quinta-feira, 15 de novembro de 2012

UM BRILHANTE ESQUIZOFRÊNICO

Na tarde do último domingo aproveitei uma brecha no tempo disponível para viver uma pequena esquizofrenia. Isolei-me do mundo da bola, onde todos pareciam estar concentrados, para assistir a “Uma mente brilhante” (A beautiful mind, 2001), dirigido por Ron Howard, com Russell Crowe muito bem no papel principal. É um filme brilhante? Longe disso. Mas retrata a história verídica de um homem brilhante, o matemático e esquizofrênico John Forbes Nash.

Para alguém como eu, que não tem muita afinidade com os números, o que mais me comoveu na história desse grande homem não foi aquilo que o levou à glória, a sua profissão, a sua contribuição para a economia mundial, a sua dedicação obsessiva a uma arte que não entendo, e portanto estou impedido de admirar profundamente: a matemática. O que engrandece aos meus olhos o imenso Nash, que é bem retratado com suas virtudes e defeitos (sua arrogância na juventude é bem instrutiva para quem deseja vencer a própria), é como usou sua mente brilhante para ludibriar a esquizofrenia e evitar os eletrochoques e os remédios que o limitavam como grande estudioso de seu ofício e como homem.

Logicamente que para isso contou muito com a persistência e o amor de sua mulher, Alicia (interpretada pela bela Jennifer Connelly), que enfrentou corajosamente todos os gigantescos problemas que se avolumam com a convivência com uma pessoa dificílima por natureza e ainda mais doente. A ela, Nash dedicou merecidamente o prêmio Nobel ganho em 1994. Além disso, ele tem grandes amigos (os reais, pois os imaginários se mostraram traiçoeiros). Porém, ele só se superou porque teve vontade maior que a doença e as ignorâncias – e arrogâncias – de médicos e psicólogos, ao não se deixar vencer pelo mundo tortuoso e perigoso que sua brilhante mente criava e tornava real a seus olhos. John Forbes Nash é mais que um artista dos números, é um artista que enfrentou e recriou a própria mente.


Ilustrações: cartaz brasileiro do filme "Uma mente brilhante" (A beautiful mind, 2001) e John Forbes Nash (Getty Images).
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2 comentários:

  1. Edu, também gostei muito do filme, mas não entendo como você pôde trocar o Flu campeão por uma tarde cinematográfica. Você precisa explicar melhor isso!

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  2. É simples, meu caro amigo tricolor: não tenho grande apreço pelo clube das Laranjeiras e muito menos pelo futebol praticado pela equipe treinada por Abel Braga. Além disso, o dito esporte bretão faz cada vez menos parte das minhas emoções e dos meus interesses. Mas pra ser exato, acabou dando para ver pouco mais que a meia hora final do jogo contra o Palmeiras e posso dizer que não foi dos piores. Abração e obrigado pela leitura e o comentário.

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