Pode parecer exagero, mas pelo tanto que a música ocupa a minha vida, aquele festival modificou sim muito do que eu escutava e isso começou assim que ele foi anunciado. Em 1984 ainda, eu, amigos, amigos dos amigos e conhecidos nos reunimos no apartamento que eu e meus irmãos morávamos com meus pais para ouvirmos no nosso aparelho de som, LPs das bandas que viriam e outras de roquenrol que eu nem imaginava que existiam.
Aliás, alguns artistas que vieram pro Rock in Rio eu nunca tinha ouvido falar, como Nina Hagen, Go Go's e B 52's, por exemplo. Vi os dois últimos grupos no dia 18 e não gostei. Na verdade só confirmei ao vivo o que já tinha ouvido antes.
E a expectativa foi aumentando, ainda mais depois que comprei os meus ingressos, pros dias 18, 19 e 20 de janeiro. Inexperiente em festivais na época, fui tão afoito à Cidade do Rock e nos dias de mais lamaçal, por causa das chuvas, que acabei, mesmo com 18 para 19 anos de idade, não conseguindo ter forças para ir no último dia e assistir ao show do Yes, a banda que eu mais queria ver.
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Mas ficam na memória, claro, momentos memoráveis, principalmente de Queen, Pepeu e Baby, Whitesnake, Scorpions e AC/DC. E as lembranças de ter ido com meu irmão e amigos naqueles dois dias inesquecíveis. Há 40 anos!
Os ingressos dos dias 18 e 19 de janeiro de 1985 que ainda tenho guardados comigo |
O nascimento do festival
O primeiro Rock in Rio, realizado de 11 a 20 de janeiro de 1985 no Rio de Janeiro, marcou a história dos grandes festivais de música. Idealizado por Roberto Medina, o evento se destacou por sua magnitude e por trazer artistas de renome internacional ao Brasil. Foram dez dias de shows, que atraíram mais de 1,38 milhão de pessoas à "Cidade do Rock".
Os artistas brasileiros
O line-up incluiu bandas e artistas icônicos como Queen, Iron Maiden, AC/DC, e James Taylor. Cada performance foi memorável, mas o show do Queen é frequentemente lembrado como um dos melhores, com Freddie Mercury liderando o público em um coro emocionante durante "Love of My Life". Essa apresentação solidificou o impacto duradouro do festival.
Além das bandas internacionais, o festival também deu destaque aos artistas brasileiros, como Gilberto Gil, Barão Vermelho e Paralamas do Sucesso. A mistura de talentos locais e internacionais ajudou a criar um ambiente único e multicultural. O primeiro Rock in Rio não só trouxe visibilidade para a música brasileira, mas também abriu portas para futuras edições desse e de outros festivais no país.
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A infraestrutura do evento foi um marco à parte. A "Cidade do Rock" tinha uma área de 250 mil metros quadrados, com uma imensa estrutura de palco, som e iluminação nunca antes vista no Brasil. Além disso, foram montadas tendas de alimentação, áreas de descanso e zonas de lazer, proporcionando uma experiência completa para os fãs de música.
A Cidade do Rock ficou lotada em todos os 10 dias de festival. Foto: divulgação/Rock in Rio |
O legado
O impacto do primeiro Rock in Rio foi imenso, não só no cenário musical, mas também cultural. O festival mostrou que o Brasil era capaz de organizar eventos de grande porte, em condições de atrair a atenção mundial. Isso pavimentou o caminho para o país se tornar um destino importante no circuito internacional de shows e eventos culturais.
Depois da primeira edição, o Rock in Rio só voltaria em 1990, no Maracanã, e posteriormente, em 2001, em outro local de Jacarepaguá. A partir da década passada passou a ser realizado com mais frequência, expandindo-se para outras cidades e países, incluindo Lisboa e Madrid.
No entanto, a edição de 1985 permanece na memória como um divisor de águas e um exemplo de como a música pode unir pessoas de diferentes culturas e origens. O legado do Rock in Rio continua vivo, celebrando a música e a diversidade cultural.
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Pra fechar, "Love of my life".
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