Aqui você encontra, em essência, textos do escritor e jornalista Eduardo Lamas Neiva sobre os mais variados temas. E não só, pois há sempre fotos e vídeos ilustrando as postagens. Obrigado pela visita, volte sempre.
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João Sem Medo: - Tostão e Dirceu Lopes foram os
grandes nomes daquele time do Cruzeiro. Os dois, mais o Piazza, foram titulares
do time que escalei logo quando assumi a seleção, três anos depois.
Ceguinho Torcedor: - Aquele time do Cruzeiro e as Feras do Saldanha merecem todas
as nossas homenagens.
Idiota da Objetividade: - Em especial Tostão, craque daquele time do
Cruzeiro e o artilheiro da seleção nas eliminatórias para a Copa de 70.
Garçom: - Então, vamos ouvir “Tema de Tostão”, de Milton Nascimento?
Zé Ary vai ao aparelho e põe a música-homenagem
para ressoar nas caixas de som do Além da Imaginação.
Músico: - Esta música foi composta por
Milton Nascimento para o documentário “Tostão, a fera de ouro”, de 1970. O
filme teve roteiro do escritor mineiro Roberto Drummond, autor entre outros de
“Hilda Furacão”, e direção de Paulo Laender e Ricardo Gomes Leite.
João Sem Medo: - A vitória do Cruzeiro em 66 fez finalmente
a CBD ver que o futebol não se restringia a Rio e São Paulo.
Idiota da Objetividade: - É verdade. Para as Copas do Mundo,
por exemplo, apenas cinco jogadores de clubes fora do eixo Rio-São Paulo haviam
sido convocados até 66: o zagueiro Luz, do Grêmio, para a Copa de 34; o
zagueiro Nena e o atacante Adãozinho, ambos do Internacional, para a Copa de50, e os atacantes Alcindo, do Grêmio, e Tostão, do Cruzeiro, para 66. Já para
o México, em 70, Zagallo teve o mesmo número de jogadores que não eram de
clubes do Rio ou São Paulo: Piazza, Fontana e Tostão, do Cruzeiro; Everaldo, do
Grêmio, e Dario, do Atlético Mineiro.
Garçom: - Caramba, fomos bicampeões mundiais
só com jogadores de times do Rio e de São Paulo, então. Não se dava muita
atenção ao futebol de outros estados?
João Sem Medo: - Na verdade, os clubes de Rio e São
Paulo eram mais fortes economicamente e traziam muitos atletas de outros
estados. Jogando nos dois principais estados do país eles se destacavam mais e
acabavam convocados.
João Sem Medo: - Aquele título do Cruzeiro em 66
também fez nascer o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, que era o Rio-São Paulo mais
clubes de Minas, Rio Grande do Sul e de outros estados.
Ceguinho Torcedor: - O Robertão, como era chamado, é
que deu origem ao Campeonato Brasileiro.
João Sem Medo: - Muitos anos depois a CBF numa
decisão estapafúrdia misturou os campeões da Taça Brasil e do Robertão com os do
Campeonato Brasileiro.
Ceguinho Torcedor: - Mas o Robertão foi o Big Bang do
Brasileirão!
João Sem Medo: - A Taça Brasil era um torneio
eliminatório, parecido com a atual Copa do Brasil. A CBF misturou alhos com
bugalhos e o Palmeiras acabou virando bicampeão brasileiro no mesmo ano, porque
ganhou duas competições diferentes em 1967, a Taça Brasil e o Roberto Gomes
Pedrosa.
Idiota da Objetividade: - Em 1971, após forte campanha da
imprensa esportiva, a CBD instituiu o Campeonato Brasileiro. A criação do
campeonato nacional, no entanto, mereceu críticas dos mesmos veículos que
reivindicavam a competição, pois viam pouca diferença em relação ao Robertão e
uma ingerência política muito grande para a escolha dos times.
João Sem Medo: - A Arena, partido da ditadura, se
aproveitou do futebol para angariar simpatias. E o lema foi criado: “Onde a
Arena vai mal, mais um time no Nacional. E onde a Arena vai bem, mais um time
também”.
Garçom: - Teve campeonato com quase cem
times!
Idiota da Objetividade: - Foi em 1979, quando o
Internacional de Porto Alegre conquistou o seu terceiro e último Campeonato
Brasileiro. Venceu de forma invicta a competição que teve 94 clubes.
Sobrenatural de
Almeida: -
Assombroso.
João Sem Medo: - E seriam mais, se alguns grandes
de São Paulo não tivessem ficado de fora.
Idiota da Objetividade: - Os times de São Paulo queriam
entrar apenas na terceira fase da competição. A CBD, que naquele mesmo ano por
exigência da Fifa passaria a cuidar apenas do futebol e se tornaria CBF, não
aceitou. Com isso, Corinthians, Portuguesa, Santos e São Paulo ficaram fora do
Campeonato Brasileiro de 1979.
Garçom: - Caramba, seriam então 98 clubes!
João Sem Medo: - Confusão no tapetão e politicagem nunca faltaram no
futebol brasileiro. Os cartolas atuais são elitistas e praticamente expulsaram
o povão dos estádios.
Ceguinho Torcedor: - A alma dos estádios estava na geral com seus personagens
magníficos. Dizem os idiotas da objetividade que torcida não ganha jogo. Pois
ganha!
Idiota da Objetividade: - Pra mim futebol é onze contra onze, decidido no
campo de jogo.
João Sem Medo: - Os cartolas sempre atrapalharam o futebol brasileiro e
tentaram ganhar alguns jogos na mão grande. Naquela época, do Brasil gigante,
do ame-o ou deixe-o, com o campeonato inchando de clubes a cada ano, muito mais
preocupados com seus interesses do que com os dos próprios clubes que dirigiam,
eles faziam as maiores lambanças, elaboravam regulamentos confusos, mudavam
tudo no meio do campeonato, jogos sem atrativos e ainda queriam que o povão fosse
aos estádios com seu suado dinheirinho e pegasse sol a pino na cabeça sem saber
se o jogo seria resolvido em campo ou no tapetão.
Garçom: - Fui a muito jogo com o estádio praticamente às moscas.
Músico: - Ah, João, Zé Ary, Ceguinho. Temos um grande artista presente na casa
que pode cantar uma música que tem tudo a ver com isso que vocês estão falando.
Eu estou falando do grande Taiguara! Taiguara se levanta, todos aplaudem muito e o artista
agradece.
Garçom: - Taiguara, por favor, venha ao palco!
Taiguara: - Obrigado, muito obrigado. É uma satisfação enorme estar aqui pra
assistir a esta verdadeira aula de futebol, da História do nosso futebol, da nossa
História, e ainda ouvir lindas músicas que falam do futebol brasileiro. E sem
se esquecer do olhar crítico, como foi ressaltado aqui há pouco, especialmente
pelo João Sem Medo. Então, pra tocar a bola em frente, vou apresentar
“Público”, que gravei no meu disco “Imyra, Tayra, Ipy”, em 1976.
Músico: - Este disco é uma obra-prima!
Taiguara: - Obrigado,
parceiro. Vamos lá!
Fim do Capítulo #30
Episódio originalmente publicado em 24 de agosto de 2022 e republicado totalmente modificado em 19 de março de 2025.
Esta série é uma homenagem especial a João Saldanha e Nelson Rodrigues e também a Mario Filho e muitos dos artistas da música, da literatura, do futebol e de outras áreas da Cultura do nosso tão maltratado país. Saiba mais clicando aqui.
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Meu amigo, antes de tudo muito obrigado pela sua visita e o comentário. Este trabalho, iniciado no fim de 2015, é fruto de muita, muita, muita pesquisa. A base do texto ficou pronta em 2017 ou 18. Mas quando decidi publicá-lo aqui, em capítulos, vou a cada vez que pego um acrescentando informações e músicas com mais pesquisa. É uma forma de contar, cantar e tocar de primeira a História do futebol brasileiro, o slogan do projeto Jogada de Música, ainda infelizmente sem espaço nas telas, nos palcos, nos centros culturais, locais de exposição etc. Mas eu acredito nele e sei que um dia vai vingar. Abração, volte sempre.
Engana-se muito quem imagina ser o futebol atual mais violento do que "antigamente". Sempre houve em campos jogadores maldosos, cruéis, a caçar os mais talentosos com bordoadas e o mais variado repertório de violência. Já houve nos gramados brasileiros (mais esburacados antes do que hoje, muito mais) versões tão ou mais maldosas que Felipe Mello e esse holandês De Jong. Ângelo, meia do Atlético Mineiro na década de 70, bem poderia dizer se ainda vivo fosse. O lance de que foi vítima, na final do Campeonato Brasileiro de 1977 entre Atlético e São Paulo, é uma das mais tristes lembranças ds meus primeiros anos de torcedor de futebol. Junta-se a notícias ainda mais dolorosas, como as mortes do ponta-direita Roberto Batata, do Cruzeiro, e do meia Geraldo, do Flamengo, ambos falecidos no auge de suas promissoras carreiras. Pesquisei muito e consegui achar no youtube as imagens nada belas da entrada violentíssima de Neca no joelho de Ângelo (a título de comparação, a perna do atlet...
Um movimento de clubes interessados no reconhecimento dos títulos da Taça Brasil e da Taça de Prata (Torneio Roberto Gomes Pedrosa) como legítimos campeões brasileiros foi organizado no início de 2010 e eu apoiava, em parte. Friso que o time para o qual torço não seria - como acabou não sendo - beneficiado em nada com isso, o que me fez ficar muito à vontade para opinar. E manter minha posição contrária à decisão da CBF. Para mim, foi exagero da entidade máxima do futebol brasileiro considerar os vencedores da Taça Brasil, que começou em 1959 e foi disputada até 1968, como campeões brasileiros, porque o sistema de disputa era eliminatório, como é desde 1989 o da Copa do Brasil. Portanto, esses clubes (Bahia, Palmeiras duas vezes, Santos cinco vezes, Cruzeiro e Botafogo) deveriam ser reconhecidos como os primeiros campeões da Copa do Brasil. Além disso, a Taça Brasil foi disputada no mesmo ano que a Taça de Prata em 1967 e 68, o que comprova que eram competições distintas. A Taça de Pra...
Uma coisa jogada com música - Capítulo #26 Almir Pernambuquinho , transtornado, na confusão que armou na final do Campeonato Carioca de 1966 Após cantar a Marcha do São Cristóvão , Silvio Caldas sai aplaudido do palco, abraça João Sem Medo, Ceguinho Torcedor, Sobrenatural de Almeida e Idiota da Objetividade e volta à sua mesa. João reinicia o papo. João Sem Medo: - Quarenta anos depois da conquista do São Cristóvão, o Bangu , que já havia sido campeão em 33, na época da divisão entre amadoristas e profissionalistas, derrotou o Flamengo e seus 150 mil torcedores no Maracanã ... Sobrenatural de Almeida: - A final do Campeonato Carioca de 1966 não chegou ao fim...hahaha Garçom: - Foi aquele fuzuê que o Almir Pernambuquinho armou no Maracanã, né? João Sem Medo: - Isso mesmo, Zé Ary. Veja também: Ademir da Guia, o Divino Jogo de Recordação 3: Flamengo x Bangu Músico: - Aquela confusão toda no Maracanã me lembra uma música antiga, o Futebol da Bicharada, de Raul Torre...
Caro Edu, de onde você tira todas essas pitorescas reminiscências? A gente viaja no tempo!
ResponderExcluirMeu amigo, antes de tudo muito obrigado pela sua visita e o comentário. Este trabalho, iniciado no fim de 2015, é fruto de muita, muita, muita pesquisa. A base do texto ficou pronta em 2017 ou 18. Mas quando decidi publicá-lo aqui, em capítulos, vou a cada vez que pego um acrescentando informações e músicas com mais pesquisa. É uma forma de contar, cantar e tocar de primeira a História do futebol brasileiro, o slogan do projeto Jogada de Música, ainda infelizmente sem espaço nas telas, nos palcos, nos centros culturais, locais de exposição etc. Mas eu acredito nele e sei que um dia vai vingar. Abração, volte sempre.
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