UMA COISA JOGADA COM MÚSICA - CAPÍTULO #28
Idiota da Objetividade: - Almir Morais de Albuquerque, o Almir Pernambuquinho, chegou a ser chamado de Pelé Branco, mas acabou sendo conhecido mais pelas confusões em campo do que pelo seu grande futebol.
Todos vibram e aplaudem como se estivessem no Maracanã
naquele momento do jogo.
Veja também:
Idiota da Objetividade: - Almir ganhou muitos títulos
importantes nos vários clubes em que jogou. No Vasco foi campeão em 58 do
Rio-São Paulo e do Carioca; no Santos, a Libertadores e o Mundial de 63, além
das Taças Brasil e o Rio-São Paulo de 63 e 64, mais o Paulista de 64, e no
Flamengo foi campeão carioca de 65.
João Sem Medo: - No dia da sua morte eu estava longe, na Bahia, e até
esqueci do jogo do Flamengo contra o Bahia que ia comentar. Levei um susto com
a notícia. Não sabia dos detalhes, mas uma coisa logo garanti: o Pernambuquinho
estava defendendo o lado mais fraco. E da mesma maneira como sempre fez, de
peito aberto, sem medir consequências, porque estava certo de ter razão. Catimbeiro,
valentão, corajoso, boa gente e bom amigo. Enfim, não sei, mas parece que era
assim mesmo que ele queria morrer.
Almir: - Melhor assim do que covardemente, né, seu João?
João Sem Medo: - Muito melhor!
O estilo de Almir fez Sobrenatural de Almeida se recordar de
outro polêmico e guerreiro atacante, este mais antigo que Almir.
Sobrenatural de Almeida: - Outro grande jogador, também muito
temperamental, foi o Heleno de Freitas.
João Sem Medo: - Meu grande amigo. Jogamos juntos
na praia e no juvenil do Botafogo.
Sobrenatural de
Almeida: - Heleno é
até hoje um dos grandes ídolos do Botafogo, mas só foi campeão no Vasco, em 49.
Ceguinho Torcedor: - O ataque daquele time era
fantástico: Nestor, Ademir Menezes, Heleno, Maneca e Chico.
Idiota da Objetividade: - O Expresso da Vitória, como era
chamado um dos maiores times da História do Vasco.
Veja também:
Garçom: - Heleno ficou de aparecer aqui no bar, vamos ver se aparece. Então, pra
lembrarmos aquela fase gloriosa do Vasco, vamos convidar aqui no palco no Além
da Imaginação, Aracy de Almeida.
Os aplausos logo se sucedem e Aracy, que nem de longe
lembrava aquela mal-humorada jurada dos programas de Silvio Santos, sobe ao
palco.
Aplaudida, Aracy deixa o palco e vai pra sua mesa.
Idiota da Objetividade: - O Expresso da Vitória foi campeão carioca em 1945,
47, 49, 50 e 52, e conquistou o Campeonato Sul-Americano de Clubes, no Chile,
em 48. Com oito jogadores convocados por Flávio Costa, o Vasco foi a base da
seleção brasileira vice-campeã mundial em 50.
Garçom: - Ih, a torcida do Vasco não gosta
muito desta história de vice, não.
Sobrenatural de Almeida (voltando
do banheiro, meio distraído): - Olha, alguns daqueles jogos tiveram a minha
participação efetiva.
Garçom: - Nos vices do Vasco?
Sobrenatural de
Almeida: - Também,
também. Mas falava do Heleno. Eu gostava de provocá-lo também pra ele animar um
pouco mais alguns joguinhos. Era só chamá-lo de Gilda que ele ficava louco da
vida. (ri tenebrosamente)
Veja também:
Idiota da Objetividade: - O polêmico Heleno de Freitas fez
parte da equipe vascaína campeã carioca de 49. É o único título que conquistou
na carreira. Mas Heleno ficou consagrado como ídolo botafoguense. Ele fez um
total de 204 gols em 233 jogos com a camisa do Botafogo. Ainda atuou pelo BocaJuniors, da Argentina; América do Rio; Atlético Júnior Barranquilla, da Colômbia, e
Santos, onde ficou pouquíssimo tempo. Sempre criou muita confusão em campo, adorava
a vida boêmia e, principalmente, as mulheres.
Ceguinho Torcedor: - Dizem que por causa de uma sífilis
mal curada ficou louco e acabou internado num sanatório, em Barbacena, cidade
do seu estado natal, Minas, já que ele era de São João de Nepomuceno.
João Sem Medo: - Esta história prefiro esquecer.
Guardo comigo as boas recordações do meu amigo Heleno.
Sobrenatural de
Almeida: - Heleno de
Freitas era um galã e ganhou o apelido de Gilda, o que o deixava revoltado.hahaha
Ceguinho Torcedor: - Gilda era a personagem encarnada
pela belíssima atriz Rita Hayworth no cinema.
Heleno aparece repentinamente no Bar Além da Imaginação e
todos ficam em suspense. Mas ele, com trajes elegantes da década de 40, amacia
a pelota e faz a criança rolar no gramado.
Heleno: - Este apelido não quer dizer mais nada pra mim. Ou melhor, até ajuda em
alguns casos. O importante é que o lendário Heleno de Freitas ficou guardado na
memória dos amantes do bom e valente futebol. Tanto que recebo ainda hoje
muitas homenagens.
João Sem Medo se levanta e vai abraçar, emocionado, Heleno de
Freitas, que também muito comovido, retribui o carinho do amigo. Todos aplaudem
de pé.
Veja também:
Garçom: - Diante desta cena maravilhosa, só há uma coisa a fazer: homenageá-lo,
grande Heleno de Freitas. Vamos ver no telão imagens e músicas do espetáculo
“Heleno, um homem chamado Gilda”, de Miguel Paiva e Zé Rodrix, que se encontra
ali ao fundo, podem aplaudi-lo também. Com direção de Marcelo Saback, o
espetáculo foi apresentado em 1996 pela Orquestra Brasileira de Sapateado. O
ator Raul Gazolla interpretou Heleno. Vamos ver e ouvir.
Todos fazem silêncio e assistem com atenção.
O público aplaude muito e Heleno, João e Ceguinho comentam
sobre o depoimento de Armando Nogueira e perguntam a Zé Ary pelo grande
jornalista botafoguense.
Garçom: - “Seu” Armando ficou de vir. Uma hora aparece por aí com muita história boa pra contar também.
Fim do Capítulo #28
Episódio originalmente publicado em 10 de agosto de 2022 e republicado totalmente modificado em 05 de março de 2025.
Esta série é uma homenagem especial a João Saldanha e Nelson Rodrigues e também a Mario Filho e muitos dos artistas da música, da literatura, do futebol e de outras áreas da Cultura do nosso tão maltratado país.
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Ótima cena e registro. Show
ResponderExcluirAgradeço muito, mais uma vez, Gilson. Abração, volte sempre.
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