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SEMPRE UM BOM JOGO PARA SE RECORDAR

Esta partida amistosa, realizada em meio às eliminatórias sul-americanas e europeias da Copa do Mundo de 1978, foi uma das primeiras a que assisti da seleção e, por mais contraditório que possa parecer em relação ao título do texto, foi meio decepcionante, apesar dos grandes jogadores em campo. A seleção brasileira abriu 2 a 0 e parou para assistir ao time de Platini, Didier Six e Tresor passear em campo e empatar o jogo. Veja também: Futebol, o mundo gira, a bola rola   "Contos da Bola" abrindo portas pelo mundo Naquela noite, em 1977, a torcida brasileira no Maracanã, revoltada com a equipe que tinha Rivelino, Cerezo, Roberto Dinamite, Leão, Luís Pereira, Edinho entre outros (Zico não jogou, devia estar machucado), gritou "França, França, França..." Repare no gol de Tresor uns torcedores pulando de alegria na antiga geral.  Os castigos viriam nas Copas de 1986, 1998 e 2006. FICHA TÉCNICA BRASIL 2 X 2 FRANÇA Amistoso Data: 30/6/1977 Local: Maracanã Renda: Cr$ 3....

BRASIL, UM EDIFÍCIO QUE CRESCE SOBRE FRÁGEIS ALICERCES

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Em um texto que escrevi há uns dez anos e que dou por perdido – infelizmente – defendia uma tese de que o Brasil antes mesmo de uma crise ética enfrentava uma grave crise estética. E que esta seria determinante para a outra. Hoje já não tenho mais tanta firmeza em fazer esta afirmação, pois pelo que tenho observado e lido as duas crises se agravaram tanto e se entrelaçam de tal maneira que não dá mais para saber onde começa uma, onde termina outra. Não há dúvidas de que economicamente hoje o país é mais seguro, principalmente para quem conviveu com a hiper-inflação dos anos 80. Mas desde 1964, a base da nação vem sendo corroída e o que se pensou ser uma responsabilidade dos governos militares, já passados 25 anos desde que o último fardado se foi do Poder Executivo, não dá mais para acusá-los. Todos os civis que comandaram este país a partir de 1985 mantiveram a (falta de) política pública dos militares nas áreas da saúde e da educação, que são os alicerces de uma nação. E hoje, aind...

GANSO, O MESTRE-SALA DA VILA BELMIRO

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Com todo respeito ao Vitória, que fez muito boa campanha, nenhum time merecia mais um título do que este Santos na Copa do Brasil. Se por um lado é pena que a campanha extrarodinária não tenha sido coroada com ao menos um empate no último jogo, por outro a vitória por 2 a 1 valorizou o vice do rubro-negro baiano. E mais merecido ainda foi o prêmio de melhor jogador da competição para Paulo Henrique Ganso. Posso estar enganado - e, se estiver, alguém que visite este blog e leia este texto me ajude - mas desde Sócrates, Falcão e Leandro não vejo um jogador tão elegante em campo. Parece um mestre-sala desfilando pela avenida verde dos campos brasileiros com altivez, leveza e alegria, sem barroquismos. Parece um veterano, mais do que Robinho, o "nome" do alvinegro praiano. Ganso é o cérebro do time, aquele jogador que andei comentando aqui de que tanto sentia falta. O que enxerga o jogo, joga de cabeça erguida, arma uma equipe com sua presença e seus passes e lançamentos preci...

UM SONHO CHAMADO KUROSAWA

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Akira Kurosawa , falecido em 1998 (completaria cem anos em 23 de março deste ano), foi um cineasta que conseguia ser delicado e deixar esperança mesmo nas cenas mais tristes de seus filmes. Sonhos , de 1990, talvez seja o que melhor resume a sua extensa filmografia. Com o filme já lançado em DVD há alguns anos, isso pode ser confirmado por fãs e aqueles que se propuserem a conhecer o trabalho meticuloso do mestre japonês. Aliás, começar a conhecer a obra de Kurosawa por Sonhos é uma excelente idéia. Não que este filme, dividido em oito episódios que vão desde o mais puro lirismo à denúncia metafórica da estupidez humana, seja o melhor que filmou – aliás, tarefa inglória para quem se propuser a elegê-lo. Mas sim porque ele sintetiza bem o que o cineasta entendia por cinema. Veja também : Villa-Lobos, o Pai da MPB Entrevista: Nelson Pereira dos Santos O perfeccionismo de Kurosawa foi bastante comentado durante sua vida. Conta-se que o cineasta chegava muitas vezes a quase levar à loucu...

O CIRCO QUE FAZ SEU PÚBLICO DE PALHAÇO

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Peço licença para citar novamente Zico (e) para falar de outro "esporte" aqui. Disse o Galinho no SporTV segunda-feira passada: "Parei de acompanhar a Fórmula 1 desde aquele episódio do Rubinho". Pois é, os verdadeiros esportistas não compactuam com armações, falcatruas, manipulações de resultados. Lamentavelmente, três escandalosos episódios ocorreram na F-1 nos últimos anos e em todos eles pilotos brasileiros serviram de capachos para Michael Schumacher, primeiro, e Fernando Alonso, depois. Só espero que aqueles que continuarem a acompanhar a F-1 não se esqueçam dessas histórias vergonhosas e não passem a achá-las normais, mesmo que algum brasileiro, num dia qualquer, seja o favorecido. Veja também: "Contos da Bola" está na rede Fábrica de ídolos

NINA SIMONE, A SACERDOTISA DO JAZZ

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Muito mais que uma grande cantora. Quando Nina Simone, que o público brasileiro teve a oportunidade de assistir  algumas vezes, deixou este mundo, em 21 de abril de 2003, a música ficou mais pobre. Dona de uma voz privilegiada que passeava por vários estilos musicais, embora fosse mais conhecida como cantora de jazz, Simone foi uma artista que não se vendeu ao “american way of life”. Chamada de a Sacerdotisa do Jazz e comparada a Billie Holiday, Nina Simone fugiu de rótulos com seu talento e, além de cantar e compor como poucos jazz e blues, recriou clássicos, baladas e rocks dos Beatles e de várias outras bandas americanas e inglesas. Simone apareceu para o público nos anos 50 e logo mostrou seu imenso talento como pianista, cantora, arranjadora e compositora. I Love You Porgy , da ópera Porgy and Bess (1959), de George Gershwin, foi seu primeiro grande sucesso. Outros grandes momentos da carreira de Simone foram as músicas My Baby Just Cares for Me , gravada em 1966, e One Night...

BECKENBAUER, A ELEGÂNCIA DO "KAISER"

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No futebol, elegância tem um sinônimo: Franz Beckenbauer . Tanto no porte de um imperador enquanto desfilava seu imenso talento e liderança dentro dos campos, quanto depois como técnico e, atualmente, como dirigente. Beckenbauer foi um dos raros jogadores de futebol que mostraram na prática que o belo é o simples. Diz-se dos grandes jogadores quando atingem a maturidade que correm menos não porque perderam a vitalidade, mas porque já conhecem os atalhos do campo. Mas para o “Kaiser” parece que os atalhos foram traçados por ele mesmo desde que começou.  Um dos caminhos que criou foi o do líbero que avança ao meio-de-campo para a armação das jogadas ofensivas e até mesmo ao ataque quando o time tem a posse de bola. Pouquíssimos líberos souberam jogar como ele – talvez só o italiano Franco Baresi tenha chegado perto do mestre. Antes de Beckenbauer, os líberos jogavam apenas na sobra, como o último homem antes do goleiro.   O mundo começou a admirar o talento deste alemão na ...

O PRIMEIRO HEXA BRASILEIRO FOI O PALMEIRAS*

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Um movimento de clubes interessados no reconhecimento dos títulos da Taça Brasil e da Taça de Prata (Torneio Roberto Gomes Pedrosa) como legítimos campeões brasileiros foi organizado no início de 2010 e eu apoiava, em parte. Friso que o time para o qual torço não seria - como acabou não sendo - beneficiado em nada com isso, o que me fez ficar muito à vontade para opinar. E manter minha posição contrária à decisão da CBF. Para mim, foi exagero da entidade máxima do futebol brasileiro considerar os vencedores da Taça Brasil, que começou em 1959 e foi disputada até 1968, como campeões brasileiros, porque o sistema de disputa era eliminatório, como é desde 1989 o da Copa do Brasil. Portanto, esses clubes (Bahia, Palmeiras duas vezes, Santos cinco vezes, Cruzeiro e Botafogo) deveriam ser reconhecidos como os primeiros campeões da Copa do Brasil. Além disso, a Taça Brasil foi disputada no mesmo ano que a Taça de Prata em 1967 e 68, o que comprova que eram competições distintas. A Taça de Pra...

MENINOS DA VILA: A ARTE E O PRAZER DE JOGAR BOLA

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Há muitos anos não tinha tanto prazer em ver um time jogar futebol como este do Santos. Os Meninos da Vila mostraram contra o muito bom time do Grêmio de Victor, Douglas e Borges que não chutam só cachorro morto, como os adeptos do futebol de resultados andaram decantando nas goleadas arrasadoras sobre Naviraiense (10 a 0), Ituano (9 a 1) e Guarani (8 a 1). Enquanto os burocratas da bola apresentam números discutíveis de roubadas de bola e passes certos para o lado e mostram aquele meio-sorriso enfadonho de satisfação ao fim de um trabalho como se batesse ponto, Paulo Henrique Ganso, Neymar, André, Wesley, Robinho e coadjuvantes se divertem e mostram que beleza e objetividade nos campos de futebol não são incompatíveis. O verdadeiro futebol brasileiro hoje veste preto e branco, infelizmente não é a amarelinha. Só espero, sinceramente, que não seja apenas por menos de um semestre. Vídeo: imagens, narração e comentários do SporTV. Veja também: Pelé, só ele Ganso, o mestre-sala da Vila

OS MAIORES JOGOS DE TODOS OS TEMPOS 7

BRASIL 2 X 0 URSS - Amistoso internacional - 1976 Este até pode não ter sido um maravilhoso jogo de futebol - só me recordava dos gols que aí acima estão - mas para mim tem dois significados especiais, sendo que um deles o faz merecedor de estar aqui: o gol de Zico, que considero o mais bonito que fez com a amarelinha e que vi ao vivo ele marcar. Esta foi também a primeira partida da seleção que assisti no Maracanã, acabei descobrindo durante a pesquisa, embora já desconfiasse disso. Mil novecentos e setenta e seis era o ano do início do trabalho para a Copa do Mundo de 1978, que começou com Osvaldo Brandão de técnico e terminou com Cláudio Coutinho. Nesta partida, Falcão, que entrou no lugar de Givanildo, do Corinthians, abriu o marcador com um gol de cabeça, mas se tinha vaga com Brandão acabou preterido pelo excelente Coutinho, que se perdeu na convocação para a Copa, deixando o craque do Inter fora para chamar o botinudo Chicão, do São Paulo. A vitória de 2 a 0 naquele 1º de dezem...