Mário Sérgio (Inter) disputa a bola com Katinha (Vasco) na final do Brasileiro de 79. Foto: Ag. RBS |
O papo sobre acidentes fatais voltou à mesa após a menção a Paulo Silvino. E Sobrenatural de Almeida pegou a deixa de Zé Ary.
Garçom: - Falávamos de jogadores que no auge de suas carreiras acabaram sofrendo
acidentes fatais. Vocês se recordam de mais alguns?
Sobrenatural de Almeida: - Lembro do uruguaio DanielGonzález, que também tinha jogado na Portuguesa e no Corinthians e estava no
Vasco quando morreu num acidente no Rio. Teve o zagueiro Figueiredo, do
Flamengo, também.
Idiota da Objetividade: - Figueiredo morreu aos 24 anos, em
1984, num acidente com um helicóptero em que também estava Nilton, irmão e
procurador do Bebeto, na época atacante do Flamengo e que dez anos mais tarde
fez parte da seleção que se sagrou tetracampeão mundial nos Estados Unidos.
Garçom: - Houve muitas mortes trágicas. Uma
que me deixou muito chocado foi a do zagueiro Serginho, do São Caetano, lá no
Morumbi.
Idiota da Objetividade: - Foi uma noite muito triste para o
futebol brasileiro a de 27 de outubro de 2004. Jogavam no Morumbi São Paulo e
São Caetano, pelo Campeonato Brasileiro, quando, aos 14 minutos do segundo
tempo, o zagueiro Serginho, de 30 anos, caiu na área de seu time. Logo, os
jogadores das duas equipes que estavam mais próximos perceberam a gravidade e
ficaram desesperados. Serginho foi levado para o hospital São Luiz, na capital
paulista, mas não resistiu ao ataque cardíaco e faleceu.
Encorajado por quem estava em sua mesa, Serginho levanta-se e
toma a palavra.
Serginho: - Mas agora estou aqui podendo participar deste evento maravilhoso.
Todos aplaudem e o ex-zagueiro agradece.
Veja também:
Músico: - Então, em homenagem ao Serginho, o Daniel González e o Figueiredo, que
também estão aqui...
Garçom: - Podem aplaudi-los também (ambos também se levantam e agradecem os
aplausos).
Músico: - Bom, com a licença do Jorge Ben, ou melhor, Jorge Benjor, que continua batendo um bolão no Mundo Material, vamos tocar aqui uma música dele, em homenagem a esses e todos os grandes zagueiros da História. Vamos lá, gente! “Zagueiro” vai limpar a área! E todo mundo pode dançar.
Todos se divertem a valer e aplaudem os músicos ao fim da
música. Mas o tema das tragédias no futebol brasileiro retorna.
Garçom: - Creio que o acidente com o time do
Chapecoense quase inteiro na viagem pra Colômbia, em 2016, foi a pior de todas,
né?
João Sem Medo: - Vários jornalistas que iriam acompanhar
a final da Copa Sul-Americana também estavam no avião que caiu a 30 quilômetros
do aeroporto de Medellin, onde seria a partida.
Idiota da Objetividade: - Foram ao todo 75 mortos. Apenas
seis sobreviveram, entre eles o goleiro Jackson Follman, o lateral Alan Ruschel
e o zagueiro Neto.
João Sem Medo: - Sobreviveram também o locutor
Rafael Henzel, que faleceu depois e já nos cumprimentou quando chegou aqui, e
dois tripulantes. Entre os comentaristas mortos estava Mário Sérgio,
ex-ponta-esquerda e meia de grande habilidade. Mário Sérgio foi um jogador de
alto gabarito. Tinha o apelido de Vesgo, porque muitas vezes olhava prum lado e
tocava pro outro pra enganar os marcadores. Os mais novos já viram RonaldinhoGaúcho fazer isso algumas vezes e vão entender o que o Mário fazia.
Ceguinho Torcedor: - Foi treinador também.
Sobrenatural de
Almeida: - Mas não
teve o mesmo sucesso de quando jogador.
Idiota da Objetividade: - Mário Sergio começou no Flamengo,
em 1970. Depois jogou em vários clubes: Vitória, Fluminense, Botafogo, RosárioCentral da Argentina, Internacional, São Paulo, Ponte Preta, Grêmio, Palmeiras,
Botafogo de Ribeirão Preto, Bellinzona da Suíça e Bahia. Entre os principais
títulos conquistou o bicampeonato carioca de 75 e 76 pelo Fluminense, o
campeonato brasileiro de 79 pelo Inter e o Mundial Interclubes de 83 pelo
Grêmio. Como técnico comandou 11 times e foi dirigente no Grêmio, em 2005.
Veja também:
Garçom: - Mário Sergio também disse que viria, mas ainda não apareceu.
João Sem Medo: - Ele foi convocado pelo Telê em 81
e 82, mas acabou não indo à Copa da Espanha. Telê resolveu levar o Dirceu.
Garçom: - Dirceu teve um compromisso...
Sobrenatural de
Almeida: - Esse papo
tá mórbido demais.
Ceguinho Torcedor: - Todo mundo aqui partiu daquela pra
melhor, Almeida. E pensei que gostasse dessas coisas.
Sobrenatural de
Almeida: - Minha
influência se resume ao jogo. Nunca matei ninguém.
João Sem Medo: - Sem essa, Almeida. Muita gente
morreu do coração com gols no último minuto, chances perdidas em cima da hora,
frangos incríveis...
Sobrenatural de
Almeida: - ... não
diretamente, não diretamente.
Ceguinho Torcedor: - Ouço daqui a tua risada satânica.
Sobrenatural de Almeida: - Que isso, Ceguinho? hahaha
Músico: - A risada satânica do Sobrenatural de Almeida me lembrou de “Futebol no
inferno”, que Castanha e Caju gravaram. O que acha, Zé Ary?
João Sem Medo: - Muito boa esta!
Sobrenatural de Almeida (de pé, dançando e cantando): - Deus me livre d’eu ir
lá! Deus me livre d’eu ir lá! Hahaha
Ceguinho Torcedor: - Essa risada satânica é inconfundível. Até no inferno se
ouve e se reconhece.
Idiota da Objetividade: - Parece até que veio de lá!
Veja também:
Fim do Capítulo #21
Modificado e republicado em 14 de janeiro de 2025
Esta série é uma homenagem especial a João Saldanha e Nelson Rodrigues e também a Mario Filho e muitos dos artistas da música, da literatura, do futebol e de outras áreas da Cultura do nosso tão maltratado país.
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