O impacto que esta propaganda de TV me causou ainda ecoa em mim, passados mais de 30 anos. Não por acaso, sinto - e recentemente isso vem se repetindo - completa repulsa quando um tirano se aproxima, tangencia ou, muito pior, conquista o poder, ainda mais quando exibe grande popularidade, democraticamente ou não.
Ecos dos passados remotos e recentes. Em tempos orwellianos, em que a História é reescrita com muitas mentiras disfarçadas de verdade ou, ainda mais grave, quando a evidência mais do que comprovada é negada; em tempos de terraplanistas em pleno Século XXI, relembrar esta propaganda que está no vídeo lá embaixo creio ser de grande importância.
Sem entrar em juízo de valor do produto em si, ao qual tenho cá minhas muitas críticas, mas também elogios, o texto fundamenta a ética jornalística, algo que uma parte nada pequena de veículos e comunicadores, de direita, de esquerda e de centrão sanguessuga, desconhece completamente.
Não existe imparcialidade, isto é de uma obviedade rodrigueana, porém, jamais se deve esquecer a responsabilidade de informar corretamente e opinar com base nos fatos e não nos delírios e desejos, nem os mais sublimes, quanto menos os mais funestos.
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Nos 25 anos em que trabalhei como jornalista e tive o privilégio de conhecer grandes colegas, mais velhos, da minha geração e mais novos, tive em mente sempre a importância de agir corretamente, mesmo quando emitia alguma visão particular. Que no fundo é o que sempre há, a visão particular do repórter, do redator ou do editor que escreve. Já o que se publica muitas vezes depende muito da linha editorial (leia-se, comercial e política) do veículo.
Fui apenas mediano como repórter e bom na retaguarda, tanto como redator, quanto como editor (ou sub), mas a ética sempre latejou em minha cabeça e ritmou o meu coração enquanto jornalista. O que não evitou que cometesse erros. Imagine quem se pauta pelas mentiras disfarçadas ou não que justifiquem seus desejos e delírios.
Para quem nunca viu, para quem não se recorda ou mesmo para quem (público leitor ou jornalista/comunicador) se lembra bem, vale muito prestar atenção no vídeo abaixo. Em tempos como os que estamos vivendo, a notícia, a informação, o comentário, a orientação, em suma a Educação, pois tudo se origina dela, são fundamentais, muito mais importantes do que nos raros momentos amenos que nos são permitidos neste país.
Por fim, antes do vídeo com a propaganda, Millor Fernandes, sobre tudo - e um pouco mais - do que foi escrito acima: "Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados".
Não sabia da internação dele por 5 meses, ainda em boa idade, morre um gênio da comunicação, sem dúvida! Essa campanha institucional da Folha é histórica! A última frase é a mentira dita como verdade. Triste pela partida prematura do melhor publicitário do Brasil. 🥲
ResponderExcluirTambém não sabia, minha amiga. Washington Olivetto era fantástico, um gênio. O Pelé da propaganda, como alguém disse. Não aparecerá outro igual. Obrigado mais uma vez pela visita e o comentário. Volte sempre. Bjs.
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