado de um senhor e lá me sentei, sem a menor vontade de trocar sequer uma vírgula de idéia. Não com ele, especificamente, com ninguém. Mas ele falava, parecia um mantra, e tive de me curvar discretamente para ouvir e ele não perceber. O senhor repetia baixinho: "Coitado do povo, coitado do povo, coitado do povo...". Quando entendi o que dizia me postei virado para o lado oposto, o direito, para não correr o risco de ter as lamúrias voltadas para mim em busca de algum apoio ou mesmo de uma represália. Longe de mim, pensei. E ele se foi. Resolvi ocupar o lugar em que o senhor estava. E voltei aos meus pensamentos e voei para um lugar no meu passado longínquo que já pensava - ou melhor, já não mais...

NAU POESIA: AMORES*

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Obra de Juarez Machado Amor por inteiro Amor por dinheiro Amor interesseiro Amor profundo Amor vagabundo Amor pelo mundo Amor sem graça Amor desgraça Amor mordaça Amor desinteressado Amor desapegado Amor safado Amor espiritual Amor racional Amor visceral Amor ocidental, Amor oriental Amor acidental É tudo isso o mesmo amor? É tudo isso mesmo o amor? É tudo isso mesmo, amor? Amor fraterno Amor materno Amor subalterno Amor à primeira vista Amor a perder de vista Amor pago à vista Amor com vaidade Amor com piedade Amor sem idade Amor possessivo Amor lascivo Amor excessivo Amor secreto Amor discreto Amor sem teto Amor sofrido Amor sem libido Amor fodido É tudo isso o mesmo amor? É tudo isso mesmo o amor? É tudo isso mesmo, amor? Amor exclusivista Amor egoísta Amor exibicionista Amor casual Amor usual Amor sem igual Amor de pele Amor que escalpele Amor que impele Obra de Juarez Machado Amor que se supôs Amor que s...