O habilidoso Geraldo em ação num jogo no Maracanã. Jovem meia do Fla faleceu em 1976 |
O público e nossos quatro
amigos ficam muito bem impressionados com a capacidade de Edu Kneip descrever
em música o desenrolar de um jogo. Após comentários elogiosos, Zé Ary aborda
João Sem Medo.
Garçom: - Seu João, voltando ao assunto anterior,
outros jogadores que tinham tudo para serem grandes craques morreram jovens
também.
João Sem Medo: - Sim, Zé Ary, é verdade. Além
do Dener, que foi revelado pela Portuguesa, passou pelo Grêmio e estava no
Vasco, teve o Roberto Batata, do Cruzeiro; o Geraldo, do Flamengo...
Idiota da Objetividade: - Roberto Batata e Dener
morreram em acidentes de automóvel. Geraldo teve um choque anafilático durante
cirurgia para retirada das amígdalas. Roberto Batata e Geraldo faleceram em
1976. Dener, em 1993.
Garçom: - O
ponta-direita Roberto Batata foi tão marcante no Cruzeiro que mereceu uma
homenagem musical de Gaúcho Alegre. Vamos ver e ouvir no telão?
Todos concordam e Zé Ary põe o
vídeo no telão.
Roberto Batata é muito aplaudido e, da sua mesa, agradece ao público.
Veja também:
João Sem Medo: -
Roberto Batata foi um atacante muito bom do grande time que o Cruzeiro montou
nos anos 70. Um abraço pra você (João acena para Roberto Batata, que retribui o
cumprimento).
Garçom: -
Quem também está presente é o Geraldo Assobiador.
João Sem Medo: - Geraldo
Assobiador era cobra de bola. Não era completo, mas tinha tudo pra ser craque.
Morava perto de mim, gostava de ir ao borracheiro para aprender a mudar pneu e
lidar com ferramentas do mecânico. Todos os dias brincava assim e jogava um
futebol muito bonito e gostoso de ser visto.
Emocionado, Geraldo se levanta
e vai dar um abraço em João Sem Medo.
Garçom: - Que
encontro, meus amigos! Que encontro!
Aplausos gerais para Geraldo e
João Sem Medo.
Garçom: - Em
homenagem ao grande Geraldo, vou pôr no som uma música de Mário Adnet e
Bernardo Vilhena, chamada “Geraldofla”, numa gravação do Adnet com as
participações de Lobão, na voz, e de Paulo Moura, nos sopros. Vale muito ouvir,
minha gente.
Geraldo, ainda emocionado, agradece os aplausos do público.
Veja também:
Garçom: - Dois, pouco lembrados, mas que estavam
despontando bem eram o Mahicon Librelato, do Inter, e o Sérgio Gil, do
Corinthians.
Idiota da Objetividade: - Mahicon Librelato
começou no futsal, na cidade catarinense de Orleans, onde nasceu. No campo, o
início da carreira do promissor atacante foi no Criciúma. Ele tinha só 21 anos,
quando morreu na Avenida Beira Mar Norte, em Florianópolis, num acidente de
carro também. Seu último gol, duas semanas antes, ajudou o Inter a escapar do
rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro, em 2002, nos 2 a 0 sobre
o Paysandu, em Belém.
Sobrenatural de Almeida: - Os
colorados devem essa a ele e um pouco a mim também. O Inter escapou por muito
pouco daquela vez.
Idiota da Objetividade: -
Verdade, Almeida. Já o Sérgio Gil, que hoje dá nome a uma rua no bairro do
Balneário, em Florianópolis, era irmão do ex-volante Almir, que foi o capitão
do Coritiba na conquista do campeonato brasileiro de 85 e bicampeão paulista
pelo São Paulo, em 80 e 81, e do Tonho, meia campeão mundial pelo Grêmio, em
83. Ele começou no Figueirense, foi convocado várias vezes pra seleção
brasileira de juniores e estava emprestado ao Corinthians. Sérgio Gil estava
sendo negociado com o Inter quando faleceu num acidente automobilístico na
Rodovia Régis Bittencourt, ainda no estado de São Paulo, em 9 de julho de 1989.
João Sem Medo: - Outro que perdemos num
acidente de carro também foi o Everaldo, lateral-esquerdo tricampeão no México.
Já não era tão jovem quanto os outros, tinha uns 30 anos, acho...
Idiota da Objetividade: - ... Sim, tinha 30
anos de idade. Morreu em 1974.
João Sem Medo: - Ele ainda estava jogando e foi uma
perda muito sentida também. Eu o convoquei pra seleção desde o princípio, como
reserva do Rildo. Era muito bom jogador.
Ceguinho Torcedor: - Foi uma das Feras do João!
Garçom: - Ô, seu Ceguinho, foi bom o senhor falar nisso. O Paulo Silvino tinha
prometido vir aqui cantar a marchinha “As feras do Saldanha”, de Jayme Bochner,
mas ainda não apareceu.
Músico: - Uma hora ele aparece aí!
Garçom: - Tomara!
Fim do Capítulo #20
Modificado e republicado em 16 de dezembro de 2024
Esta série é uma homenagem especial a João Saldanha e Nelson Rodrigues e também a Mario Filho e muitos dos artistas da música, da literatura, do futebol e de outras áreas da Cultura do nosso tão maltratado país.
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