segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

PAULO SOUSA COMEÇA ONDE JORGE JESUS TERMINOU: PELA RASTEIRA

Jorge Jesus. Foto: divulgação
Sem querer entrar no mérito de quem era o treinador ideal para assumir o lugar do praieiro Renato Gaúcho no comando técnico do futebol rubro-negro, vejo com maus olhos a chegada de Paulo Sousa ao Flamengo. E pelo mesmo motivo que não desejava a volta de Jorge Jesus, embora como flamenguista tenha muito a agradecê-lo. A palavra para sintetizar o motivo deste texto é um artigo cada vez mais raro em nossa gigantesca terra natal e, pelo visto, ao menos entre técnicos de futebol, na terrinha também: ética.

Jorge Jesus deixou o Flamengo a ver navios quando acabara de renovar seu contrato com o clube, em meados de 2020, para assumir o Benfica. Nada demais escolher seu caminho profissional, mas há de se ter um mínimo de compromisso e respeito por aqueles que o louvaram merecidamente por todo trabalho feito e as conquistas levantadas com a ajuda primordial dos jogadores. Rescindiu o contrato novinho em folha, deu às costas ao Flamengo e voltou para sua terra para ser, algum tempo depois, vaiado e xingado pelos benfiquistas. Quer saber? Bem feito.

Parece que agora, fazendo o jogo do gato e rato, não disse sim, nem não para a rasteira que pretendiam dar nos dirigentes do Benfica os rubro-negros (entre eles um vereador carioca eleito no oba-oba de 2019 que parece pouco afeito ao trabalho na Câmara. Isso seria outro papo, caso o tema em campo fosse outro por aqui) . E, pelo que foi noticiado, JJ ficou amuado quando soube que o Flamengo decidiu não esperar por sua decisão e escolheu voltar da viagem a Portugal com o ex-meia da Juve de Turim, a Velha Senhora. Quer saber? Bem feito, mais uma vez.

Paulo Sousa. Foto: divulgação
Por outro lado, para acertar com o Flamengo, o que fez Paulo Sousa? Deu uma senhora rasteira nos poloneses, abandonando o barco em pleno movimento em direção à repescagem para a Copa no Catar contra os russos. E isso depois de direcioná-lo para uma tormenta na Eurocopa, quando a nau polonesa de Lewandowski afundou logo na primeira fase da competição, ficando em último lugar em seu grupo. Os dirigentes da Federação Polonesa  mantiveram o timoneiro, mas com a grana do novo rico carioca, deu adeus sem mais, nem menos. "Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar..." poderia até cantarolar, caso conheça o belo samba de Paulinho da Viola e Hermínio Belo de Carvalho. Já se sabe que deixou Lewa, Boniek, que o contratou, e o atual presidente da Federação polonesa decepcionados, para dizer o mínimo. E chamado de desertor por um jornal local, não deve ter deixado muitos amigos no país. Até porque não tinha nenhum polonês em sua comissão técnica. Vai ser difícil quando tiver de voltar lá. Quando ocorrer, será bem feito.

Agora que se cuidem os dirigentes cariocas metidos a malandros, que já deram demonstrações de passa-perna na ética algumas vezes, porque se Paulo Sousa fez isso com a seleção polonesa - e pelo visto tinha já deixado o Bordeaux no meio da rota - não será surpresa se aprontar o mesmo com o Flamengo. Quer saber? Vou lamentar muito, sou flamenguista e torço pelo sucesso do time, mas mal feito não será. Bem feito é que será. Ah, será.

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2 comentários:

  1. Não acompanhei esse imbróglio, mas confesso que nada disso me surpreende. Na verdade, não espero nada muito ético no universo do futebol.

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    1. O futebol é mesmo um microcosmo do nosso cotidiano, meu amigo. Muito obrigado, mais uma vez, pela sua visita e o comentário. Abração

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